Ally e Ryan

Ally e Ryan

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Feliz ano novo

descrição da imagem: meus netos sentados no colo do Papai Noel

Descrição da imagem: Ally e Ryan, meus netos tomando sorvete (setembro, EUA)
Sinto muito falta dos meus netos, mas eles têm a vida deles e moram muito longe. Olhando assim nossas crianças percebemos o quanto é importante renovar a esperança para que o mundo seja cada vez melhor. Desejo a todos, felicidades e conquistas, e que a Esperança do poeta Mário Quintana seja nosso foco de amor e alegria:


Esperança
Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Filme e livro contam a história do movimento político das pessoas com deficiência

O projeto tem por objetivo sistematizar e criar um acervo do movimento da luta pelos direitos das pessoas com deficiência, com o intuito de resgatar e preservar sua história


A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), por intermédio da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (SNPD), lançou, no dia 20 de dezembro, no Museu da República, em Brasília, o filme-documentário “História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência”.

O projeto, que também teve apoio da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), tem por objetivo sistematizar e criar um acervo do movimento da luta pelos direitos das pessoas com deficiência, com o intuito de resgatar e preservar sua história.

O filme foi lançado em português, espanhol e inglês e conta com audiodescrição e legenda nas três línguas, além de janela com intérprete de Libras.

A partir de uma pesquisa e levantamento em âmbito nacional, foram escolhidas lideranças que participaram tanto do surgimento quanto da consolidação do movimento – pessoas com deficiência física, intelectual, visual, auditiva, múltipla e especialistas. Entrevistas, fotos, atas, convites, selos comemorativos, encartes, reportagens, tudo está registrado no livro e no filme-documentário, a partir de várias referências históricas a iniciativas, desde o Império até os dias atuais.

Tanto o filme-documentário, quanto a publicação de mesmo nome, lançada no último dia 13 de dezembro em evento no Palácio do Planalto, integram o projeto de cooperação técnica entitulado “Fortalecimento da Organização do Movimento Social das Pessoas com Deficiência no Brasil e Divulgação de suas Conquistas”, que tem por objetivo contar a história das pessoas com deficiência, com ênfase no aspecto político, particularmente no contexto da abertura política no final da década de 1970 e da organização dos novos movimentos sociais no Brasil.

Veja o livro clicando no link: http://www.adiron.com.br/site/uploads/File/Movimento%281%29.pdf ou

http://www.direitoshumanos.gov.br/pessoas-com-deficiencia-1/publicacoes/ultimas-publicacoes

Fonte: Secretaria de Direitos Humanos

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Envelhecimento em Pessoas com Deficiência Física - Parte 2

Dando continuidade ao artigo "Envelhecimento em Pessoas com Deficiência Física", das psicólogas Marinéia Crosara de Resende* e Anita Liberalesso Neri**, veja hoje, a segunda parte deste interessante artigo. Texto extraído do site Bengala Legal.

Perspectiva de Velhice Pessoal e Velhice Bem-Sucedida

O significado da velhice é construído a partir da percepção pessoal, por intermédio dos valores e experiências, crenças e atitudes que cada um internaliza, e também a partir da história interacional do indivíduo com eventos contextuais de natureza reforçadora, avaliativa e diretiva (Neri, 1991).

Por ser construído socialmente, o envelhecimento adquire significados diferentes, relacionados ao gênero, à etnia, à cultura e às condições específicas de cada indivíduo. Apesar da variabilidade, o significado de envelhecer foi compartilhado entre pessoas da cultura ocidental, e este fato pode influenciar as percepções individuais de envelhecimento ao longo do tempo (Levy, 2003, citado porHarrison, 2004).

O envelhecimento é um processo adaptativo que depende da interação de fatores genéticos, biológicos e socioculturais.

As atitudes em relação à velhice refletem os conhecimentos do senso comum e os conhecimentos científicos disponíveis sobre essa fase da vida humana. Até os anos 1960, entre leigos e profissionais, predominava um ponto de vista essencialmente negativo sobre a velhice, porém sempre existiram expectativas de controlar os efeitos deletérios da velhice, de estender a vida e prolongar a juventude.

Tais expectativas ganharam destaque na ciência e nas sociedades quando o envelhecimento populacional e a possibilidade de envelhecer bem se tornaram nítidas realidades em muitos países. Desde então, vem crescendo o número de indivíduos e sociedades que investem numa velhice saudável ou que, pelo menos, reconhecem a necessidade de fazê-lo (Resende, 2001).

Houve uma evolução nas atitudes encontradas em pesquisas nos últimos 50 anos. Neri, Cachioni e Resende (2002) observam que, de maneira geral, nas pesquisas apresentadas, os adultos maduros e os idosos mostram atitudes e crenças mais positivas em relação à velhice. Indivíduos não idosos apresentaram expectativas muito positivas quanto a se manterem ativos, produtivos e valorizados na velhice, e todos os idosos e não idosos mostraram atitudes mais negativas em relação aos aspectos que definem agência humana, funcionalidade cognitiva e inserção social.

Segundo essas autoras, os dados relatados contrariam o senso comum segundo o qual predominam atitudes negativas em relação aos idosos e ao envelhecimento na sociedade brasileira. Sugerem que há muitas possibilidades quando se trata das cognições, dos sentimentos e das experiências diretas de envelhecimento, e que as atitudes e crenças de homens e mulheres em diversas faixas de idade e em diferentes níveis de ocupação e escolaridade refletem essa variabilidade.

A preponderância de estereótipos negativos sobre o envelhecimento na sociedade não garante, automaticamente, a interiorização destes estereótipos, nem de autopercepções negativas sobre o envelhecimento. Dentro da categoria de velhos, subgrupos podem ter diferentes exposições aos estereótipos do envelhecimento. Como um exemplo, indivíduos mais velhos com surdez descreveram atitudes mais positivas em relação ao envelhecimento do que indivíduos sem incapacidade auditiva (Levy & Langer, 1994).

Resende (2001) estudou 242 pessoas com deficiência física que tinham entre 24 e 39 anos de idade. Foram investigadas as atitudes em relação aos idosos, às pessoas com deficiência física e à própria velhice. A análise estatística mostrou superioridade de atitudes positivas e de atitudes moderadas ou pouco negativas em relação aos três objetos. Em relação aos idosos, as atitudes mais positivas foram: das mulheres, dos sujeitos de baixo nível de escolaridade e das pessoas com deficiências congênitas; e as atitudes mais negativas foram as dos sujeitos com nível mais alto de dependência. Atitudes negativas predominaram nos domínios da escala definidos como agência, cognição e relações sociais.

No tocante às pessoas com deficiência física, as atitudes mais positivas foram das mulheres, dos divorciados e dos que conviviam com a deficiência havia mais de 30 anos. Foram encontradas atitudes negativas entre dependência física e atitudes negativas em relação a pessoas com deficiência física. As atitudes em relação à própria velhice foram mais positivas do que as relativas aos idosos. Quanto mais positivas as atitudes em relação às pessoas com deficiência, mais positivas as atitudes em relação aos idosos. Segundo Resende (2001), os resultados indicam a presença de elementos autoprotetores e de processos adaptativos mediados por mecanismos de comparação social. Além disso, sugerem o controle por conhecimentos socialmente compartilhados sobre a natureza e a sequência das mudanças evolutivas (Resende & Neri, 2005).

Compreensão do Processo de Envelhecimento Psicológico
Esta pesquisa pretendeu contribuir para a compreensão do processo do envelhecimento psicológico de adultos com deficiência física, congênita ou adquirida. Considerando-se os resultados de pesquisa anterior (Resende, 2001), parece importante perguntar:

As pessoas com deficiência física apresentam desenvolvimento pessoal positivo e uma perspectiva positiva de envelhecimento? - ou seja, será que adultos com deficiência física estão envelhecendo bem, com ajustamento psicológico?

Neste sentido, a pesquisa teve os seguintes objetivos:
A) descrever as autopercepções de pessoas com deficiência física, quanto ao próprio ajustamento psicológico, ajustamento esse indicado por medidas de autonomia, domínio, autoaceitação, crescimento pessoal, propósito, relações positivas com os outros e geratividade;
B) verificar sua perspectiva de velhice pessoal;
C) caracterizar relações entre o senso de ajustamento psicológico e a perspectiva de velhice pessoal.

MÉTODO
Participantes
Esta pesquisa foi realizada com uma amostra intencional e sistemática retirada do universo da Associação dos Paraplégicos de Uberlândia (69 pessoas) e do Programa de Atendimento à Pessoa com Deficiência, da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia (21 pessoas). Os critérios de inclusão para participação na pesquisa foram:
ter idade acima de 25 anos; ter deficiência física e utilizar auxílio ortopédico (cadeira de rodas, muleta, órtese ou andador) para realizar as atividades básicas e instrumentais de vida diária; ser alfabetizado; não apresentar deficiência mental ou comprometimento cognitivo; comparecer aos serviços das instituições nos meses de julho a outubro de 2005.

Participaram 90 pessoas, de ambos os sexos, com idade entre 25 e 84 anos . Os participantes eram adultos jovens (45,5%) ou adultos de meia-idade (44,4%), 56,7% dos quais do sexo masculino; 42,2% eram solteiros e 40% casados; 33,3% tinham escolaridade correspondente ao ensino básico e 31,3% ao ensino médio; 58,9% não trabalhavam; 62,2% eram aposentados e, entre estes, 85,2% o eram por invalidez.

A maioria reconhecia possuir uma deficiência (92,2%); 55,6% acreditavam que o grau de sua deficiência era moderado e o restante da amostra dividiu-se entre a avaliação de que a deficiência que tinham era grave ou leve; 93,3% tinham deficiência física adquirida, 51,8% dos quais por doença, 39,8% por acidentes, 8,4% outros motivos. A deficiência foi adquirida na infância (42,1%) ou na vida adulta jovem (28,4%), entre 20 e 40 anos. Para realizar as atividades básicas da vida diária, a maioria dos participantes (94,4%) relatou contar com a ajuda de outras pessoas, 65% das quais eram da família; 67,0% não apresentavam nenhuma doença crônica, mas as pessoas com doenças crônicas eram mais velhas do que as que não as tinham (p<0,05).

Procedimentos
Foram feitas entrevistas por pessoal treinado, nas instituições frequentadas pelos participantes, em dias de seu comparecimento para atividades terapêuticas ou de lazer, a partir de um protocolo que levantou os seguintes dados de autorrelato:

A) ficha de informações sociodemográficas, contendo dados de identificação;
B) ficha de informações sobre a deficiência física, contendo dados sobre a deficiência, nome e origem (congênita ou adquirida); se adquirida, idade e motivo da aquisição da deficiência; utilização de auxílio ortopédico e de outros tipos de apoio;
C) Inventário Sheppard de Atitudes em Relação à Velhice Pessoal (Neri, 1991), que avalia atitudes em relação à velhice por meio de 20 afirmações, cujas respostas devem ser dadas numa escala Likert de quatro pontos ("discordo muitíssimo" a "concordo muitíssimo");
D) Escala de Desenvolvimento Pessoal (Queroz & Neri, 2005), que consiste em 30 itens, cujas respostas devem ser dadas numa escala de cinco pontos ("pouquíssimo" a "muitíssimo"):
18 itens referem-se aos domínios relações positivas com outros, autonomia, propósito de vida, crescimento pessoal, autoaceitação, domínio sobre o ambiente, extraídas do modelo de Ryff (1989), e 12, ao conceito de geratividade e suas dimensões criar, manter e oferecer, estas referenciadas à teoria de Erikson (1950) e ao modelo de McAdams e St Aubin (1992) (α=0,901).

*Marineia Crosara de Resende
Psicóloga, Professora Adjunto Nível 1 da Universidade Federal de Uberlândia.
Endereço para correspondência. Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Psicologia.
Av. Pará, 1720, Campus Umuarama, CEP 38405-382, Uberlândia-MG, Brasil.
E-mail: marineiaresende@gmail.com

**Anita Liberalesso Neri.
Psicóloga, Livre-docente.
Professora Titular vinculada ao Programa de Pós-graduação em Gerontologia.
Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas-Unicamp.

Fonte: http://www.deficienteciente.com.br

domingo, 26 de dezembro de 2010

Seminário Inclusão da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida na Educação para o Trânsito - fotos

O seminário aconteceu no último dia 3 de dezembro. Foi um momento mágico e no mesmo dia lançamos o curso no modalidade a distância e a primeira turma foi muito especial. Marcou minha vida.


Descrição da imagem: painel com o nome do seminário

Descrição da imagem: Lia Crespo começando sua palestra, ao fundo uma tela projetando Pressupostos da Educação Inclusiva.
Descrição da imagem: acabei de dar minha palestra e estou recebendo um brinde; meu amigo Roberto conduz a cadeira.

Descrição da imagem: estou começando minha palestra, ao fundo, a tela projeta a imagem da Flávia Vital.

Descrição da imagem: atrás de uma mesa, continuo na palestra.

Descrição da imagem: a plateia, e uma pessoa especial, meu filho José Luiz, de camisa vermelha, o terceiro na poltrona.

Descrição da imagem: Diretoria da CET

Descrição da imagem: palestrante sendo projetado no fundo da tela, São Paulo - de todas as raças e de todas as cores.

Descrição: mais palestras...

Descrição da imagem: Lia Crespo

Descrição da imagem: minha amiga Elisa Prado, arquiteta especializada em acessibilidade.

Descrição da imagem: Paula, no primeiro plano comanda uma dinâmica.

Descrição da imagem: minha amiga Cláudia Cotes, midia inclusiva. Ela emociona.

Descrição da imagem: parte da plateia, no primeiro plano de terno, meu gerente, Branco.

Descrição da imagem: Deisy Paula, apresentando o curso. Ela é minha anjinha, amo você.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Aviso aos meus amigos e amigas

Descrição da imagem: meus netos, Ally e Gabriel brincando na piscina, em setembro nos EUA.

Meus amigos e minhas amigas, entramos nas duas semanas de festas, portanto, não vou postar artigos novos, que voltarão dia 4 de janeiro de 2011. Até lá pretendo postar notícias, novidades, porém, não diariamente.

Agradeço a atenção durante o ano e aproveito para deixar a todos um feliz natal e bom ano novo.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Terminologia sobre deficiência na era da inclusão - Parte 6


"Terminologia sobre Deficiência na Era da Inclusão" de Romeu Kazumi Sassaki

50. retardo mental, retardamento mental
TERMOS CORRETOS: deficiência intelectual. São pejorativos os termos retardado mental, mongolóide, mongol, pessoa com retardo mental, portador de retardamento mental,portador de mongolismo etc.
Tornaram-se obsoletos, desde 1968, os termos: deficiência mental dependente (ou custodial), deficiência mental treinável (ou adestrável), deficiência mental educável. Ver os itens 12 e 35.

51. sala de aula normal
TERMO CORRETO: sala de aula comum. Quando todas as escolas forem inclusivas, bastará o termo sala de aula sem adjetivá-lo. Ver os itens 7 e 25.

52. sistema inventado por Braile
GRAFIA CORRETA: sistema inventado por Braille. O nome Braille (de Louis Braille, inventor do sistema de escrita e impressão para cegos) se escreve com dois l (éles). Braille nasceu em 1809 e morreu aos 43 anos de idade. Ver os itens 34, 53 e 58.

53. sistema Braille
GRAFIA CORRETA: sistema braile. Conforme MARTINS (1990), grafa-se Braille somente quando se referir ao educador Louis Braille. Por ex.: ‘A casa onde Braille passou a infância (...)’. Nos demais casos, devemos grafar: [a] braile (máquina braile, relógio braile, dispositivo eletrônico braile, sistema braile, biblioteca braile etc.) ou [b] em braile(escrita em braile, cardápio em braile, placa metálica em braile, livro em braile, jornal embraile, texto em braile etc.). NOTA: Em 10/7/05, a Comissão Brasileira do Braille (CBB) recomendou a grafia “braille”, com “b” minúsculo e dois “l” (éles), respeitando a forma original francesa, internacionalmente empregada (DUTRA, 2005), exceto quando nos referirmos ao educador Louis Braille. Ver os itens 34, 52 e 58.

54. “sofreu um acidente e ficou incapacitado”
FRASE CORRETA: “teve um acidente e ficou deficiente”. A palavra sofrer coloca apessoa em situação de vítima e, por isso, provoca sentimentos de piedade.

55. surdez-cegueira
GRAFIA CORRETA: surdocegueira. No que se refere à comunicação das (e com) pessoas surdocegas, existem a libras tátil (libras na palma das mãos) ou o tadoma (pessoa surdocega coloca sua mão no rosto do interlocutor, com o polegar tocando suavemente o lábio inferior e os outros dedos pressionando levemente as cordas vocais). O método tadoma foi utilizado pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1926, quando Sophia Alcorn conseguiu comunicar-se com os surdocegos Tad e Oma, nomes que deram origemà palavra “tadoma”. Ver o item 22.

56. surdinho
TERMOS CORRETOS: surdo; pessoa surda; pessoa com deficiência auditiva. O diminutivo surdinho denota que o surdo não é tido como uma pessoa completa. Os próprios cegos gostam de ser chamados cegos e os surdos de surdos, embora eles não descartem os termos pessoas cegas e pessoas surdas. Ver os itens 36, 46 e 57.

57. surdo-mudo
GRAFIAS CORRETAS: surdo; pessoa surda; pessoa com deficiência auditiva. Quando se refere ao surdo, a palavra mudo não corresponde à realidade dessa pessoa. Ver os itens36, 46 e 56.

58. texto (ou escrita, livro, jornal, cardápio, placa metálica) em Braille
GRAFIAS CORRETAS: texto em braile; escrita em braile; livro em braile; jornal embraile; cardápio em braile; placa metálica em braile. Consultar DUTRA (2005). Ver NOTA no item 53.

59. visão sub-normal
GRAFIA CORRETA: visão subnormal. TERMO CORRETO: baixa visão. Existem quatro condições de deficiência visual: 1. cegueira (acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica); 2. baixa visão (acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica); 3. casos cuja somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; 4. ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores, de acordo com o Decreto nº 5.296, de2/12/04, arts. 5º e 70 (BRASIL, 2004). Ver o item 6

SASSAKI, Romeu Kazumi. Consultor de inclusão social e autor dos livros Inclusão: Construindo uma Sociedade para Todos (5.ed.,Rio de Janeiro: WVA, 2003) e Inclusão no Lazer e Turismo: em busca da qualidade de vida (SãoPaulo, Áurea 2003).

SASSAKI, Romeu Kazumi. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. Revista Nacional de Reabilitação, São Paulo, ano 5, n. 24, jan./fev. 2002, p. 6-9

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Terminologia sobre deficiência na era da inclusão - Parte 5


"Terminologia sobre Deficiência na Era da Inclusão" de Romeu Kazumi Sassaki

40. o paralisado cerebral (ou a pessoa paralisada cerebral)
TERMO CORRETO: a pessoa com paralisia cerebral. Evite “o paralisado cerebral”,“a pessoa paralisada cerebral” e suas flexões em gênero e número.

41. “paralisia cerebral é uma doença”
FRASE CORRETA: “paralisia cerebral é uma condição” Muitas pessoas confundem doença com deficiência.

42. pessoa normal
TERMO CORRETO: pessoa sem deficiência; pessoa não-deficiente. A normalidade,em relação a pessoas, é um conceito questionável e ultrapassado.

43. pessoa presa [confinada, condenada] a uma cadeira de rodas
TERMOS CORRETOS: pessoa em cadeira de rodas; pessoa que anda em cadeira de rodas; pessoa que usa cadeira de rodas. Os termos presa, confinada e condenada provocam sentimentos de piedade. No contexto coloquial, é correto o uso dos termos cadeirante e chumbado.

44. pessoas ditas deficientes
TERMO CORRETO: pessoas com deficiência. A palavra ditas, neste caso, funciona como eufemismo para negar ou suavizar a deficiência, o que é preconceituoso.

45. pessoas ditas normais
TERMOS CORRETOS: pessoas sem deficiência ; pessoas não-deficientes. Neste caso, o termo ditas é utilizado para contestar a normalidade das pessoas, o que se torna redundante nos dias de hoje.

46. pessoa surda -muda
GRAFIAS CORRETAS: pessoa surda ou, dependendo do caso, pessoa com deficiência auditiva. Quando se refere ao surdo, a palavra mudo não corresponde à realidade dessa pessoa. Diferencia-se entre deficiência auditiva parcial (perda de 41 decibéis) e deficiência auditiva total (ou surdez, cuja perda é superior a 41 decibéis), perdas essas aferidas por audiograma nas freqüências de 500Hz, 2.000Hz e 3.000Hz, segundo o Decreto nº 5.296, de2/12/05, arts. 5º e 70 Ver os itens 36, 56 e 57.

47. portador de deficiência
TERMO CORRETO: pessoa com deficiência. No Brasil, tornou-se bastante popular,acentuadamente entre 1986 e 1996, o uso do termo portador de deficiência (e suas flexõesno feminino e no plural). Pessoas com deficiência vêm ponderando que elas não portam deficiência; que a deficiência que elas têm não é como coisas que às vezes portamos e às vezes não portamos (por exemplo, um documento de identidade, um guarda-chuva). O termo preferido passou a ser pessoa com deficiência. Aprovados após debate mundial, os termos “pessoa com deficiência” e “pessoas com deficiência” são utilizados no texto da Convenção Internacional de Proteção e Promoção dos Direitos e da Dignidade das Pessoas com Deficiência, em fase final de elaboração pelo Comitê Especial da ONU. Ver os itens 2 e 48.

48. PPD’s
GRAFIA CORRETA: PPDs. Não se usa apóstrofo para designar o plural de siglas. A mesma regra vale para siglas como ONGs (e não ONG’s). No Brasil, tornou-se bastante popular, acentuadamente entre 1986 e 1996, o uso do termo pessoas portadoras de deficiência. Hoje, o termo preferido passou a ser pessoas com deficiência, motivando o desuso da sigla PPDs. Devemos evitar o uso de siglas em seres humanos. Mas, torna-se necessário usar siglas em circunstâncias pontuais, como em gráficos, quadros, colunas estreitas, manchetes de matérias jornalísticas etc. Nestes casos, a sigla recomendada é PcD, significando “pessoa com deficiência”, ou PcDs para “pessoas com deficiência”.Esta construção é a mesma que está sendo um consenso atualmente em âmbito mundial. Em espanhol: PcD (persona con discapacidad), tanto no singular como no plural, sem necessidade do “s” após PcD. Em inglês: PwD, também invariável em número (personwith a disability, persons with disabilities, people with disabilities). Ver os itens 2 e 47

49. quadriplegia; quadriparesia
TERMOS CORRETOS: tetraplegia; tetraparesia. No Brasil, o elemento morfológico tetra tornou-se mais utilizado que o quadri. Ao se referir à pessoa, prefira o termo pessoa com tetraplegia (ou tetraparesia) no lugar de o tetraplégico ou o tetraparético.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Terminologia sobre deficiência na era da inclusão - Parte 4


"Terminologia sobre Deficiência na Era da Inclusão" de Romeu Kazumi Sassaki

30. lepra; leproso; doente de lepra
TERMOS CORRETOS: hanseníase; pessoa com hanseníase; doente de hanseníase. Prefira o termo as pessoas com hanseníase ao termo os hansenianos. A lei federal nº 9.010,de 29/3/95, proíbe a utilização da palavra lepra e seus derivados, na linguagem empregada nos documentos oficiais.
Alguns dos termos derivados e suas respectivas versões oficiais são: “leprologia (hansenologia), leprologista (hansenologista), leprosário ou leprocômio (hospital dedermatologia), lepra lepromatosa (hanseníase virchoviana), lepra tuberculóide (hanseníase tuberculóide),lepra dimorfa (hanseníase dimorfa), lepromina (antígeno de Mitsuda), lepra indeterminada (hanseníase indeterminada)”.
A palavra hanseníase deve ser pronunciada com o h mudo [como em haras,haste, harpa]. Mas, pronuncia-se o nome Hansen (do médico e botânico norueguês Armauer Gerhard Hansen) com o h aspirado.

31. LIBRAS - Linguagem Brasileira de Sinais
GRAFIA CORRETA: Libras. TERMO CORRETO: Língua de sinais brasileira. Trata-se de uma língua e não de uma linguagem. Segundo CAPOVILLA [comunicação pessoal],“Língua de Sinais Brasileira é preferível a Língua Brasileira de Sinais por uma série imensa de razões. Umadas mais importantes é que Língua de Sinais é uma unidade, que se refere a uma modalidade lingüística quiroarticulatória-visual e não oroarticulatória-auditiva. Assim, há Língua de Sinais Brasileira. porque é a língua de sinais desenvolvida e empregada pela comunidade surda brasileira. Não existe uma Língua Brasileira, de sinais ou falada”. Ver os itens 28,32 e 33.

32. língua dos sinais
TERMO CORRETO: língua de sinais. Trata-se de uma língua viva e, por isso, novos sinais sempre surgirão. A quantidade total de sinais não pode ser definitiva. Ver os itens28, 31 e 33.

33. linguagem de sinais
TERMO CORRETO: língua de sinais. A comunicação sinalizada dos e com os surdos constitui um língua e não uma linguagem. Já a comunicação por gestos, envolvendo ou não pessoas surdas, constitui uma linguagem gestual. Uma outra aplicação do conceito de linguagem se refere ao que as posturas e atitudes humanas comunicam não-verbalmente,conhecido como a linguagem corporal. Ver os itens 28, 31 e 32.

34. Louis Braile
GRAFIA CORRETA: Louis Braille. O criador do sistema de escrita e impressão para cegos foi o educador francês Louis Braille (1809-1852), que era cego. Ver os itens 52 e 53.

35. mongolóide; mongol
TERMOS CORRETOS: pessoa com síndrome de Down, criança com Down, uma criança Down. As palavras mongol e mongolóide refletem o preconceito racial da comunidade científica do século 19. Em 1959, os franceses descobriram que a síndrome de Down era um acidente genético. O termo Down vem de John Langdon Down, nome do médico inglês que identificou a síndrome em 1866. “A síndrome de Down é uma das anomalias cromossômicas mais freqüentes encontradas e, apesar disso, continua envolvida em idéias errôneas... Um dos momentos mais importantes no processo de adaptação da família que tem uma criança com síndrome de Down é aquele em que o diagnóstico é comunicado aos pais, pois esse momento pode ter grande influência em sua reação posterior.”. Ver os itens 12 e 50.

36. mudinho
Quando se refere ao surdo, a palavra mudo não corresponde à realidade dessa pessoa. O diminutivo mudinho denota que o surdo não é tido como uma pessoa completa.
TERMOS CORRETOS: surdo; pessoa surda; pessoa com deficiência auditiva. Há casos de pessoasque ouvem (portanto, não são surdas) mas têm um distúrbio da fala (ou deficiência da fala) e, em decorrência disso, não falam. Ver os itens 46, 56 e 57.

37. necessidades educativas especiais
TERMO CORRETO: necessidades educacionais especiais. “A palavra educativo significa algo que educa. Ora, necessidades não educam; elas são educacionais, ou seja, concernentes à educação”(SASSAKI, 1999). O termo necessidades educacionais especiais foi adotado pelo Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Básica (Resolução nº 2, de 11-9-01, com base no Parecer CNE/CEB nº 17/2001, homologado pelo MEC em 15-8-01). Esta Resolução, durante o ano de 2005, está sendo reformulada pelo CNE.

38. o epilético (ou a pessoa epilética)
TERMOS CORRETOS: a pessoa com epilepsia, a pessoa que tem epilepsia. Evite “o epilético”, “a pessoa epilética” e suas flexões em gênero e número.

39. o incapacitado (ou a pessoa incapacitada)
TERMO CORRETO : a pessoa com deficiência. A palavra incapacitado é muito antiga e era utilizada com freqüência até a década de 80. Evite “o incapacitado”, “a pessoa incapacitada” e suas flexões em gênero e número.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Terminologia sobre deficiência na era da inclusão - Parte 3


"Terminologia sobre Deficiência na Era da Inclusão" de Romeu Kazumi Sassaki

15. “ela é cega mas mora sozinha"”
Na frase acima há um preconceito embutido: ‘Todo cego não é capaz de morar sozinho’.
FRASE CORRETA: “ela é cega e mora sozinha”

16. “ela é retardada mental mas é uma atleta excepcional" ”
Na frase acima há um preconceito embutido: ‘Toda pessoa com deficiência mental não tem capacidade para ser atleta’. FRASE CORRETA: “ela tem deficiência mental [intelectual] e se destaca como atleta”

17. “ela é surda [ou cega], mas não é retardada mental”
A frase acima contém um preconceito: ‘Todo surdo ou cego tem retardo mental’.Retardada mental, retardamento mental e retardo mental são termos do passado. O adjetivo“mental”, no caso de deficiência, mudou para “intelectual” a partir de 2004. Ver o item 12. FRASE CORRETA: “ela é surda [ou cega] e não tem deficiência intelectual”.

18. “ela foi vítima de paralisia infantil”
A poliomielite já ocorreu nesta pessoa (por ex., ‘ela teve pólio’). Enquanto a pessoa estiver viva, ela tem seqüela de poliomielite. A palavra vítima provoca sentimento de piedade. FRASES CORRETAS: “ela teve [flexão no passado] paralisia infantil” e/ou “ela tem [flexão no presente] seqüela de paralisia infantil”.

19. “ela teve paralisia cerebral” (quando se referir a uma pessoa viva no presente) A paralisa cerebral permanece com a pessoa por toda a vida. FRASE CORRETA: “ela tem paralisia cerebral”.

20. “ele atravessou a fronteira da normalidade quando sofreu um acidente de carro e ficou deficiente”
A normalidade, em relação a pessoas, é um conceito questionável. A palavra sofrer coloca a pessoa em situação de vítima e, por isso, provoca sentimentos de piedade. FRASECORRETA: “ele teve um acidente de carro que o deixou com uma deficiência”.

21. ”ela foi vítima da pólio”
A palavra vítima provoca sentimento de piedade. TERMOS CORRETOS: pólio, poliomielite e paralisia infantil. FRASE CORRETA: ”ela teve pólio”

22. “ele é surdo-cego”
GRAFIA CORRETA: “ele é surdocego”. Também podemos dizer ou escrever: “ele tem surdocegueira”. (Ver o item 55).

23. “ele manca com bengala nas axilas”
FRASE CORRETA: “ele anda com muletas axilares”. No contexto coloquial, é correto o uso do termo muletante para se referir a uma pessoa que anda apoiada em muletas.

24. “ela sofre de paraplegia” [ou de paralisia cerebral ou de seqüela de poliomielite]
A palavra sofrer coloca a pessoa em situação de vítima e, por isso, provoca sentimentos de piedade. FRASE CORRETA: “ela tem paraplegia” [ou paralisia cerebral ou seqüelade poliomielite].

25. escola normal
No futuro, quando todas as escolas se tornarem inclusivas, bastará o uso da palavra escola sem adjetivá-la. TERMOS CORRETOS: escola comum; escola regular. (Ver os itens7 e 51).

26. “esta família carrega a cruz de ter um filho deficiente”
Nesta frase há um estigma embutido: ‘Filho deficiente é um peso morto para a família’.
FRASE CORRETA: “esta família tem um filho com deficiência”.

27. “infelizmente, meu primeiro filho é deficiente; mas o segundo é normal”
A normalidade, em relação a pessoas, é um conceito questionável, ultrapassado. E a palavra infelizmente reflete o que a mãe pensa da deficiência do primeiro filho: ‘uma coisa ruim’.
FRASE CORRETA: “tenho dois filhos: o primeiro tem deficiência e o segundo não tem”.

28. intérprete do LIBRAS
TERMO CORRETO : intérprete da Libras (ou de Libras).
GRAFIA CORRETA: Libras. Libras é sigla de Língua de Sinais Brasileira: Li = Língua de Sinais, bras = Brasileira.“Libras é um termo consagrado pela comunidade surda brasileira, e com o qual ela se identifica. Ele é consagrado pela tradição e é extremamente querido por ela. A manutenção deste termo indica nosso profundo respeito para com as tradições deste povo a quem desejamos ajudar e promover, tanto por razões humanitárias quanto de consciência social e cidadania. Entretanto, no índice lingüístico internacional os idiomas naturais de todos os povos do planeta recebem uma sigla de três letras como, por exemplo, ASL(American Sign Language). Então será necessário chegar a uma outra sigla. Tal preocupação ainda não parece ter chegado na esfera do Brasil”, segundo CAPOVILLA (2001). É igualmente aceita a sigla LSB (Língua de Sinais Brasileira). A rigor, na grafia por extenso, quando se tratar da disciplina Língua de Sinais Brasileira, escreve-se em maiúsculo a letra inicial de cada uma dessas palavras. Mas, quando se referir ao substantivo composto, grafa-se “língua de sinais brasileira”, tudo em caixa baixa. (Ver os itens 31, 32 e 33.29).

29. inválido (quando se referir a uma pessoa que tenha uma deficiência)
A palavra inválido significa sem valor. Assim eram consideradas as pessoas com deficiência desde a Antiguidade até o final da Segunda Guerra Mundial. TERMO CORRETO: pessoa com deficiência.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Jaú e Salvador inovam na acessibilidade para deficientes visuais

Cidade paulista tem toda a frota de ônibus adaptada. Na capital baiana surge celular que lê notas de Real

Em Jaú, no interior de São Paulo, desde novembro, a frota de ônibus da cidade está equipada com um dispositivo que emite um aviso sonoro direcionado às pessoas com deficiência visual. A mensagem é ouvida em aparelhos. "A cidade de Jaú hoje é pioneira nessa acessibilidade para o deficiente visual", diz Osvaldo Franceschi Jr., prefeito de Jaú.

O "DPS 2000" foi desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais. "Eu concretizei o ideal da minha vida, de dar condições ao portador de deficiência (*) de pegar o seu ônibus, poder se locomover", comemora Dácio Pedro Simões, autor do projeto. "Você se sente verdadeiramente reconhecido como um cidadão", aprova Lethicia Romaqueli, cega desde sete dias de vida.

Em Salvador, mais uma novidade. Um aparelho celular tem um aplicativo capaz de identificar notas de real. Basta fotografar a cédula e em alguns segundos o celular responde. Com isso, quem tem deficiência visual sabe que está pagando com a nota certa. O programa também identifica cores.

"É uma mão na roda pra gente fazer as atividades do cotidiano de uma forma bem tranquila", garante Jean Abreu, cego há dois anos.

Fonte: http://fantastico.globo.com
* NOTA DO BLOGUEIRO - A mídia e os gestores públicos não utilizam a terminlogia correta, que é pessoa com deficiência

Terminologia sobre deficiência na era da inclusão - Parte 2


Terminologia sobre Deficiência na Era da Inclusão" de Romeu Kazumi Sassaki*

6. ceguinho
O diminutivo ceguinho denota que o cego não é tido como uma pessoa completa. TERMOS CORRETOS: cego; pessoa cega; pessoa com deficiência visual.

7. classe normal
TERMOS CORRETOS: classe comum; classe regular. No futuro, quando todas as escolas se tornarem inclusivas, bastará o uso da palavra classe sem adjetivá-la.

8. criança excepcional
TERMOS CORRETOS: criança com deficiência intelectual, criança com deficiência mental. Excepcionais foi o termo utilizado nas décadas de 50, 60 e 70 para designar pessoas com deficiência intelectual. Com o surgimento de estudos e práticas educacionais nas décadas de 80 e 90 a respeito de altas habilidades ou talentos extraordinários, o termo excepcionais passou a referir-se tanto a pessoas com inteligências múltiplas acima da média [pessoas superdotadas ou com altas habilidades e gênios] quanto a pessoas com inteligência lógico-matemática abaixo da média [pessoas com deficiência intelectual]? daí surgindo, respectivamente, os termos excepcionais positivos e excepcionais negativos,de raríssimo uso.

9. defeituoso físico
Defeituoso, aleijado e inválido são palavras muito antigas e eram utilizadas com freqüência até o final da década de 70. O termo deficiente, quando usado como substantivo(por ex., o deficiente físico), está caindo em desuso. TERMO CORRETO: pessoa com deficiência física.

10. deficiências físicas (como nome genérico englobando todos os tipos de deficiência). TERMO CORRETO: deficiências (como nome genérico, sem especificar o tipo, mas referindo-se a todos os tipos). Alguns profissionais, não-familiarizados com o campo da reabilitação, acreditam que as deficiências físicas são divididas em motoras, visuais, auditivas e mentais. Para eles, deficientes físicos são todas as pessoas que têm deficiência de qualquer tipo, o que é um equívoco. A deficiência física, propriamente dita, consiste na “alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimentoda função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia,tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções” (arts. 5º e 70, Decreto nº 5.296, 2/12/04).

11. deficientes físicos (quando se referir a pessoas com qualquer tipo de deficiência).TERMO CORRETO: pessoas com deficiência (sem especificar o tipo de deficiência).

12. deficiência mental leve, moderada, severa, profunda
TERMO CORRETO: deficiência intelectual (sem especificar nível de comprometimento). A partir da Declaração de Montreal sobre Deficiência Intelectual, aprovada em 6/10/04 pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2004), em conjunto coma Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o termo “deficiência mental” passou a ser “deficiência intelectual”. Antes, em 1992, a Associação Americana de Deficiência Mental adotou uma nova conceituação da deficiência intelectual (até então denominada“deficiência mental”), considerando-a não mais como um traço absoluto da pessoa que a tem e sim como um atributo que interage com o seu meio ambiente físico e humano, o qual deve adaptar-se às necessidades especiais dessa pessoa, provendo-lhe o apoio intermitente, limitado, extensivo ou permanente de que ela necessita para funcionar em 10 áreas de habilidades adaptativas: comunicação, auto cuidado, habilidades sociais, vida familiar, uso comunitário, autonomia, saúde e segurança, funcionalidade acadêmica, lazer e trabalho. A classificação em leve, moderada, severa e profunda foi instituída pela OMS em 1968 e perdurou até 2004.

13. deficiente mental (quando se referir a uma pessoa com transtorno mental)TERMOS CORRETOS: pessoa com transtorno mental, paciente psiquiátrico.

14. doente mental (quando se referir a uma pessoa com deficiência intelectual)TERMO CORRETO: pessoa com deficiência intelectual (esta deficiência ainda é conhecida como deficiência mental). O termo deficiente, usado como substantivo (por ex.:o deficiente intelectual), tende a desaparecer, exceto em títulos de matérias jornalísticas por motivo de economia de espaço.

*Consultor de inclusão social e autor dos livros Inclusão: Construindo uma Sociedade para Todos (5.ed.,Rio de Janeiro: WVA, 2003) e Inclusão no Lazer e Turismo: em busca da qualidade de vida (São Paulo, Áurea 2003).

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Deficiência Visual: Raízes Históricas e Linguagem do Preconceito

Lívia Maria Villela de Mello Motta *.

O texto abaixo, parte da fundamentação teórica de minha tese de doutorado, "Aprendendo a Ensinar Inglês para Alunos Cegos e com Baixa Visão - Um Estudo na Perspectiva da Teoria da Atividade", defendida em junho de 2004, na PUC de São Paulo, discute as raízes históricas e a linguagem do preconceito, fatores estes que podem explicar os sentidos negativos que são atribuídos à cegueira e baixa visão. O texto divide-se em duas partes, a primeira discute as raízes históricas e, a segunda, a linguagem do preconceito.

1. Investigando a posição do sujeito cego na história.
Desde a antiguidade, a cegueira vem sendo considerada como algo de difícil compreensão. As pessoas cegas, segundo Lorimer (2000), foram sempre consideradas como incapazes e dependentes, maltratadas e negligenciadas, sendo que algumas civilizações chegavam mesmo a eliminá-las. Somente há 200 anos atrás é que a sociedade começou a perceber que as pessoas cegas e com baixa visão poderiam ser educadas e viver independentemente. Este percurso histórico e a forma como a cegueira era considerada e tratada em diversas regiões do mundo, o que será apresentado abaixo, ajudam-nos a compreender as razões pelas quais a sociedade, em geral, ainda associa algumas profissões, mitos e idéias pré-concebidas às pessoas cegas.
Na China, a cegueira era comum entre os moradores do deserto. A música era uma alternativa para se ganhar a vida e, para isto, os cegos precisavam exercitar o ouvido e a memória. Os japoneses, desde os tempos mais remotos, desenvolveram uma atitude mais positiva com relação às necessidades das pessoas cegas, enfatizando a independência e a auto-ajuda. Além da música, poesia e religião, o trabalho com massagem foi encorajado. Muitos cegos se transformaram em contadores de história e historiadores, gravando na memória os anais do império, os feitos dos grandes homens e das famílias tradicionais, sendo encarregados de contar isto para outras pessoas, perpetuando, assim, a tradição.
O Egito era conhecido na antiguidade como o país dos cegos, tal a incidência da cegueira, devido ao clima quente e à poeira. Referências à cegueira e às doenças nos olhos foram encontradas em papirus e os médicos que cuidavam dos olhos se tornaram famosos na região mediterrânea.
Na Grécia, algumas pessoas cegas eram veneradas como profetas, porque o desenvolvimento dos outros sentidos era considerado como miraculoso. Em Roma, alguns cegos se tornaram pessoas letradas, advogados, músicos e poetas. Cícero, por exemplo, orador e escritor romano, aprendeu Filosofia e Geometria com um tutor cego chamado Diodotus. Entretanto, a grande maioria vivia na mais completa penúria, recebendo alimentos e roupas como esmola. Os meninos se tornavam escravos e as meninas prostitutas.
No Reino Unido, as primeiras referências às pessoas cegas datam do século XII, e mencionam um refúgio para homens cegos, perto de Londres, aberto por William Elsing. Os cegos eram geralmente mendigos que viviam da caridade alheia.
Na Idade Média, mais atenção foi dada às pessoas pobres e deficientes, principalmente devido à lei - "The Poor Law Act", lavrada em 1601, que mencionava, explicitamente, os pobres, os incapazes e os cegos, prevendo abrigo e suporte para estas pessoas. Desta data em diante e por mais uns duzentos anos, os cegos viveram em suas casas ou em instituições, os chamados "asylums", contando com algum suporte dos governantes.
Na Bíblia, a cegueira é sinônimo de escuridão, de pecado. Deus é luz, é claridade. O pecado é a escuridão, a ausência de Deus. Segundo Hull (2000), a Bíblia foi escrita por pessoas que enxergam e os textos bíblicos traduzem imagens negativas da cegueira e da deficiência. A cegueira é símbolo da ignorância, de pecado e falta de fé. Além disto, é considerada como um castigo enviado por Deus. A cura do cegos, na Bíblia, está sempre ligada à remissão dos pecados, à confissão dos pecados. De uma certa forma, conforme comentado por Barasch (2001), a Bíblia reflete o pensamento cultural da antiguidade em relação à cegueira, tendo grande influência sobre artistas e escritores da época e também colaborando para manter o círculo vicioso do preconceito.
Em suma, a história, as lendas, a literatura e a própria Bíblia contribuíram para perpetuar as idéias negativas, os mitos sobre o efeito da falta da visão na vida das pessoas. A falta de conhecimento e entendimento sobre o tema, segundo Hutchinson et al (1997), acaba resultando em uma limitação das oportunidades que são oferecidas às pessoas cegas e com baixa visão. A cegueira e a baixa visão não deveriam ser barreiras para uma participação maior na sociedade e na escola. Estas barreiras são, na grande maioria, construídas pela própria sociedade, sendo traduzidas na linguagem utilizada para descrever as pessoas com deficiência pela cultura da normalidade, que discuto a seguir.
2. A linguagem do preconceito e os significados da cegueira.
Além da influência dos fatores históricos, já mencionados anteriormente, a forma como a mídia usa os significados da deficiência e mostra a figura do cego e das pessoas com deficiência, infiltra-se na vida das pessoas, contribuindo para a construção dos sentidos negativos e a manutenção do estigma, criando um círculo vicioso.
Com o objetivo de investigar os significados e referências à cegueira, Hull (2001) fez uma busca em um conceituado jornal britânico, The Guardian, cuja linha editorial se preocupa com justiça social e educação. Hull coletou 750 usos da palavra, classificando-os quanto ao significado literal e metafórico. O que mais chamou a sua atenção foi o uso metafórico, carregado de um significado extremamente negativo, que relacionava a cegueira à ignorância, à indiferença, à falta de sensibilidade, à falta de inteligência crítica e à violência. Os poucos usos metafóricos que não foram negativos se referiam ao amor e à justiça.
Hull comenta que, mesmo sendo a cultura britânica tão preocupada com o uso discriminatório das palavras, evitando aquelas que possam traduzir preconceito, o mesmo cuidado não foi verificado com relação à cegueira.
As imagens negativas, não somente na língua inglesa, vão se infiltrando na vida, atitudes e linguagem, colaborando para manter o estigma e a discriminação com relação à deficiência. Os discursos carregam e perpetuam essa posição negativa, vetando ao cego e às pessoas com outras deficiências o direito à participação plena na sociedade.
Também no cinema e na televisão, a figura da pessoa com deficiência está, geralmente, ligada a alguma figura monstruosa em filmes de suspense ou terror, ao humor grotesco, à amargura e desesperança em dramas. A deficiência é, assim, retratada com um teor melodramático e, segundo Longmore (2003), nos filmes de terror e suspense, onde fazem o papel de monstros, o texto que está implícito traduz o medo e a aversão pelas pessoas com deficiência.
Estes personagens, geralmente, aparecem com alguma deformidade física e, nas caracterizações de criminosos, também com uma deformidade da alma. Estas imagens refletem o que Goffman (1988) descreve como a essência do estigma: a pessoa que é estigmatizada é considerada, de alguma forma, como desumana e exemplifica o efeito multiplicador e devastador do preconceito.
Nesse caso, os vilões com deficiência destilam o seu ódio e o rancor pelo seu destino cruel e despejam sua ira naqueles que escaparam desta sina, numa retaliação à normalidade. O exposto acima reflete e reforça três preconceitos muito comuns: a deficiência como uma punição para o mal; as pessoas com deficiência são amargas devido ao seu destino; as pessoas com deficiência sentem inveja das pessoas normais e querem destruí-las. A história, entretanto, revela uma realidade diferente em que as pessoas é que foram, durante muito tempo e, de uma certa forma, até hoje, os algozes das pessoas com deficiência.
Além do vilão e do monstro, as pessoas com deficiência também começaram a aparecer na televisão e no cinema, principalmente nos anos 70 e 80, como pessoas desajustadas, que não se conformam com a deficiência imposta devido a algum acidente ou à guerra. A culpa de seus males está sempre neles próprios e não no ambiente restritivo da sociedade e na atitude preconceituosa das pessoas. Estes dramas ignoram ou distorcem as possibilidades de inclusão social e uso da moderna tecnologia assistiva, apresentando a morte como uma das únicas soluções possíveis para tanto sofrimento.
Ultimamente, a televisão, jornais e revistas, têm mostrado pessoas com deficiência que "superaram" sua deficiência, tornando-se profissionais bem sucedidos ou pessoas ativas em busca de seus objetivos pessoais e profissionais. Estas histórias são a antítese dos criminosos, dos monstros e das pessoas desajustadas mostradas nos filmes, mas ainda assim, traduzem uma visão distorcida da deficiência, considerando-a como um problema emocional de aceitação pessoal. O sucesso ou fracasso de uma pessoa com deficiência estaria ligado muito mais a fatores individuais, como coragem, determinação e equilíbrio emocional, deixando de levar em consideração o estigma, a discriminação, a limitação e falta de oportunidades impostos pela sociedade.
As questões discutidas, as quais incluem o conhecimento sobre a cegueira, as raízes históricas da deficiência e a linguagem do preconceito, me possibilitaram entender os sentidos que eu, professora e pesquisadora, atribuía e atribuo à cegueira, para entender a constituição do sujeito cego e com baixa visão e para analisar os sistemas de atividade, nos quais participam, dentre eles a sala de aula. Além disso, permitiram que eu pudesse entender melhor as possíveis barreiras para a inclusão escolar e social.

Referências bibliográficas.
• BARASCH, M. 2001. Blindness - The History of a Mental Image in Western Thought. Routledge. London.
• GOFFMAN, E. 1988. Estigma: Notas sobre a manipulação da Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro.
• HULL,J. 2000. Do you think I am stupid? In Echoes: Justice, Peace and Creation News (World Council of Churches), no 19/2001. Geneva. Switzerland.
• HULL,J. 2000. Blindness and the Face of God: Toward a Theology of Disability. In Hans-gerg Ziebertz et all (eds) The Human Image of God (Johannes A.Van Der Ven Festschrift) Leiden, Brill, pp 21-229 ISBN 90 04 12031 9
• HUTCHINSON, J. O., ATKINSON, K. & ORPWOOD, J. 1997. Breaking down Barriers - Access to Further and Higher Education for Visually Impaired Students. Stanley Thornes Publishers. Great Britain.
• LONGMORE, P. K. 2003. Why I burned my book and other essays on disability. Temple University Press. Philadelphia. LORIMER, P. 2000. Reading by Touch - Trials, Battles and Discoveries. National Federation of the Blind. Baltimore.

* Lívia Maria Villela de Mello Motta é doutora em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem e atua na área de formação de professores para a escola inclusiva em cursos de graduação e pós-graduação na PUC Cogeae.
Trabalha também com a inclusão cultural das pessoas com deficiência visual com foco na audiodescrição.


http://www.bengalalegal.com/index.php

Terminologia sobre deficiência na era da inclusão - Parte 1

Estou fazendo tutoria do curso Inclusão da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida na Educação para o Trânsito, na modalidade a distância. O número de alunos, alguns são professores ou educadores, que ainda utilizam termos inadequados, como aluno especial, portadores de deficiência e etc me surpreendeu. Sempre os tenho advertido sobre isso e para melhorar a aprendizagem vou postar em 6 partes o excelente trabalho do professor Romeu Sassaki sobre terminologia.


"Terminologia sobre Deficiência na Era da Inclusão" de Romeu Kazumi Sassaki

"Usar ou não usar termos técnicos corretamente não é uma mera questão semântica ou sem importância, se desejamos falar ou escrever construtivamente, numa perspectiva inclusiva, sobrequalquer assunto de cunho humano. E a terminologia correta é especialmente importante quando abordamos assuntos tradicionalmente eivados de preconceitos, estigmas e estereótipos, como é o caso das deficiências que aproximadamente 14,5% da população brasileira possuem.

Os termos são considerados corretos em função de certos valores e conceitos vigentes em cada sociedade e em cada época. Assim, eles passam a ser incorretos quando esses valores e conceitos vão sendo substituídos por outros, o que exige o uso de outras palavras. Estas outras palavras podem já existir na língua falada e escrita, mas, neste caso, passam a ter novos significados. Ou então são construídas especificamente para designar conceitos novos. O maior problema decorrente do uso de termos incorretos reside no fato de os conceitos obsoletos, as idéias equivocadas e as informações inexatas serem inadvertidamente reforçados e perpetuados.

Este fato pode ser a causa da dificuldade ou excessiva demora com que o público leigo e os profissionais mudam seus comportamentos, raciocínios e conhecimentos em relação, por exemplo,à situação das pessoas com deficiência. O mesmo fato também pode ser responsável pela resistência contra a mudança de paradigmas como o que está acontecendo, por exemplo, na mudança que vai da integração para a inclusão em todos os sistemas sociais comuns.

Trata-se, pois, de uma questão da maior importância em todos os países. Existe uma literatura consideravelmente grande em várias línguas. No Brasil, tem havido tentativas de levar ao público a terminologia correta para uso na abordagem de assuntos de deficiência a fim de que desencorajemos práticas discriminatórias e construamos uma verdadeira sociedade inclusiva.

A seguir, apresentamos várias expressões incorretas seguidas de comentários e dos equivalentes termos corretos, frases corretas e grafias corretas, com o objetivo de subsidiar o trabalho de estudantes de qualquer grau do sistema educacional, pessoas com deficiência e familiares, profissionais de diversas áreas (reabilitação, educação, mídia, esportes, lazer etc.), que necessitam falar e escrever sobre assuntos de pessoas com deficiência no seu dia-a-dia. Ouvimos e/ou lemos esses termos incorretos em livros, revistas, jornais, programas de televisão e de rádio, apostilas,reuniões, palestras e aulas.

A enumeração de cada expressão incorreta servirá para direcionar o leitor de uma expressão para outra quando os comentários forem os mesmos para diferentes expressões (ou pertinentes entre si), evitando-se desta forma a repetição dos comentários.

1. adolescente normal
Desejando referir-se a um adolescente (uma criança ou um adulto) que não possua uma deficiência, muitas pessoas usam as expressões adolescente normal, criança normal e adulto normal. Isto acontecia muito no passado, quando a desinformação e o preconceito a respeito de pessoas com deficiência eram de tamanha magnitude que a sociedade acreditava na normalidade das pessoas sem deficiência. Esta crença fundamentava-se na idéia de que era anormal a pessoa que tivesse uma deficiência. A normalidade, em relação a pessoas, é um conceito questionável e ultrapassado. TERMOS CORRETOS: adolescente(criança, adulto) sem deficiência ou, ainda, adolescente (criança, adulto) não-deficiente.

2. aleijado; defeituoso; incapacitado; inválido
Estes termos eram utilizados com freqüência até a década de 80. A partir de 1981, por influência do Ano Internacional das Pessoas Deficientes, começa-se a escrever e falar pela primeira vez a expressão pessoa deficiente. O acréscimo da palavra pessoa, passando o vocábulo deficiente para a função de adjetivo, foi uma grande novidade na época. No início, houve reações de surpresa e espanto diante da palavra pessoa: “Puxa, os deficientes são pessoas!?” Aos poucos, entrou em uso a expressão pessoa portadora de deficiência, freqüentemente reduzida para portadores de deficiência. Por volta da metade da década de90, entrou em uso a expressão pessoas com deficiência, que permanece até os dias de hoje.

3. “apesar de deficiente, ele é um ótimo aluno
”Na frase acima há um preconceito embutido: ‘A pessoa com deficiência não pode ser um ótimo aluno’. FRASE CORRETA: “ele tem deficiência e é um ótimo aluno”.

4. “aquela criança não é inteligente
”Todas as pessoas são inteligentes, segundo a Teoria das Inteligências Múltiplas. Até o presente, foi comprovada a existência de nove tipos de inteligência: lógico-matemática,verbal-lingüística, interpessoal, intrapessoal, musical, naturalista, corporal-cinestésica e visual-espacial (GARDNER, 2000). FRASECORRETA: “aquela criança é menos desenvolvida na inteligência [por ex.] lógico-matemática”.

5. cadeira de rodas elétrica Trata-se de uma cadeira de rodas equipada com um motor.
TERMO CORRETO:cadeira de rodas motorizada.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A Mídia e as Pessoas com Deficiência

Drª Luciene M. da Silva

"Vivemos atualmente uma hiperexposição do corpo como produto, algo passível de elaboração e reconstrução, tendo como referência uma cartografia corporal com toques de sedução e negação dos traços do tempo. Sabemos que os meios de comunicação, por si sós, não determinam modelos estéticos corporais; são, porém, um poderoso braço ideológico de divulgação e convencimento dos padrões selecionados e acionados pela indústria. A produção televisiva no Brasil, reconhecidamente intensa, e uma população vulnerável e receptiva aos seus produtos, devido ao baixo nível de escolaridade e rendimento, são componentes fundamentais para a legitimação de "necessidades" e formas de satisfazê-las. A não-visibilidade das pessoas com deficiência no âmbito das relações sociais é o que determina sua ausência na mídia, posto que, na lógica da indústria cultural, não existem necessidades a elas relacionadas. Sendo assim, o silêncio sobre elas é anterior e exterior aos veículos de comunicação, e suas poucas aparições ficam restritas às campanhas publicitárias para arrecadação de recursos para as instituições filantrópicas que veiculam mensagens que as representam como vítimas ou como heróis.

A televisão, como um dos mais poderosos veículos de comunicação atualmente, forja a hegemonia de valores por meio dos programas de entretenimento, jornalismo e publicidade, tornando-os referência para milhões de consumidores. Sua mensagem, que alia discurso e imagem, combina, de forma híbrida, diversos roteiros e mensagens sobre o "ser deficiente", mesmo sem freqüentemente mostrá-lo, veiculando estereótipos diversos a partir de matérias de suposta prestação de serviços, informações imprecisas e errôneas, personagens caricatos em que predominam os discursos beneficentes, preconceituosos e sensacionalistas. O enfoque dado pela mídia às notícias que envolvem pessoas com deficiência as coloca numa posição de vítima, com ênfase na impotência e dependência, revigorando a discriminação. A publicação Mídia e deficiência, coordenada pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) e Fundação Banco do Brasil, assinala:

Mesmo quando existe interesse e desejo de realizar uma boa cobertura, os jornalistas se deparam com a desinformação sobre aspectos educacionais, jurídicos, técnicos, médicos, éticos e políticos. [...] Não há preocupação em divulgar serviços relacionados à melhora da qualidade de vida de crianças, adolescentes, adultos e idosos com deficiência. Mais de 60% das matérias analisadas só ouviram uma fonte. Na maioria delas tampouco há clareza sobre os direitos desses cidadãos. E quase sempre a entrada da questão na pauta dos meios depende de eventos organizados por entidades interessadas na causa ou da agenda de órgãos oficiais. (Vivarta, 2003, p. 35)

Além disso, não se percebe uma atitude de pressão, por parte dos meios de comunicação, para que os órgãos públicos prestem serviços a esse segmento da população, na medida em que veiculam matérias que envolvem muito mais as entidades filantrópicas e suas realizações, deixando no esquecimento os órgãos do Estado responsáveis por políticas públicas na área, a exemplo da Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) e a Secretaria de Educação Especial (SEESP), ou ainda o projeto de lei de autoria do senador Paulo Paim, que busca estabelecer mecanismos e ações legais para assegurar os plenos direitos dessas pessoas.

Freqüentemente, das pessoas com deficiência é retirada a possibilidade de constituírem-se como sujeitos, porque lhes são atribuídas qualidades especiais que tornam natural a sua condição de "pessoa deficiente" e, como tal, sem necessidades cognitivas, de interações sociais ou de aprendizagem. Esse processo de "sublimação" é responsável pelo tratamento assistencialista prestado por instituições especializadas e voluntários que impregnam suas práticas de um amor caridoso justificado por um entendimento de que essas pessoas são naturalmente boas, carentes e puras. É perceptível o sentimento de gratidão que têm essas pessoas pelos "voluntários". Uma certa comiseração se instala nos interstícios da relação "deficiente/voluntário", em que ambos se autocompadecem de suas condições. O "deficiente" torna-se "grato pela atenção dispensada", expressando sua carência e levando seu "agente voluntário" a assumir-se como excepcionalmente bom, solidário e generoso. A filantropia não abarca somente os deficientes, mas os desvalidos. (...)

*LUCIENE M. DA SILVA, doutora em educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é professora da Universidade do Estado da Bahia, atuando no Curso de Graduação em Pedagogia e no Programa de Pós-Graduação Educação e Contemporaneidade da mesma universidade. Publicações mais importantes: com FALSARELLA, Ana Maria. Preconceito na escola inclusiva (Presença Pedagógica, Belo Horizonte, Dimensão, v. 8, n. 46, p. 96-106, jul./ago. 2002); com OLAVO, Antonio; PEREIRA, Dirceu de Socorro; GUERRA FILHO, Sérgio. Quilombos da Bahia – Manual Pedagógico (Salvador: Portfolium, 2005); Apontamentos sobre as contradições da questão deficiência e trabalho (In: ENCONTRO MINEIRO DE PSICOLOGIA SOCIAL DA ABRAPSO, 14., 2005, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte, 2005. 1 CD-ROM). Pesquisa em desenvolvimento: "Um estudo sobre o movimento em defesa dos direitos das pessoas com deficiência: a atuação para a inclusão".

Fonte: Revista Brasileira de Educação v. 11 nº 33 set./dez. 2006.

Leia mais: http://www.deficienteciente.com.br/2010/12/midia-e-as-pessoas-com-deficiencia.html#ixzz17uvjnDFL

sábado, 11 de dezembro de 2010

Educação para o trânsito e mobilidade urbana – ações direcionadas para a cidadania


A cada ano estima-se que mais de 800 mil pessoas perdem a vida em acidentes de trânsito no mundo. No Brasil, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde - OMS, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e da Associação Nacional de Transportes Públicos – ANTP, são 30 mil mortes por ano no trânsito e aproximadamente 300 mil pessoas feridas. O setor econômico é diretamente afetado, uma vez que o custo dos acidentes é demasiadamente alto, se considerarmos a frágil economia dos países em desenvolvimento e a grande incidência de acidentes. A maioria destes acidentes envolve os usuários mais vulneráveis: pedestres, ciclistas e motociclistas. Mais de 50% das mortes no trânsito são causadas por atropelamentos que no Brasil, ocorrem a cada 7 minutos (DENATRAN).

A sociedade está se tornando cada dia mais urbana. A proporção entre a população que vive em áreas urbanas e a população total brasileira, ou seja, a taxa de urbanização no país, é de 83,5%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) da PNAD, 2008. E, neste contexto, o automóvel apresenta-se como modo de transporte dominante na organização do espaço urbano, e em consequência, na prioridade dos órgãos gestores em relação à mobilidade urbana no Brasil, que obedece à lógica de gestão, centrada quase que exclusivamente nesse único modo de transporte, trazendo efeitos danosos para os cidadãos no que tange à qualidade de vida.

Segundo estudos de Eduardo Vasconcellos (2007) dos 204 milhões de deslocamentos por dia nas cidades brasileiras, mais da metade destes, 51% correspondem a viagens a pé ou feitas de bicicletas, e 29% foram feitas por transporte público. Isso mostra que apenas 20% da população utiliza automóveis ou motocicletas para se deslocarem. A priorização desse modal provoca, entre outros fatores, desequilíbrios ambientais, comprometendo a qualidade de vida de todos os habitantes, afetando sobremaneira o grupo formado por idosos, crianças e pessoas com deficiência. A questão da mobilidade, no entanto não pode ser vista apenas como um problema físico-territorial, devendo envolver, portanto, uma discussão ampla sobre comportamento e cidadania.

As condições atuais das cidades apontam para uma obrigatória mudança de rumos no exercício da mobilidade urbana. Para isto a educação de trânsito constitui-se em uma ferramenta indispensável para a prática da cidadania e para uma “nova mobilidade” fundamentada na utilização dos meios não motorizados, pautando-se na lógica do respeito ao público e imprimindo a noção de comunidade e solidariedade.

“Na prevenção de acidentes, a adoção de medidas de educação que levem os usuários a terem atitudes e comportamentos de convivência no trânsito pode ser considerada como um componente essencial para este objetivo. É necessário a busca de estratégias que possam otimizar ao máximo os recursos disponíveis e estabelecer parcerias que garantam a efetividade das estratégias traçadas. A educação para o trânsito é um setor que possui um grande potencial para efetividade das medidas a serem tomadas nesta área, notadamente se for construída de forma sistêmica e não isoladamente como vem sendo tratada no Brasil. É necessário que ocorra uma “nova cultura” na mobilidade, que promova a apropriação equitativa do espaço e do tempo na circulação urbana, priorizando os modos de transporte coletivo, a bicicleta e os deslocamentos a pé. Essa nova forma de ver a mobilidade deve promover o reordenamento dos espaços e das atividades urbanas, de forma a preservar, defender e promover a qualidade ambiental das cidades brasileiras”. ( Patrícia de Almeida Villela – Pedagoga, coordenadora do Setor de Educação para o Trânsito da SETTRAN, mestranda do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia)

Nesse sentido, podemos inferir que a Educação para o Trânsito, como um processo pedagógico tem por finalidade formar ou transformar comportamento através da expressão das potencialidades individuais, possibilitando o desenvolvimento da capacidade crítica e do senso de responsabilidade para a vida coletiva em trânsito. Entretanto, a educação de trânsito, em muitos momentos, reproduz o modelo da opção pelo automóvel em prejuízo dos meios não motorizados constituídos pelos deslocamentos a pé e de bicicleta, fato que precisa ser mudado e que já está sendo modificado em várias cidades brasileiras. A Cia. Engenharia de Tráfego de São Paulo, através do Centro de Educação de Trânsito vem adotando em suas atividades educacionais prioridade aos atores menos favorecidos no trânsito, procurando em suas ações permanentes e pontuais minimizar os conflitos urbanos.

O CETET/CETSP, adotou como uma de suas estratégias a realização de cursos para professores. São cursos presenciais e a distancia (EAD). Vale ressaltar a importância de trabalhar com os educadores que estão em contato diariamente com os alunos na sala de aula, e que podem continuar o trabalho de educação para o trânsito no cotidiano escolar. Na realização desta atividade, é importante que o professor desperte para a necessidade de educar a criança para ser pedestre, ciclista, condutor ou passageiro de veículo. O professor precisa estar ciente de seu papel enquanto multiplicador de atitudes cidadãs e seguras no trânsito, para transmitir aos alunos valores como responsabilidade, gentileza, respeito e cidadania. Os professores inclusive são orientados no atendimento para alunos com deficiência.

É mister ressaltar que ao lado da educação de trânsito, a engenharia de tráfego, o planejamento urbano e a fiscalização de trânsito também são essenciais para a implementação de uma “nova mobilidade” urbana, voltada para a cidadania. Entretanto, a educação para o trânsito possui um caráter especial neste contexto, porque é através da conscientização do indivíduo, ou seja, através de estratégias educacionais voltadas para a cidadania, que será possível a formação de cidadãos críticos, que possam compreender os efeitos danosos que o automóvel traz para a cidade e reivindicar um transporte público de qualidade, calçadas seguras e ciclovias. Sendo capaz de participar da luta em prol de um trânsito mais humano e mais seguro. A educação para o trânsito torna-se, assim, uma ferramenta de importância fundamental para possibilitar uma nova mobilidade urbana, pautada no respeito ao próximo, ao público e ao meio ambiente. Preparar a criança para que ela cuide de sua cidade, que tenha respeito ao próximo, que adquira atitudes básicas de cidadania é fundamental para prepararmos uma relação urbana melhor do que vivemos atualmente.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Acessibilidade nos elementos da urbanização


No planejamento, projeto e na urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais espaços de uso público e suas respectivas instalações de serviços e mobiliários urbanos.

Nos parques, praças, jardins e espaços livres públicos, as instalações sanitárias devem atender às especificações de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Nos estacionamentos viários devem existir vagas reservadas para veículos conduzidos ou que transportem pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Desenho e localização do mobiliário urbano

Os sinais de tráfego, semáforos, postes de iluminação ou quaisquer outros elementos de sinalização vertical devem ser acessíveis, e estar dispostos de forma a não obstruir a circulação.

Os semáforos para pedestres devem dispor de mecanismos de guia e orientação para pessoas com deficiência visual, instalados de acordo com critérios técnicos, como a intensidade do fluxo de veículos e o grau de periculosidade da via pública.

Programa Passeio Livre – cidade de São Paulo

A Prefeitura da Cidade de São Paulo criou o Programa Passeio Livre, que visa conscientizar e sensibilizar a população sobre a importância de construir, recuperar e manter as calçadas da cidade em bom estado de conservação.

Contribuir para melhorar a paisagem urbana, a acessibilidade, o resgate do passeio público pela calçada e a socialização dos espaços públicos, são objetivos do Programa Passeio Livre.

Para a construção e reforma das calçadas da cidade de São Paulo, a Prefeitura está realizando mais uma ação de inclusão social, ao qualificar profissionalmente albergados, para formá-los calceteiros.

Em maio de 2005 foi aprovado o Decreto nº 45 904 que estabelece um novo padrão arquitetônico para as calçadas da cidade de São Paulo.

Se um passeio ou praça pública é acessível a uma pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida, podemos afirmar que qualquer cidadão conseguirá
usufruir deste espaço.

A conquista da acessibilidade, que a princípio serviria para atender a pessoas com deficiência, beneficia a população, sendo, portanto, uma conquista de toda a sociedade.

Para organizar o passeio público, a Prefeitura definiu um novo padrão arquitetônico que divide as calçadas em faixas. As calçadas com até 2 metros de largura serão divididas em 02 faixas diferenciadas por textura ou cor e as com mais de 2,00 metros, em 03 faixas, também diferenciadas.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Fonoaudiologia - vídeo de apresentação CFFa

CIRCULAÇÃO E MOBILIDADE DO PEDESTRE NO ESPAÇO URBANO


A estrutura de circulação é a parte do ambiente construído, que permite a circulação física das pessoas e mercadorias, sendo representada pelas vias públicas, passeios e espaços públicos, vias férreas e terminais de passageiros e cargas. Essa estrutura é o suporte físico da circulação propriamente dita, seja a pé ou por meio de veículos (bicicletas, automóveis, ônibus, trens) que são chamados meios de circulação (VASCONCELLOS, 2001).

A circulação de pedestres e veículos de acesso ao uso lindeiro ou de passagem, origina vários conflitos, e para solucioná-los, foram elaborados os espaços de uso de pessoas, os chamados passeios ou calçadas e áreas de uso predominantemente de veículos (eventualmente de pessoas) chamadas de faixas ou pistas de rolamento ou caixa de rodagem.

A necessidade de circular está ligada ao desejo de realizações das atividades sociais, culturais, políticas e econômicas consideradas necessárias ao desenvolvimento da sociedade. Andar a pé constitui a forma mais básica, direta e universal de provimento individual de meios de transporte e o uso de veículos privados, motorizados ou não, constitui a segunda forma de provimento individual de meios de transporte (VASCONCELLOS, 2001).

CIRCULAÇÃO URBANA

A circulação urbana, ou o ato de circular pela cidade, é o exercício da mobilidade mediante o próprio esforço pessoal (a pé ou de bicicleta) ou através de meios motorizados de posse ou uso pessoal, ou providos por terceiros, através de serviços oferecidos. Em todas as situações, a sua manifestação efetiva se dá na infraestrutura urbana.

A circulação tem regras que, em sua maioria, são estabelecidas pelo poder público e afetam as pessoas de maneira diversa, dependendo do papel que desempenham em um determinado momento. O fato da maior parte das regras de circulação tratar dos meios de transporte motorizado indica, por um lado, a importância deste tipo de transporte para a sociedade e, por outro, a ameaça que eles potencialmente representam.

Para os veículos em geral, são estabelecidos sentidos obrigatórios de direção em algumas vias, regulamentados limites para as velocidades permitidas, definidos lugares da via pública onde é permitida ou não a parada ou o estacionamento; para o transporte coletivo, são pré-determinados os trajetos e os pontos de parada; bicicletas não são autorizadas a circular em algumas vias; o transporte de carga pode sofrer restrições espaciais ou temporais de circulação; e assim por diante.

No caso da movimentação urbana, o poder público precisa intervir nos conflitos entre os diversos agentes em defesa do seu lado mais frágil, o pedestre, construindo espaços onde ele tem prioridade sobre os demais veículos: as calçadas e as faixas de travessia.

As regras de circulação não se limitam às condições de uso do espaço, estendem-se aos veículos e às pessoas. O Código de Trânsito Brasileiro reserva um capítulo inteiro para classificar os tipos de veículos, determinar equipamentos mínimos de uso obrigatório e para identificação, registro e licenciamento deles.

A gestão da circulação é mediada pelo poder público em diversos níveis: algumas ações são de competência única e exclusiva das administrações municipais, dado o seu interesse exclusivamente local, outras são padronizadas para todo o território nacional ou até adotadas internacionalmente.

Ao estabelecer essas normas, o Estado atua em nome do interesse coletivo, principalmente em defesa da segurança das pessoas, mas também para reduzir impactos negativos de vizinhança, preservar o meio ambiente ou buscar uma maior equidade no uso e na apropriação da cidade.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Envelhecimento em Pessoas com Deficiência Física - Parte 1

A matéria abaixo, foi extraída do site Bengala Legal.
Artigo escrito pelas psicólogas Marinéia Crosara de Resende* e Anita Liberalesso Neri**.

Ajustamento psicológico e perspectiva de velhice pessoal em Adultos com deficiência física

Resumo

Foram investigadas relações entre senso de ajustamento psicológico e perspectiva de velhice em adultos e idosos com deficiência física. Participaram 90 pessoas, de ambos os sexos, com idade entre 25 e 84 anos, que responderam aos instrumentos: questionários sociodemografico e sobre a deficiência física; Inventário Sheppard de Atitudes em Relação à Velhice Pessoal; Escala de Desenvolvimento Pessoal (ajustamento psicológico). Os índices de ajustamento pessoal foram de moderados a altos, mas as mulheres pontuaram mais baixo. Para toda a amostra, quanto maior o senso de ajustamento, mais positiva a perspectiva de velhice pessoal. Os com deficiência congênita e os mais ajustados psicologicamente mostraram perspectivas mais positivas de velhice pessoal. Concluiu-se que envelhecer com uma deficiência física é um processo que exige competência adaptativa e resiliência aos eventos de vida e aos desafios acarretados pela deficiência.

Envelhecimento, Ajuste Psicológico e Pessoas com Deficiência
Envelhecer bem requer ajustamento pessoal e social, que pode ser comprometido por condições deficitárias de saúde e educação ao longo do curso de vida.
Se o indivíduo tiver alguma deficiência física congênita ou adquirida antes da velhice, suas condições de desenvolver-se e envelhecer com sucesso sofrerão prejuízo maior ou menor e mais ou menos controlável, dependendo da extensão e da natureza da sua deficiência, dos recursos de apoio que o ambiente sociocultural lhe oferecer ao longo de toda a vida e de seus recursos psicológicos.

Deficiência Física e Ajustamento
A partir da síntese de teorias clássicas sobre a personalidade, Ryff (1989) propôs um modelo multidimensional de bem-estar psicológico, correspondente a funcionamento psicológico positivo como sinônimo de ajustamento, e uma condição do self relacionada a seis domínios do funcionamento psicológico: autoaceitação, relações positivas com os outros, autonomia, domínio sobre o ambiente, propósito na vida e crescimento pessoal.

A autoaceitação significa uma atitude positiva do indivíduo em relação a si próprio e a seu passado; significa reconhecer e aceitar suas características positivas e negativas. O sentimento de aceitação gera estima, confiança e segurança em si e nos outros (Ryff, 1989). A aceitação da deficiência é definida como um dos melhores indicadores de ajustamento positivo após uma deficiência e caracterizada por:

a) capacidade do indivíduo com deficiência de perceber valor em habilidades e metas que não foram perdidas em consequência da deficiência;
b) avaliação do próprio valor, de atributos e capacidades, baseada não apenas em aspectos físicos, mas também em outros (por exemplo, persistência, inteligência);
c) mesmo quando o indivíduo é influenciado por percepções, atitudes e linguagem de outras pessoas, foca a sua própria atitude em relação à deficiência, enxergando-a como mais uma de suas características, e não a única;
d) em seu nível mais básico, ocorre quando o indivíduo reconhece o valor único da junção de suas características e habilidades, mais do que quando faz comparações com padrões externos e frequentemente inatingíveis (Elliott, Kyrlo & Rivera, 2002, citado por Schmitt & Elliott, 2004).

Ter relações positivas diz respeito a manter com os outros uma relação de qualidade, uma relação calorosa, satisfatória e verdadeira; preocupar-se com o bem-estar do outro e ser capaz de manter relações afetuosas e agradáveis, sejam elas familiares, de intimidade ou de amizade (Ryff, 1989).

Relações sociais significativas permitem o desenvolvimento do self, dão sentido às experiências e podem oferecer apoio, importantes elementos no processo de adaptação, principalmente em momentos de transição da vida adulta. No caso específico das pessoas com deficiência física, o apoio social pode tornar-se mais significativo. O indivíduo se sente mais amado e estimado e com sensação de controle sobre sua própria vida (Nogueira, 2001).

A autonomia implica em ser autodeterminado e independente, mesmo que a pessoa necessite de apoio para operacionalizar suas escolhas e, às vezes, até para o exercício de atividades de vida diária. Implica em tomar decisões de acordo com o que acredita ser melhor, dentro de seus próprios padrões, e em não ser influenciado por pressões sociais para pensar e agir (Ryff, 1989).

O conceito de autonomia pode ser comparado aos conceitos de autodeterminação, independência, locus de controle interno, individuação e regulação interna do comportamento, aos quais se subordinam as crenças de que os pensamentos e ações são próprios à pessoa e não são determinados por causas independentes do próprio controle. Está relacionado ao conceito de liberdade, e, como teorizou Kant, é a capacidade de autonomia que traz aos seres humanos dignidade (Cristopher, 1999).

Segundo Ryff (1989), o senso de domínio sobre o ambiente significa ter competência para manejar o ambiente, usufruir as oportunidades que surgem ao redor, apresentar habilidades para escolher ou criar contextos adequados às suas necessidades e valores, eliminar barreiras e fazer adaptações pessoais ou no ambiente, quando necessárias. É preciso que seja compatível com as capacidades físicas e com as competências comportamentais das pessoas para permitir melhor adaptação. Pessoas que apresentam maior habilidade para manejar o ambiente têm senso de controle mais elevado.

De acordo com Sirois, Davis e Morgan (2006), teorias de adaptação cognitiva à adversidade sugerem que crenças de controle têm um papel central na vida do indivíduo. Segundo Folkman (1984), o papel do controle no ajustamento vai depender do significado das crenças de controle em cada situação, e quando as oportunidades de controle são limitadas em determinado contexto, a pessoa irá buscar algum aspecto da própria situação onde ela tenha esse senso de controle, para se fortalecer. Questões sobre controle podem ser particularmente importantes no contexto de débitos na saúde, tendo-se em vista que em alguns casos de doenças crônicas as oportunidades de controle estão limitadas, mesmo que sejam sobre o ambiente (Sirois, Davis & Morgan, 2006).

Ter propósito de vida significa ter metas na vida e um senso de direção; a pessoa percebe que há sentido em sua vida presente e passada; tem crenças que dão propósito à vida; acredita que a vida é significativa e, a despeito de todos os obstáculos, tem motivação para continuar vivendo (Ryff, 1989). Janoff-Bulman e Frantz (1997, citado por Pakenham, 2005) propuseram que a adaptação positiva em face da adversidade envolve uma tentativa de encontrar sentido num evento traumático e achar algum benefício nesta experiência.

Segundo Ryff (1989), pessoas ajustadas têm alto senso de desenvolvimento e crescimento contínuo; estão abertas a novas experiências; reconhecem seu potencial de realização, e suas mudanças refletem autoconhecimento e autoeficácia. Bauer e McAdams (2004) citam Maslow (1968) para ressaltar que pessoas orientadas para o crescimento ou para a segurança em suas vidas têm melhor saúde psicológica e senso mais alto de bem-estar psicológico. Para psicólogos de orientação humanista, as pessoas que pensam na vida principalmente em termos de certos valores (por exemplo, inteireza, justiça, autonomia, empatia) estão no caminho do crescimento pessoal para maiores níveis de saúde psicológica e bem-estar.

Outro aspecto importante associado ao ajustamento psicológico é o conceito de geratividade de Erikson (1950). O autor propôs uma teoria do desenvolvimento psicossocial que descreve tarefas a serem realizadas em diferentes estágios da vida. A geratividade é um conceito amplo; segundo Erikson (1950), é um tema típico da meia-idade. É definida como deixar um legado espiritual para as próximas gerações e vista como um tema central da velhice (Erikson, Erikson & Kvinick, 1986).

A realização da geratividade é um desafio evolutivo que contrasta com o seu oposto, a estagnação, e que deve ser enfrentado durante a vida adulta, mas de modo especial nos anos mais avançados da vida humana. A resolução deste conflito entre geratividade e estagnação resulta na força básica que é o cuidado.

O esforço vital do cuidado é a principal conquista resultante da resolução do conflito, estendido para o que foi gerado pelo amor (os filhos), pela necessidade (o cuidado dos pais) ou por escolha (a atuação profissional como educador).

Para ser gerativo é preciso dedicar-se a algo, acreditar e se empenhar. O sentido da geratividade é de preservação da espécie, de deixar sua marca no mundo. Para McAdams, Hart e Maruna (1998), a geratividade se expressa em termos de preocupações e de ações, ambas correspondentes às dimensões criar ou gerar, manter e oferecer.

Indivíduos bem-ajustados têm mais habilidade para adaptar-se às demandas sociais e emocionais da vida cotidiana (Bauer & McAdams, 2004). Mesmo na presença de perdas, que podem ser reduzidas ou ampliadas de acordo com as condições da pessoa, o ser humano sempre aspirou a viver longamente, com autonomia e com boa saúde, tendo uma boa velhice.

*Marineia Crosara de Resende
Psicóloga, Professora Adjunto Nível 1 da Universidade Federal de Uberlândia.
Endereço para correspondência. Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Psicologia.
Av. Pará, 1720, Campus Umuarama, CEP 38405-382, Uberlândia-MG, Brasil.
E-mail: marineiaresende@gmail.com

Pessoa com Deficiência Visual - relacionamento com a cidade

Ilustração: Jean Galvão, http://jeangalvao.blogspot.com

A utilização dos pisos táteis visa atender não somente a orientação espacial das pessoas com algum tipo de deficiência visual, mas a todos os indivíduos que circulam pelos espaços, criando percursos seguros que indiquem as direções a seguir e alertar sobre barreiras ou perigos potenciais existentes ao longo deste percurso.

No caso das pessoas com restrição visual total, a obtenção destas informações se dará por meio dos contrastes de sonoridade, textura e resistência nos pisos especiais em relação aos pisos adjacentes. Para as pessoas com baixa visão, além destas características, devem-se considerar os tipos de contraste de cor perceptíveis e a eliminação de reflexos.

Os pisos táteis são classificados em dois tipos: os de alerta e os direcionais.

A sinalização de alerta deve ser utilizada quando há risco de segurança, como na identificação de obstáculos suspensos, rampas, escadas fixas, degraus isolados, frente a elevadores e em desníveis. O piso tátil de alerta deve ser cromo-diferenciado (de outra cor) ou deve estar associado à faixa de cor contrastante com o piso adjacente.

A sinalização tátil direcional deve ser utilizada quando da ausência ou descontinuidade de linha-guia/guia de balizamento identificável, como guia de caminhamento em ambientes internos ou externos, ou quando houver caminhos preferenciais de circulação.

Na rua

Caso a pessoa cega precise se locomover como atravessar uma rua, por exemplo, e tenha aceitado a sua ajuda, coloque a mão dela no seu cotovelo dobrado ou no seu ombro, e deixe que ela acompanhe o seu corpo enquanto vai andando. Avise, sempre com antecedência, se existem degraus, pisos escorregadios, buracos ou qualquer outro obstáculo que possa impedir a livre circulação de vocês durante o trajeto. Ande em passos normais. Lembre-se sempre de usar o bom senso. Em um corredor estreito, onde só pode passar uma pessoa, vá à frente e coloque seu braço para trás de modo que a pessoa cega possa continuar a seguir você.

A bengala é como uma extensão da pessoa com deficiência visual. Portanto, não a puxe pela bengala e nem tente guiá-la por esse equipamento.