Música e Autismo: uma linguagem de
comunicação com a realidade
Por Álvaro Siviero – Música e Ciência
– O Estado de S. Paulo – 22fev12
Durante o carnaval debrucei-me sobre
filmes que abordam, direta ou indiretamente, o tema do autismo. Desde a
impecável interpretação de Dustin Hoffman em Rain Man ou Bruce
Willis na trama Código para o Inferno, a temática também é abordada
em sucessos menores como o tocante Meu filho, meu mundo. Em todos
eles, é impossível não se envolver com as refinadas e especiais capacidades
apresentadas pelos personagens considerados “não normais” pelo mundo atual. Big
mistake. Fica a pergunta: por que o mundo atual, esvaziado de parâmetros, se
julga autoridade moral para definir o conceito de “normalidade”? Deliciei-me,
especialmente, na comédia romântica Loucos de amor (em
inglês Mozart and the Whale). Inspirada na vida de duas pessoas com
a Síndrome de Asperger, uma forma de autismo, a vida dos protagonistas – e o
coração – ficam de cabeça para baixo quando a paixão surge.
Falo disso, pois é intrigante saber
que a música, minha profissão, é canal de facilitação e promoção no
entendimento destas manifestações autistas. A Musicoterapia promove a
comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão, organização,
entre muitos outros aspectos, da pessoa humana, indo ao encontro de suas
necessidades físicas, mentais, sociais ou cognitivas. Qualquer pessoa pode ser
tratada com musicoterapia. Por ser técnica de aproximação, reduz problemas
emocionais ou atitudes que demandariam grandes doses de energia psíquica. É um
canal universal de comunicação com o mundo que utiliza como elemento principal
a única e verdadeira linguagem universal existente: a música.
Estudiosos afirmam ser a música a
única ponte de comunicação possível aos portadores deste tipo de comportamento
(1. A musicoterapia no tratamento de crianças com
perturbação do espectro do autismo –
Marisa do Carmo Prim Padilha; 2. Adolescência e autismo: a musicoterapia como
auxiliar na diminuição das dificuldades -
Fernanda Valentim e Leomara Craveiro de Sá. Pessoalmente, tive a oportunidade
de travar contato com esta realidade através da ONG Autismo&Realidade (http://www.autismoerealidade.org/), fundada no dia 09 de julho de 2010, através do
casal Paula Balducci de Oliveira e Hermelindo Ruete de Oliveira. “É minha
própria vida”, afirma Paula. “Sou uma pessoa abençoada por Deus e neste
trabalho de voluntariado encontrei a forma de devolver à sociedade o que
recebi”. O entusiasmo e determinação dos entrevistados acabou contagiando toda
a família. “A causa é da família”, afirma o casal cuja filha Júlia, estudante
de pós-graduação em produção cultural, caminha com esta realidade.
Que
o poder da música una-se, sempre, a iniciativas como essa. E que muitas pessoas
se utilizem da música para crescimento. Vale conferir!
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