Ally e Ryan

Ally e Ryan

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Uma breve parada no tempo

Meus amigos e minhas amigas, hoje, 30 de setembro de 2009 foi um dia especial para mim. Voltei a trabalhar depois de mais de um ano afastado das minhas atividades. Por um breve momento ao longo do tempo achei que não voltaria mais, mas voltei, talvez não mais com a mesma disposição, o tempo se mostrou implacável comigo, no entanto, voltei para brilhar e agir como no passado.

Algumas pessoas foram decisivas na minha recuperação. Algumas me enviavam e-mails que chegavam sempre no momento certo, outras tiveram uma presença mais de perto, reafirmo que todos foram fundamentais na medida em que me devolviam a vontade de viver. Susana, Rose, Deisy, Virginia, Messias, Milton, Solange Reis, Ailton e Ilana sempre, sempre e sempre foram meus incentivadores. Agradeço também àquelas pessoas que sempre colocavam meu nome numa corrente e que em silêncio torceram por mim, obrigado de coração.

Peço desculpas se durante o tempo do afastamento fui indelicado com alguém, confesso que a dúvida me atormentava e em algumas situações perdi o ponto de equilíbrio.

Por quanto tempo ainda vou trabalhar? Não sei e confesso que não quero saber mais; se vai ser um dia, um mês, um ano, quem controla o tempo? Sei, no entanto, que venci mais uma e vou vencer outras, assim é a vida, assim é o destino e assim é o Ari Vieira, “sou fodido e moro longe”.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Daniel e Alexandre – os menudos

A nova gestão estava tomando controle da situação. O CETET foi “premiado” com dois jovens, que ficaram conhecidos como os “menudos”, numa alusão a imagem daquela banda de meninos que dançavam e cantavam agitando multidões.

Alexandre era o gerente e Daniel, o superintendente, ambos pertenciam à juventude janista. O fato é que nenhum dos dois tinha um plano de gestão para o CETET, eles queriam primeiro conhecer a realidade e depois, se tivessem tempo fariam alguma coisa.

Ambos eram pessoa do bem, mas isso não é garantia de boa gestão. Daniel era muito divertido; foi uma época em que começaram a surgir telefones sem fio, pagers e celulares. O Daniel ficava andando de um lado para o outro do corredor falando no telefone sem fio, ele adorava. O Miguel, querido amigo, dizia que ele “falava com a mãe, querendo saber o que ela faria de almoço e etc”. O Alexandre tinha o cinturão do Batman, considerando que no cinto da calça ele levava três pagers, telefone sem fio e etc. Era engraçado, porque às vezes ele estava conversando conosco e tocava o pagers, ele pegava um, pegava outro...

Outro detalhe do nosso superintendente é que ele adorava futebol; ele tinha contato com a administração do Pacaembu e não foi difícil o time do CETET fazer um jogo histórico lá.

De qualquer forma, o CETET precisava de alguém que desse continuidade ao trabalho que vinha sendo feito, afinal, pouco mais de um ano antes tivemos a inauguração de dois EVT’s, o curso de táxi precisava ser retomado e a educação estava atendendo as escolas, ou seja, as atividades vinham sendo desenvolvidas. Aliás, o CETET tem esse diferencial do restante da empresa, não importa quem está no comando, temos nossos objetivos e mesmo com dificuldades vamos atrás deles. Nesse sentido, estava claro que a dupla de comando recém-chegada não tinha experiência e comando, entretanto, mesmo assim cada área contribuiu com sua parte para que os conceitos de educação fossem fazendo parte da vida da cidade.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

As eleições municipais de 1992


O ano de 1992 foi especial para o Brasil: pela primeira vez na história da República brasileira, um presidente foi deposto pelo Congresso após passar pelo processo democrático, o presidente Fernando Collor de Mello, que sofreu impeachment. Ainda tivemos o massacre do Carandiru. No meio desse turbilhão todo estava a eleição municipal. Em São Paulo, Paulo Maluf do PDS e Eduardo Suplicy do PT protagonizaram uma disputa praticamente centralizada, já partir do primeiro turno.

Paulo Maluf trocou os aros grossos e as lentes fundo-de-garrafa por óculos mais leves e bateu Eduardo Suplicy. Duda Mendonça se tornou “o mago das urnas” ao reverter a enorme rejeição de Maluf e fazê-lo vencer o senador de maior destaque na CPI que resultou no impeachment de Collor. A campanha de Maluf apelou para a emoção, adotou um coração como símbolo e o slogan “Amo São Paulo”, enquanto o marketing petista errou ao apresentar Suplicy como super-herói, numa estratégia que foi tida como “collorida”. Para vencer, Duda adotou o PT como alvo. “A gente não tem nada contra o Suplicy/a gente não quer mais é o PT mandando aqui”, cantava o jingle malufista.

No fim do segundo turno, Maluf venceu Suplicy por 58% a 42% dos votos válidos, o que naturalmente ficou claro foi a rejeição a prefeita Erundina, que teve sua gestão perseguida pelos meios de comunicação e um enorme preconceito por parte da cidade.

A CET em sua maioria ficou com Maluf, o que daria ao novo secretário tranqüilidade na posse e durante a gestão.









sábado, 26 de setembro de 2009

Um pouco mais da nossa São Paulo

Espero que todos tenham um bom fim de semana. O vídeo acima mostra um pouco mais da nossa cidade querida de São Paulo... sempre é bom vê-la e apreciar sua beleza urbana.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Fim da gestão

Se aproximando o final daquela gestão, podemos afirmar que houve avanços importantes. O CETET foi ampliado, agora com dois novos EVT’s (Espaço Vivencial de Trânsito), um ao lado do CETET mesmo e outro na Zona Leste, no entanto, ficando muito distante da meta pretendida por ocasião dos 10 anos.

A área de Educação foi intensificada com a chegada de novos instrutores, sendo que, muitos deles recém saídos da universidade deram nova dinâmica para as atividades. O Treinamento saiu do centro, o que foi bom para todos e o Departamento de Educação sob a supervisão da Helena Raymundo, trabalhava com um modelo de educação voltado para as escolas; essas visitas que tinham por objetivo interagir diretamente com os alunos foi um sucesso.

A contratação de novos empregados por concurso, conforme determinava a nova Constituição, para a empresa como um todo, foi um caminho que mostrou seus benefícios, a entrada de novas pessoas obrigava o funcionário mais antigo a se atualizar, a estudar, enfim, obrigava a todos a sairem da defensiva.

Outro dado importante daquela gestão foi o resgate da CET junto à comunidade. Dividida e extinta na gestão anterior, a volta da CET a ser conhecida na cidade foi um fator positivo, embora a imagem da educação ainda estivesse oculta da maioria da população.

A CET teve nessa gestão um presidente que saiu da superintendência do CETET, Douglas Santos, ainda assim o setor de educação continuou na base da pirâmide.

De qualquer forma, a eleição municipal de 1992, com dois turnos, iria demonstrar que a cidade de São Paulo ainda não estava preparada para uma gestão mais participativa.

No CETET, tínhamos uma gerente competente que adorava andar de havaianas; algumas pessoas do CETET, que não merecem ter seus nomes citados, ficavam zombando daquele estilo, como se calçar sapatos altos desse a pessoa a inteligência que o setor necessitava.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Parati – uma delícia de carro


Creio que o melhor elo de ligação dentro de uma empresa são suas relações de amizade, e as verdadeiras ficam para sempre.

No ano de 1991 passei a ir trabalhar e voltar para casa com a Silvia. Ela tinha uma Parati, carrão na época; pela manhã ela era meio fechada, chegava sempre um pouquinho depois do combinado, sempre perfumada e falava pouco, o essencial.

Ela chegava no CETET e quando tinha aula pela manhã, ia quase direto para a sala, onde os alunos a aguardavam com ansiedade. Quando os cursos ficaram mais escassos passamos a dar aulas em duplas, evidente que ela foi minha parceira. Nesse período pude constatar o quanto ela era querida pelos alunos. Ela pegava os 20 crachás e tentava adivinhar quem era quem... era uma delícia, os alunos torciam para ela lembrar o nome, mas sempre a Silvia frustrava os alunos, muito trabalho e a memória não ajudava. Quando terminava essa atividade pedagógica enriquecedora geralmente era o momento do intervalo, e assim ia.

Cada um tinha uma maneira de alongar a aula. Para mim pessoalmente dar aula de Guia e P S eram um verdadeiro tormento, mas sempre cumpri com dedicação aquilo que era passado.

No fim do dia, voltava com a Silvia. Aí era outra pessoa. O toca-fitas vinha no maior volume e ela mandava ver com Beth Carvalho e “oh coisinha tão bonitinha do pai”, dançávamos no carro e as pessoas ficavam observando. Era muito bom tudo isso. Lembrar disso agora nos remete para a vida. A Silvia Zanzini foi a pessoa que mais me marcou na CET. Ela saiu em 1995, para abrir uma escola junto com a Thais, mas a lacuna que ela deixou em meu coração, jamais foi preenchida novamente.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Falar em público – surpresas e micos

Sempre há um risco quando vamos nos apresentar publicamente. Qualquer fato pode acontecer até diante de situações inesperadas. Pois bem, aos fatos:

Houve um tempo no Treinamento que os interessados no curso de táxi eram obrigados a fazer um pré-teste, segundo a chefia da época isso garantiria uma melhor seleção da categoria, pura bobagem, afinal, os motoristas poderiam refazer a prova quantas vezes quisessem até o momento de ser aprovado, no final, não havia diversidade de nível entre os alunos, o que ajuda no desenvolvimento do curso, essa forma pedagógica era para ser aplicada, sem justificativa. As provas eram aplicadas por nós em duplas, geralmente minha parceira era a Silvia, minha querida e mais bela amiga.

Entramos na sala repleta de candidatos, fomos começar a passar as instruções e...caímos na gargalhada sem nenhum motivo, olhávamos um para o outro e ficávamos rindo, rindo, sem conseguir parar, os alunos sem entender ficavam olhando e teve um que arriscou um palpite:

- “Conta a piada prá nós, deve ter sido boa”.

Não havia piada, não havia motivo, nós rimos tanto que até debruçávamos sobre a mesa para poder rir, as lágrimas escorriam pelos olhos.

Silvia então tomou uma atitude: levantou e saiu e me deixou sozinho. Consegui me recompor e apliquei a prova; evidentemente que não reprovamos ninguém e quando fomos contar para o pessoal da sala voltamos a rir.

Passados 17 anos ainda hoje quando nos encontramos o fato é sempre lembrando. Aliás, minha sintonia com ela era tão grande que nessa mesma sala onde rimos sem parar, houve uma vez que disse a ela o ano em que ela iria se casar, não previ que seria com meu amigo Rinaldo, e na ocasião eles nem namoravam, e acertei a data... foi algo espontâneo.

Ainda volto a falar da Silvia!!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Retorno ao CETET

Depois de uma boa temporada fora do CETET, em meados de 1991 voltei mais uma vez à “Terra Prometida”. Na volta encontrei um CETET bastante modificado. A área de Treinamento havia implodido e muitos saíram para outras áreas. Basicamente o setor sofreu modificação na ordem de 50% do pessoal. Encontrei novos amigos, como Maria Helena, Vilmo, Thais Pereira e Dalva e reencontrei os bons amigos do passado, como Miguel, Silvia e Sônia Carbone.

As atividades estavam bem escassa, o curso de táxi estava com as inscrições fechadas há muito tempo, portanto, trabalhávamos com pessoal restrito; o curso de Direção Defensiva foi “popularizado” entre a equipe e o convênio com a Sabesp mantinha bom número de participantes.

Meu retorno ocorreu pelo fato do DTP estar em via de se tornar um departamento ligado diretamente a SMT e não mais a CET.

Mas, foi bom retornar. Encontrar uma equipe diferente, mas unida em torno do mesmo objetivo, que é o de crescimento.

Na minha opinião o Treinamento, atual DET-3, é o departamento onde todos os instrutores do CETET deveriam necessariamente passar, afinal, é lá nas atividades concernentes que se aprende a ser um instrutor real, afinal, no Treinamento você é submetido o tempo todo a ter conhecimento, você é estimulado a estudar e estar sempre atualizado

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

1990 – Dez anos de CETET

O CETET foi inaugurado no dia 25 de janeiro de 1980. O tempo transcorrido transformou o CETET num verdadeiro centro de referência. Mesmo estando no DTP, fui para a festa dos 10 anos do CETET; aliás, a festa foi muito bem organizada porque foram convidados funcionários que trabalharam lá e estavam espalhados pela empresa e outros que já não mais trabalhavam na CET, foi um momento de encontro!
O superintendente do CETET era Dagoberto Vieira, que através da Nota Técnica 126/90 de 01 de fevereiro daquele ano, fez um balanço geral da primeira década de vida do CETET. No campo das realizações elencou:

- “Mais de 70.000 motoristas de táxi treinados;

- Cerca de 320 pesquisas realizadas, com 90.000 munícipes consultados;

- 4.200 pessoas formadas em cursos técnicos e administrativos diversos;

- 10.500.000 peças de comunicação veiculadas em campanhas, entre impressos e inserções na mídia eletrônica;

- Projeto de travessia de escolares implantado em 162 escolas;

- 1.300 agentes multiplicadores para vários níveis de ensino formados;

- 280 escolas atendidas com palestras e programas de educação;

- Palestras educativas realizadas em 200 empresas da capital, Grande São Paulo e interior do Estado;

- 850 reuniões realizadas com a comunidade e a realização de 4.500 contatos técnicos;

- Acervo de mais de 10 mil exemplares, o que torna a biblioteca do CETET a mais completa da América do Sul, no que se refere a trânsito e transportes;

- Edição de 35 Boletins Técnicos e 125 Notas Técnicas, contendo know how desenvolvido na Companhia de Engenharia de Tráfego, hoje disseminados pelas principais cidades brasileiras.”
E ainda, havia um plano de metas a ser atingido até o fim daquela gestão, conforme nota-se da NT mencionada:
...
“Partindo desses pressupostos e como entidade única no País, onde está reunido o mais completo conjunto de atividades voltadas à educação e segurança de trânsito, o CETET, ao completar uma década de existência, apresenta suas metas imediatas, inseridas no Plano Trienal 1990/1992 da
Secretaria Municipal de Transportes”:

- "Implantar 30 centros regionais de educação e treinamento de trânsito por toda a cidade, para desenvolver cursos, palestras e atividades de educação de trânsito, até 1992;

- Garantir melhores condições de segurança nas regiões periféricas, com o tratamento de prioridades locais com o envolvimento e participação da comunidade, de acordo com suas reivindicações;

- Estabelecer normas e padrões para a implantação de projetos visando e melhoria nas condições de segurança do pedestre, com o desenvolvimento de tecnologia educacional;

- Estabelecer estudo contínuo sobre os motivos que ocasionam acidentes, visando sua eliminação, com pesquisas sobre os fatores influentes;

- Realizar projetos de ação educativa integrada – escola/comunidade/empresa – em regiões de alto risco de acidentes;

- Implantar na rede escolar, comissões em conjunto com as Secretarias Municipal e Estadual de Educação para elaborar um Programa de Educação de Trânsito compatível com as necessidades das escolas;

- Aplicar cursos especializados de trânsito a todos os motoristas da frota da Prefeitura Municipal de São Paulo, visando aprimorar o seu desempenho; e

- Otimizar os espaços de mídia destinados ao trânsito, implementando novas linguagens educativas, envolvendo veículos diversos, ampliando a atuação nos meios de comunicação. "

Na foto acima notamos o espaço vazio onde surgiu depois o EVT- Caio Graco...

Analisando friamente o Plano de Metas observamos que ele ficou bem distante do sonho pretendido. Reafirmo que se não fosse a ação ativa da maioria dos funcionários do CETET, possivelmente ele teria sucumbido no espaço e no tempo.

Devemos aproveitar a aproximação de mais um aniversário do CETET, de mais uma década, e resgatar a importância do nosso centro não apenas para a cidade, mas resgatar para o Brasil, como centro de referência, colocá-lo no contexto geral da mobilidade e acessibilidade urbana, fazer um meio e não um fim para a Educação para o Trânsito.

domingo, 20 de setembro de 2009

Dia mundial sem carro

Meus amigos e amigas, coloco abaixo texto publicado hoje no jornal Folha de São Paulo, sobre o dia 22 de setembro, dia mundial sem carro. Amanhã os dez anos de CETET.
Ao texto:

Dia Mundial Sem Carro
ODED GRAJEW


NO DIA Mundial Sem Carro, 22 de setembro, diversas atividades (programação no site www.nossasaopaulo.org.br) visam chamar a atenção da sociedade sobre os graves problemas causados pelo modelo de mobilidade adotado nas cidades que privilegiam o transporte individual e o automóvel. Nesse modelo, o trânsito das grandes e médias cidades brasileiras ocupa um tempo precioso de todos os que nelas vivem, estudam e trabalham -o paulistano desperdiça, em média, duas horas e 43 minutos todos os dias nos congestionamentos. Tempo que poderia ser usado para o lazer, a cultura, para namorar, para estar com amigos e familiares. Não bastasse todo esse tempo perdido, ainda ficamos expostos a um trânsito totalmente poluído, causando tumores e inúmeras doenças respiratórias e cardiovasculares. Estudos da Faculdade de Medicina da USP apontam que, apenas na cidade de São Paulo, morrem, em média, 12 pessoas por dia devido à poluição, encurtando a vida média do paulistano em um ano e meio. Além do custo em vidas, os impactos operacionais e financeiros no sistema de saúde causados pela poluição são imensos. No mesmo sentido, é importante lembrar que o setor de transportes é responsável por 15% dos gases que causam o aquecimento global e a mudança climática. O diesel e a gasolina consumidos no Brasil estão entre os piores do mundo, e a indústria automobilística fabrica motores menos poluentes apenas para exportação. Apesar disso, tramita no Congresso um projeto de lei que permite a comercialização no Brasil de carros leves a diesel. Com a qualidade atual do diesel brasileiro (contendo altíssima quantidade de enxofre) e a tecnologia dos motores que a indústria automobilística utiliza no Brasil, a aprovação dessa lei resultaria na morte adicional de milhares de brasileiros por ano. A inspeção veicular, obrigação dos governos estaduais e dos grandes municípios, ainda está muito longe de cumprir seu papel. Nos acidentes de trânsito, morrem cerca de quatro pessoas por dia na cidade de São Paulo -44% pedestres, 18% motociclistas, 9% passageiros ou motoristas de autos e 3% ciclistas. Nos últimos cinco anos, o Departamento Nacional de Trânsito teve à disposição R$ 415 milhões (provenientes das multas) para investir em projetos de redução de acidentes. Só R$ 5,3 milhões foram repassados! Estudo da FGV calcula que a cidade de São Paulo deixa de gerar R$ 26,8 bilhões por ano devido à perda de tempo nos congestionamentos e aos custos totais ligados a acidentes e doenças derivados do trânsito. Muitos fatores alimentam esses números sinistros. Nosso modelo de desenvolvimento urbano promove enorme desigualdade social, que obriga milhões de pessoas a se locomoverem por grandes distâncias para ter acesso ao trabalho e aos serviços e equipamentos públicos. Vivemos, cada vez mais, um modelo de mobilidade e transporte que oferece todos os incentivos possíveis para a locomoção por meio do automóvel. Enquanto isso, os investimentos em transporte público coletivo continuam se arrastando lentamente. Bilhões de reais que poderiam melhorar imediatamente o transporte público são gastos em túneis, novas pistas e avenidas que em pouco tempo estarão entupidas (são 800 novos carros por dia nas ruas de São Paulo!). O governo federal promove incentivos fiscais e creditícios para a indústria automobilística sem a contrapartida de motores menos poluentes e matriz energética mais limpa. Para mudar esse quadro, não faltam exemplos e propostas: dar prioridade absoluta para metrô, trens e corredores de ônibus; estabelecer políticas para facilitar e incentivar a locomoção por bicicletas; melhorar a qualidade do diesel e da gasolina e incrementar o uso de combustíveis mais limpos; comercializar no Brasil automóveis, ônibus e caminhões com a mesma tecnologia menos poluente que a indústria automobilística utiliza na Europa e nos EUA; oferecer segurança para o pedestre, calçadas de boa qualidade, acessibilidade universal para os deficientes físicos, rigor nas leis de trânsito e programas de educação cidadã; implementar inspeção veicular em toda a frota automobilística; redimensionar os investimentos públicos para diminuir a desigualdade social e regional na oferta de trabalho e no acesso a equipamentos e serviços públicos para diminuir a necessidade de deslocamentos. Cabe à sociedade convencer os governos a priorizar, acima de localizados e poderosos interesses econômicos, a qualidade de vida dos cidadãos.
ODED GRAJEW , 65, empresário, é um dos integrantes do Movimento Nossa São Paulo e membro do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. É idealizador do Fórum Social Mundial e idealizador e ex-presidente da Fundação Abrinq. Foi assessor especial do presidente da República (2003).

sábado, 19 de setembro de 2009

Poesia

Vamos todos descansar... segunda-feira estarei de volta com os 10 anos de CETET, para relaxar uma poesia de minha autoria publicado e registrado no Recanto das Letras, onde tenho outras 14 poesias publicadas:

Idem

Sentir seu amor
Seu calor
Seu aperto
Seu jeito

Em cada amor, um pedaço de ti.
No seu calor, o desejo que transborda.
No seu aperto, a vontade de aninhar.
No seu jeito, a vontade de viver.

Tocar a flor-de-lis
E no seu aroma, sonhar
Sentir suas pétalas umedecidas
Esperar o gemido da libertação

Olhar em seus olhos, nele ver a vida
Adentrar em sua alma, e ver a luz
A sua essência, a paixão do amor
E no seu amor, a eternidade da relação

Você é meu canto
Meu encanto
Sem você desencanto a vida
Com você acalanto a chama da glória

No teu choro, a lágrima sentida
A emoção pura
O sentimento proibido
Renovando a vontade de te amar

Beijos que revigoram
Tua língua, transmite serenidade
Tua boca é o paraíso
Minha vida é sua

Sem você nada sou
Se te perder, perco meu brilho
Quero ser seu
Ficar em seu colo até a última estrela apagar

Te amo na eternidade
Te amo no amor
Te amo na paixão
Te amo na vida.

Ari Vieira
Publicado no Recanto das Letras em 10/11/2008Código do texto: T1275898
http://recantodasletras.uol.com.br/poesiasdeamor/1275898

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Eleições 1989 - resultados

alguns momentos do último debate entre Collor e Lula

Jornal Nacional da Globo do dia 16 de dezembro de 1989

Depois de uma campanha marcada pelo preconceito e intolerância o primeiro turno das eleições presidenciais apresentou o seguinte resultado:

Candidato - Partido - Votos /%

Fernando Collor de Mello - PRN - 22.611.011 - 28,52
Luís Inácio Lula da Silva - PT - 11.622.673 - 16,08
Leonel Brizola - PDT - 11.168.228 - 15,45
Mário Covas - -PSDB - 7.790.392 - 10,78

Os demais candidatos receberam votações dentro da média normal e Lula ultrapassou Brizola na reta final do primeiro turno.

O segundo turno foi disputado entre Collor e Lula; a indiferença e a intolerância foi tão marcante que quando a candidatura Lula mostrava sinais inequívocos que podia virar o jogo, a Globo editou o último debate mostrando um Lula apático e um Collor vibrante, se isso não bastasse a campanha do Collor colocou em seu programa eleitoral um depoimento de uma ex-namorada do Lula, Miriam Cordeiro, mãe de uma filha do petista, Lurian, cuja existência havia sido revelada, meses antes, numa reportagem da Revista Veja.

No depoimento, a Miriam desanca Lula. Dizia com todas as letras que ele ao saber da gravidez, sugeriu que ela abortasse. E ainda afirmou que Lula era racista, que não gostava de negros. Isso caiu como uma bomba e o resultado do segundo turno tornou-se esperado:

Candidato - Partido - Votos /%

Fernando Collor de Mello - PRN - 35.089.998- 49,94
Luís Inácio Lula da Silva - PT - 31.076.364- 44,23

Mesmo com o resultado adverso, percebe-se claramente um Brasil dividido, um Brasil que queria mudar.

O DTP a partir do dia 17 de dezembro de 1989 retoma seu rumo e começamos a preparar o planejamento para o ano seguinte. Evidente que uma eleição dessa tem importância para a vida da CET, se mudar a relação União – Município altera-se tudo, significa mais ou menos investimentos na área de trânsito e transporte.

O CETET passa a viver o sonho dos EVT’s.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

DTP e as eleições presidenciais de 1989

A candidatura Lula surpreende e atrai diversos segmentos da sociedade

O DTP ferveu em 1989. O departamento era extremamente politizado e depois do expediente praticamente todos tinham atividades políticas, ligadas a um partido ou a algum dos candidatos a presidente.

A eleição de 89 coloca uma situação nova na política brasileira. Além de marcar a volta da tão esperada eleição direta para a Presidência da República, após três décadas de regime ditatorial, ela foi uma eleição solteira, isto é, ocorreu sozinha, ao contrário das eleições presidenciais seguintes que aconteceram conjuntamente às eleições legislativas e majoritárias estaduais.

Foi a primeira eleição com analfabetos em um país integrado por uma indústria cultural (235 emissoras, cinco redes nacionais, 25 milhões de aparelhos receptores, 94% de audiência potencial). 47% dos eleitores não tinham 30 anos, nunca haviam votado e tinham grande intimidade com a linguagem televisiva. (Eleições Presidenciais, 1989 - LIMA, 2001, p. 230)

Os principais candidatos foram:

Fernando Collor de Mello (PRN)

Luis Inácio Lula da Silva (PT)

Leonel Brizola (PDT

Os candidatos Mário Covas (PSDB), Paulo Maluf (PDS), Guilherme Afif Domingos (PL), Ulisses Guimarães (PMDB) constituíram o quadro eleitoral e com relação aos microcandidatos eles não valem uma linha para comentar.

Nenhum dos candidatos apresentou um programa voltado para a urbanização das cidades, desenvolvimento urbano e investimentos em transportes públicos, mesmo assim tivemos várias reuniões na Câmara discutindo o assunto junto ao presidente da casa, Eduardo Suplicy.

Primeiro Concurso Público da CET

O DTP foi o primeiro departamento da CET que realizou concurso público para a contratação do cargo de Inspetor de Fiscalização.

Fui indicado pela Diretoria da SMT para trabalhar no grupo que iria organizar o curso de formação para os novos contratados. No grupo havia representantes do CETET, GRH e nós do DTP. A formatação do curso foi definida de forma que os novos inspetores tivessem competência, conhecimento e clareza no momento de autuar ou de fiscalizar os condutores de transporte individual ou coletivo.

Evidentemente ao DTP coube a parte de legislação do curso e, além de elaborar o curso dei a primeira aula para os novos contratados.

Foi de fato um momento especial, afinal, além de estar participando de um fato histórico da CET, também participei de todo o processo do concurso.

Dessa turma restam poucos funcionários ainda na CET. Muitos deles saíram da empresa por passarem em outros concursos, alguns morreram e outros foram demitidos por razões diversas, mas para mim ficou na memória os três meses entre a primeira prova do concurso e os primeiros formandos do curso.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

DTP e a cidade de São Paulo

Os primeiros debates sobre mobilidade e acessibilidade urbana foram dados a partir da interferência do DTP na relação motoristas/pedestres, no âmbito do transporte urbano.

O DTP na ocasião era gerido pela CET, estávamos subordinados no começo a Superintendência de Recursos Humanos, mas praticamente o nosso Diretor respondia diretamente ao Secretário Municipal de Transportes.

Nossa prioridade era a pessoa. Por exemplo: na época os taxistas não gostavam de transportar pessoas em cadeira de rodas. Foi feito um trabalho de intensa fiscalização visando proibir esse abuso, bem como os motoristas de ônibus ignoravam a presença de idosos ou pessoas com deficiências, parando os veículos afastados do meio-fio; entretanto, nosso trabalho não teria êxito se não fosse o sistema adotado para receber denúncias dos usuários da via. Eles teriam que ter a sensação da proteção para reclamar.

Para mim foi fundamental trabalhar no DTP, ele dava um conhecimento especifico sobre cidade que o CETET ainda hoje resiste em aceitar. Não podemos visualizar um departamento qualquer da CET se ele não estiver no contexto geral da cidade, atualmente devemos pensar a construção de um novo modelo de educação voltado para as relações urbanas. O conhecimento que adquiri no DTP até hoje é importante para mim, inclusive para trabalhar sob pressão.

O ano de 1989 ainda reservava outras surpresas... e teríamos pela primeira vez eleição presidencial após o período dos anos de chumbo, e naturalmente um departamento como aquele não ficaria indiferente diante de um quadro desse.

Nova vida - DTP

O Departamento de Transportes Públicos - DTP, foi uma escola de conhecimento. A ordem que veio da gestão era fiscalizar com rigor e aplicar a lei com severidade em todos aqueles que não utilizarem seus veículos aos fins que se destinavam. Na época os taxistas não tinham respeito pelos usuários, os motoristas de ônibus agiam da mesma forma e os condutores escolares dirigiam como se não houvesse a presença do Poder Público para fiscalizá-los.

Nesse cenários conheci novos e bons amigos. Marcelo Verago, Facchini e o saudoso Roberto. Na linha de rua, bons fiscais, como o Armando, Alberto Macário, Avelino e o Cidão.

Cabia a mim e ao Marcelo dar o suporte jurídico, mas a pressão que recebíamos era muito forte. Lidar diretamente com empresários de ônibus, empresários de frota de táxi, presidente do sindicato dos motoristas de táxi e condutores escolares fazia do setor uma verdadeira “panela de pressão”. E não somente isso: até a Câmara dos Vereadores queria interferir no nosso trabalho. Criamos um serviço de atendimento ao usuário que quisesse denunciar taxista ou motorista de transporte escolar (a CMTC atendia reclamações contra os condutores de transporte coletivo).

O setor de transportes da cidade era um verdadeiro caos. Transportes clandestinos, tanto de ônibus como de táxi espalhavam-se pela cidade.

Senti muito a diferença quando sai do CETET e fui para lá. No DTP seu desempenho era diariamente cobrado e fiscalizado pela Procuradoria do Município, portanto, tínhamos que permanecer atentos e concentrados o tempo todo.

Mesmo assim, com pouca estrutura, conseguimos dar um padrão de atendimento aos usuários do transporte público. Eu e o Marcelo trabalhamos em perfeita sintonia, nenhum tentou prejudicar o outro, isso facilitou o trabalho.

O problema de transporte e trânsito era muito grave, a gestão Erundina não deu a resposta que a cidade queria. Numa entrevista concedida à Fundação Perseu Abramo em 30.01.1990, um ano após a prefeita assumir ela respondeu assim uma pergunta:

FPA:E em contrapartida? Qual é o grande problema que nós ainda não conseguimos resolver?

Luiza Erundina -O do transporte. Transporte e trânsito. O problema é estrutural e a solução definitiva foge, a meu ver, ao âmbito municipal. Por isso, é importante a luta que está sendo levada pela Frente Nacional de Prefeitos. Ou o governo federal reconhece, conforme está na Constituição, que o transporte é um direito do cidadão e, como tal, fornece recursos para essa área, ou os municípios não vão conseguir dar conta. Porque não dá para você ficar dependendo apenas da tarifa, que já é pesada e, mesmo assim, não cobre a planilha de custos.Evidentemente, não dá para pensar em aumentá-la muito, pois o usuário não conseguiria suportar. A nossa proposta, então, é que se tenha uma tarifa social subsidiada pelos poderes públicos municipal e federal e pela iniciativa privada. Nós, inclusive, já encaminhamos um projeto de lei para a Câmara, criando um fundo municipal de transporte, para o qual será destinado o dinheiro proveniente da cobrança das multas de trânsito, da Zona Azul. e de impostos da iniciativa privada, desde que o governo federal reconheça aos municípios o direito de tributar as empresas sobre o seu faturamento. É bom deixar claro que a Prefeitura de São Paulo já subsidia fortemente a tarifa de ônibus. Afinal, como já disse, o transporte é um direito do cidadão, assim como a saúde, a educação e a cultura.

Quanto ao problema do trânsito, estamos fazendo algumas obras em vias públicas para dar mais fluidez ao tráfego. Não adianta jogar muitos ônibus na rua, porque eles vão agravar ainda mais os congestionamentos. A melhoria do transporte coletivo está associada a um bom plano viário. Até o final deste ano, vamos entregar dois corredores exclusivos para ônibus. Além disso, estamos alargando duas grandes avenidas da Zona Sul, a região mais sacrificada da cidade em termos de transporte, e complementando o complexo viário João Dias. (entrevista completa no endereço da Fundação Perseu Abramo,

http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=642 )

Mesmo assim continuamos nosso trabalho na tentativa de oferecer um serviço com o mínimo de qualidade aos usuários da cidade.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Erundina - PLAT - CET

Política responsável e administração competente raramente andam juntas. O que se vê, em geral são políticas socialmente responsáveis representadas por forças incapazes de administrar instituições modernas; ou administrações bem misturadas, mas avessas aos direitos e às necessidades sociais. Pior, não é difícil achar, nos quatro cantos do mundo, governantes irresponsáveis e incompetentes, que tratam de administrar em proveito próprio o que, burocraticamente, designam por “coisa pública”. Erundina nesse sentido, representava tudo que um gestor pode e deve fazer a frente da prefeitura, ainda que ela tenha sido boicotada, zombada e instigada, foi a prefeita que setores sociais, como alguns que eu represento, jamais será esquecida.
Erundina recebeu uma prefeitura falida; no começo da gestão, ela sequer podia comprar um lápis. Na CMTC, a dívida era de 6 milhões de dólares, só com os fornecedores de pneus! Os hospitais careciam de medicamentos e havia mais de 800 leitos fora de uso. Os servidores municipais sofriam uma defasagem salarial quatro vezes maior do que a média do mercado de trabalho. Não faltaram boicotes da direita; alguns empresários desativaram suas atividades, julgando que o PT viria tocar fogo em São Paulo. (“A Prefeita Luiza Erundina”, Ivan Pitarra, PUCSP)
Nossa situação na PLAT era de muita expectativa. O CETET ficou sem superintendente por quase um mês, aguardando novos rumos e a chegada do novo ou da nova “líder”. O curso de táxi estava fechado, o curso de Direção Defensiva tinha poucos alunos. Lembro-me que aguardávamos o novo chefe maior como um “messias”, que viria nos salvar.
A primeira medida do novo governo em relação a CET foi resgatar o nome da empresa, PLAT deixava de existir oficialmente e voltamos a ser CET, com muito orgulho.
A Cida Tugnollo respondeu interinamente pelo CETET até a chegada da nova titular que seria Maya, que, aliás, tinha sido funcionária do mesmo CETET e, portanto, conhecia bem o local.
Ela veio em paz, não houve nenhum tipo de retaliação contra chefias ou outros; os empregados demitidos entraram com pedido de anistia, mas nem todos foram contemplados, afinal, o Brasil já estava sob a tutela da nova Carta Maior e, em sendo assim, o ingresso no serviço público somente podia acontecer através de concurso público.
A gestão tinha ausência de pessoas com determinadas formações. Nesse sentido, no dia 4 de abril de 1989 recebi a primeira promoção dentro da CET: fui promovido de Controlador Administrativo para Advogado do Departamento de Transportes Públicos da SMT. Sai do CETET fisicamente, porém, meu coração sempre esteve lá e fui viver um novo ciclo no DTP.
Até abril daquele ano, a CET se reorganizava. A nova gestão procurava dentro do quadro de empregados da própria empresa, preencher lacunas e deficiências. Foi um momento muito bom.
O interessante era que muitos empregados da CET, em especial do CETET, que eram malufistas, e que fizeram campanha aberta para o seu candidato, agora se escondiam nas mesas e nas pilhas de papéis e algumas chegavam a desfaçatez de dizer que havia votado na Erundina.
Meu querido amigo Miguel Morrone entra agora na minha vida de uma forma inesquecível. De qualquer forma fui embora para o DTP, para voltar dois anos depois.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Chico Buarque



O fim daquela gestão encerra um ciclo na CET, ou na PLAT. Afinal, ali a nossa empresa tem outro nome e somente uma rosa nos leva a reconstruir as ideias e esquecer o passado. Na minha opinião o ciclo de 3 anos do governo Jânio Quadros foi um aprendizado e nos tornou mais experientes e com vontade de defender a nossa CET/PLAT.

Um novo horizonte - a eleição de 1988

Finalmente a gestão Jânio aproximava-se do fim.
A eleição municipal de 1988 em São Paulo apresentou-se como uma das mais vibrantes na história de São Paulo do período pós-redemocratização. Três candidatos disputaram voto a voto até o fim. Do então PDS , Paulo Maluf liderou durante a maior parte do tempo as pesquisas, enquanto o PMDB, fortalecido pela conquista do governo do estado em 1986, tentava vencer a eleição na capital com o candidato Osvaldo Leiva, apoiado pelo governador e pelo prefeito Jânio, aliás, o apoio do prefeito foi isolado, considerando que a base janista, tanto do governo como no apoio popular ficou ao lado de Paulo Maluf. A dissidência do PMDB, que dois anos antes havia fundado o PSDB lança o candidato José Serra. Por fora, estava o PT, que apresentava uma ex-integrante das Ligas Camponesas da Paraíba como candidata a prefeito. Luiza Erundina venceu a convenção do partido com 55% dos votos dos militantes. A cúpula do partido desejava que o candidato fosse Plínio de Arruda Sampaio, que gozava de bom trânsito junto à Igreja católica e era visto como moderado. Lula e José Dirceu praticamente não participaram da campanha.
Luiza Erundina emigrou para a capital paulista em 1971, por conta da repressão ao movimento no campo pela ditadura militar. Tornou-se presidente da Associação Profissional das Assistentes Sociais de São Paulo e foi chamada por Lula, junto com outras lideranças sindicais, para fundar o Partido dos Trabalhadores em 1979. Dentro do partido, começou sua trajetória de conquistas na política. Em 1982, foi eleita vereadora na capital paulista e quatro anos mais tarde, deputada estadual.
A vida de Erundina e de seu partido não era fácil, como se pode notar na entrevista dos candidatos ao programa Roda Viva, logo depois de sua candidatura ser oficializada. O jornalista Boris Casoy é dos mais virulentos contra a petista, repetindo uma pergunta que, para ele, é “clássica”, sobre a crença da parlamentar em Deus. Uma de suas dóceis questões é “Deputada, a senhora fala em espaços democráticos e democracia, prevê obediência à lei. A senhora tem apoiado, quando não promovido, invasões de terrenos urbanos em São Paulo ao arrepio da lei. Como a senhora pretende tratar esta questão das invasões, se é que a senhora vai parar de invadir, na prefeitura de São Paulo, se a senhora for eleita?”.
A entrevista pode ser acompanhada no “Memória Roda Viva”, através do endereço http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/306/entrevistados/luiza_erundina_1988.htm

A campanha

O hoje deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB) participou da empreitada de Erundina. Foi a primeira vez que os comunistas se aliaram ao PT em São Paulo, junto com o PCB. Antes, haviam se coligado com o PMDB (apoiando FHC em 1985). No livro No Olho do Furacão, Rebelo conta como estava o clima da campanha em 14 de setembro. “À época, o pleito era disputado em turno único e a votação seria no dia 15 de novembro”.“Maluf dispara nas pesquisas e chega perto de 40%, enquanto o índice de Erundina sofre uma pequena queda. Mas é o bastante para que a campanha, ainda em busca de afirmação, entre em zona de turbulência. Argumentamos que o crescimento de Maluf e o nosso ligeiro declínio não têm maior significado. Maluf cresce no vácuo das forças conservadoras que, entre ele, Leiva e a alternativa PSDB, depositam mais confiança no ex-governador de São Paulo.”

O candidato tucano era José Serra e o partido recém-criado utilizava da bandeira da ética para se diferenciar da agremiação-mãe, o PMDB. O jingle serrista trazia versos com trocadilhos feitos com o nome do candidato (Serra, serra, serra essa mamata...) e seu principal adversário era justamente o peemedebista João Leiva. A estratégia era chegar ao segundo lugar nas pesquisas e desbancar o ex-secretário do governador Quércia, canalizando os votos anti-malufistas. Mas, com a ajuda da máquina, Leiva já era o segundo colocado em outubro.

Com um Leiva estagnado e um Serra sem discurso, Erundina começa a subir nas pesquisas. A cinco dias da eleição, ela tem 19% e está empatada com o peemedebista; Maluf tem 28%. Um dia antes, uma tragédia. Trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) que ocupam a empresa são reprimidos pelo exército e pela PM. Em meio ao que se convencionou chamar de massacre, três operários mortos e uma centena de feridos. Este acontecimento teve um forte apelo popular, alguns setores ligaram o candidato Maluf às forças militares, isso minou o candidato.

A vontade de mudança tomava corpo e Erundina crescia na reta final. Aldo Rebelo conta uma história exemplar do engajamento que vinha naturalmente para a petista às vésperas da eleição. “Alexandrina, Irene e Conceição são pernambucanas, moram no fundão da Zona Leste e ganham a vida fazendo faxina e costurando para famílias de classe média. Ontem elas receberam uma oferta para ganhar cinco mil cruzados cada uma para fazer boca-de-urna para o candidato do PDS, Paulo Maluf. São quase 15 horas e só agora elas estão tomando a primeira refeição do dia: um sanduíche de queijo que recebem na porta do colégio. Mas estão satisfeitas. Rejeitaram a oferta de cinco mil cruzados e fazem boca-de-urna, de graça, para Luiza Erundina e para o candidato a vereador do PCdoB”.

Os empregados da CET torciam em silêncio pela vitória de Erundina, não em sua totalidade, mas poucos dias antes das eleições participamos de uma panfletagem no centro de São Paulo; infelizmente não posso citar as pessoas que estavam comigo, porque algumas delas ainda trabalham na CET e não tenho autorização para revelar.

Sem urna eletrônica, a apuração é lenta. Os primeiros votos a chegar são das regiões mais nobres e centrais. A apuração na periferia começa a dar a vitória para a primeira prefeita mulher de São Paulo, como conta Rebelo. Em Guaianases, ela tem 41% dos primeiros votos apurados, João Leiva fica em segundo com pouco menos de 20% e Paulo Maluf fica em quarto, depois dos votos em branco.

Erundina vence com 29,84% dos votos, seguida por Maluf que fica com 24,45%. Leiva vem a seguir com 14,17% e o tucano Serra tem 5,59%, quase empatado com o candidato do PL João Mellão, que alcança 5,39%.

No mesmo dia em que a apuração termina, uma amiga liga para mim e fala que não estava acreditando. Para nós foi um alivio, iríamos ter uma mudança de rumo na CET.

Naquele ano, a festa de natal foi comemorada efusivamente, o coronel fez um discurso de despedida, disse que “São Paulo iria se arrepender da escolha, elogiou as Forças Armadas”.

Era o fim da gestão Jânio Quadros e um novo horizonte surgia para a CET e para o CETET em particular.

domingo, 13 de setembro de 2009

Saber viver

Domingos e feriados não tem postagem, mas apenas para relaxar leiam esta obra poética de Cora Coralina

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar

Cora Coralina

sábado, 12 de setembro de 2009

Conhecendo São Paulo 2

Observem nesse vídeo, logo no início o conflito entre pedestres e veículos, infelizmente muita coisa ainda não mudou, investir em educação é prioridade...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Maria e Rose – Serviço Social


Jamais poderia continuar contando minha história na CET sem mencionar a Maria e Rose, assistentes sociais da empresa.
O ano de 88 foi realmente muito difícil para mim. A empresa passando por aquela situação, ano da minha formatura no curso de Direito e o nascimento do meu segundo filho, José Luiz.
Quando Zé Luiz nasceu houve uma complicação pré-parto fazendo com que ele aspirasse liquido para o pulmão. Logo após o nascimento ele foi levado diretamente para a UTI. Meu mundo e minha vida ali sofreram um impacto. A Silvia e a Rosana correram para o hospital para nos dar apoio. Evidente que a situação foi parar no serviço social da CET e a Maria e Rose praticamente me adotaram. Fragilizado e sem rumo, além do apoio incondicional de meus amigos do setor, elas exerceram não apenas o papel de assistente social, mas assumiram o papel de amigas e foram fundamentais para minha família superar aquela situação.
A Maria já saiu da empresa, atualmente ela trabalha numa ONG ajudando jovens a encontrarem um caminho na vida; a Rose ainda trabalha no serviço social empresa e continua sendo minha protetora na CET.
Minhas amigas, sou eternamente grato, não apenas pela ajuda que vocês sempre me deram nos momentos difíceis, mas principalmente pela carinho e amizade que vocês sempre tiveram comigo.
Algumas pessoas entram e saem de nossa vida e não nos damos conta se foram importante ou não; outras pessoas por alguma razão assumem uma importância dentro da nossa alma que ficam para sempre.
Qualquer dia desses vou sair da CET, vou sair do CETET, afinal, tudo na vida é um ciclo, começo, meio e fim, no entanto, não importa onde vou estar, vocês sempre estarão comigo no meu coração.
Poderia passar dias escrevendo aqui toda a importância que vocês duas têm na minha vida, mas isso ficará como segredo entre nós.
Amo vocês para sempre.


O José Luiz sentado e rindo e o Rafael... meus dois filhos lindos que também fazem parte da história da CET, afinal, no futuro (e agora passado) ambos foram estagiário, como o pai.

Conhecendo São Paulo

Como era gostoso passear em São Paulo; lá você podia quase tudo, até gritar! As pessoas pareciam que não tinham pressa, era romântico e elegante tomar um chá no final da tarde. A história e as imagens da nossa cidade não podem ficar perdidas no tempo e no espaço...

Festa surpresa

Meu aniversário do distante ano de 1988 foi recheado de surpresas. Minha esposa combinou com as meninas da área uma festa surpresa para mim.
Bem, no sábado para que minha esposa Solange pudesse preparar a festa, um amigo meu fora do circuito da CET, Wilson, foi me buscar em casa e me convidou para almoçar com ele. Na minha mente ocorreu assim:
“Meu aniversário, meu dia, como não vai ter nada, vou beber todas aqui, chego em casa, tomo banho e vou dormir”.
E assim executei o plano!
Bebemos muito chopes. Fui para casa chapado e somente não cai porque a cadeira tem apoios laterais. Depois do banho a Solange pediu para eu vestir uma roupa que não era exatamente uma para dormir, pensei que ela quisesse comer algo, enfim, pensei um mundo de coisa, menos o que deveria ter pensado.
Nessa época morávamos em Santana, e de repente minha casa foi invadida por quase toda minha equipe de trabalho: minha chefe Cida, Rosana, Manuel Victor, Susana, Silvia, Rinaldo, Ilana, Eliane e o marido.

Esse garotinho no meu colo é meu filho Rafael, que já me deu dois netos e reside nos EUA. Olhem as meninas do setor...

O ano de 1988 teve um conteúdo especial para minha família: nosso segundo filho José Luiz (que tem hoje 21 anos) nasceu com um problema respiratório e vinha tendo sucessivas internações, inclusive em UTI’s e além disso a situação da CET já descrita aqui nos deixava bastante estressados. Portanto, aquela festa para mim era um momento de êxtase e desabafo.
Voltei a beber e descarreguei minha raiva ou stress na única pessoa que representava a repressão naquele momento: a chefe.
Contaram-me depois que falei muita bobagem engasgada, mas falei tudo que queria.
A festa acabou, não por esse motivo claro, a Cida foi embora e eu me perdi no porre.
O que minimizava a situação é que a partir daquela data eu estava em férias e não precisava ver imediatamente a cara da chefe, no entanto, ainda assim, liguei e me desculpei. Mas falei tudo que sempre tive vontade de falar.
Essa festa ainda hoje é invariavelmente lembrada pelos antigos do CETET e para mim dada às circunstâncias ela foi inesquecível.


esta foto aqui de baixo temos a Ilana, Susana, Rinaldo e Silvia que 4 anos depoois se casaram. A foto acima desta temos a Rosana e a Cida. A Eliane só nao apareceu porque alguém colocou o dedo ao fotografar.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Dia da Santa no CETET – Nossa Senhora Aparecida









Relata a história que o rio Paraíba, que nasce em São Paulo e deságua no litoral fluminense, era limpo e piscoso em 1717, quando os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves resgataram a imagem de Nossa Senhora Aparecida de suas águas. Encarregados de garantir o almoço do conde de Assumar, então governador da província de São Paulo, que visitava a Vila de Guaratinguetá, eles subiam o rio e lançavam as redes sem muito sucesso próximo ao porto de Itaguaçu, até que recolheram o corpo da imagem. Na segunda tentativa, trouxeram a cabeça e, a partir desse momento, os peixes pareciam brotar ao redor do barco.

Durante 15 anos, Pedroso ficou com a imagem em sua casa, onde recebia várias pessoas para rezas e novenas. Mais tarde, a família construiu um oratório para a imagem, até que em 1735, o vigário de Guaratinguetá erigiu uma capela no alto do Morro dos Coqueiros.Como o número de fiéis fosse cada vez maior, teve início em 1834 a construção da chamada Basílica Velha. O ano de 1928 marcou a passagem do povoado nascido ao redor do Morro dos Coqueiros a município e, um ano depois, o papa Pio XI proclamava a santa como Rainha do Brasil e sua padroeira oficial artigo (“ Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil”, CNBB, 1991).

A Nossa Padroeira não ficaria ausente do CETET, no dia 12 de outubro de 1988 a imagem dela numa gruta foi inaugurada no nosso espaço. Era uma manhã chuvosa e de muita festa. Observem na foto praticamente toda a equipe de trabalho do Treinamento. A Silvia que está abraçada comigo na foto é minha grande e inesquecível amiga.
O cerimonial resumiu a um discurso do coronel enaltecendo Nossa Senhora, uma missa celebrada por um padre da paróquia da Lapa e muita festa. Foi um dia especial e memorável na história do CETET.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Um passeio pela nossa cidade em 1987/1988

CET-PLAT


Após o processo de desmonte da CET, viramos PLAT- Planejamento e Assessoria de Tráfego,essa foi uma mudança que foi pouco sentida, afinal, mesmo consultando documentos oficiais da época dificilmente vamos encontrar algum papel impresso com o nome PLAT. No entanto, ainda assim a mudança aconteceu.
O CETET permaneceu o mesmo, não houve alteração da nomenclatura. A lição que ficou para muitos dos empregados antigos e que os novos relutam em entender, é que basta uma gestão ter vontade política para acabar com a CET no todo ou parte, que isso é perfeitamente possível!
O mais importante nesse processo todo é que os empregados foram dando novas diretrizes para empresa, fomos crescendo dentro das dificuldades, não nos abatemos diante da situação caótica e a educação foi assumindo seu verdadeiro papel diante da sociedade.
O curso de Direção Defensiva foi modelado dentro da área de Treinamento e para que um grupo mais experiente pudesse se dedicar somente na montagem, o outro grupo assumiu outras atividades. Boléia, Mauro, Toninha e a Sônia Carbone que eram técnicos muito mais experientes ficaram responsáveis pela formatação do curso.
Observando agora distante, olhando para o túnel do tempo, asseguro que ali houve uma verdadeira equipe de trabalho, dividida em várias atividades, mas com foco num objetivo: trabalhar para o bem da coletividade. Pode parecer poético, mas a verdade é que jamais deixamos de fazer o que tínhamos que executar diante da dificuldade apresentada.
Nesse sentido, todos tiveram seus méritos, coronel Horus, Cida Tugnolo e a Helena Raymundo.
Meu cargo na ocasião era Controlador Administrativo, o equivalente hoje ao Assistente Administrativo, não ao do instrutor, mas o abaixo, e ainda assim foi me dada a oportunidade de participar ativamente de todas as atividades.
A resposta que foi do nosso grupo para a crise só tem um nome: TRABALHO!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Praça da Sé – encontros na banca

O fantasma da demissão chegou como um torpedo na CET. As primeiras listas com nomes de funcionários demitidos começaram a ser publicadas no Diário Oficial do Município aos sábados. Vejam vocês, que sofrimento! Estamos falando de uma época em que não havia internet ou mensagens de textos, muito menos celular. Portanto, para saber se seu nome estava impresso no DOM antes da segunda, só existia um meio:
Ir para a Praça da Sé e consultar o DOM. Aí então existia uma corrente. Aquela pessoa que conseguia saber os nomes ia num orelhão da TELESP e ligava para os demais. Conversando depois com uma pessoa do CETET que madrugava na Sé, ela me disse que era uma situação que podia ir do êxtase ou a completa agonia, dependendo da noticia. Aqueles que não tinham telefone em casa, deixava um número de telefone do vizinho, da sogra e etc.

Pessoalmente confesso que fiquei muito assustado, embora o Jânio um ano antes publicou um decreto proibindo demissão do serviço público de servidor com deficiência, entretanto, como ele era instável fiquei muito tenso.
Os amigos foram indo embora, alguns conseguiam voltar, mas enfim, foi uma situação tensa.
Num sábado dessas publicações houve um acontecimento inusitado: todos os gerentes e supervisores da CET foram demitidos, sem exceção. Chegamos na segunda no CETET e não havia nenhum chefe nas áreas. Azambuja, Cida, Helena, Patrício, Virgínia Collaneri e outro que não lembro o nome foram demitidos. O coronel chegou e mandou todos os supervisores voltarem para suas respectivas salas, porque ele reverteria as demissões. Lembro-me que estava lendo a Folha e naquele tempo o jornal divulgava a agenda do dia seguinte do prefeito e do governador e num determinado horário do final da tarde da terça-feira lá estava o nome do coronel Horus Azambuja. De fato, o coronel reverteu às demissões e todos que eram seus amigos continuaram trabalhando normalmente.
As demissões foram se sucedendo, a CET foi sendo lentamente dizimada, cedendo lugar a uma nova empresa que surgira depois: PLAT – Planejamento e Assessoria de Tráfego.





sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Nova postagem

Informo às pessoas que estão acompanhando o blog que em razão do feriado prolongado a nova postagem ficou para 08.09. Bom feriado a todos!!!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A CET no contexto da gestão Jânio Quadros

Jânio foi um prefeito que marcou muito a CET, portanto, fazer qualquer análise da CET sem mencionar a gestão da prefeitura e sua figura emblemática ficaria incompleta.
Lembro-me que numa entrevista que Jânio concedeu à Rede Manchete (atual Rede TV): questionado sobre o programa de governo que iria adotar na prefeitura, respondeu mais de uma vez: "Eu sou o programa." Ao mesmo tempo, fez muitas promessas e acabou definindo um programa "informal" que incluía o retorno dos velhos bondes, a criação de uma guarda municipal, a implantação do monotrilho e a transferência da companhia do metrô para a prefeitura. Comprometeu-se, ainda, a criar subprefeituras a ele diretamente subordinadas e não mais administrações regionais, e que elas agiriam com total independência, inclusive orçamentária. A ideia era manter uma administração municipal aberta à população como no passado, quando Jânio recebia as pessoas no seu gabinete, retomando as audiências públicas, a exemplo do que fez quando prefeito em 1953, segundo consta no livro “O governo Jânio Quadros”, de Maria Vitória Benevides. Essas audiências públicas não aconteciam como previsto, era necessário conhecimento com algum vereador, como o Brasil Vita, por exemplo.
Sua administração foi marcada por medidas de impacto e por manifestações de protestos. Já nos primeiros meses de sua gestão, Jânio anunciou a decisão de demitir 12 mil servidores municipais. Em reação, foi realizada uma manifestação de protesto que reuniu cerca de mil funcionários públicos em frente ao gabinete do prefeito, no parque Ibirapuera (fonte: Almanaque Folha). O objetivo era conseguir uma audiência com Jânio, visando a revogação dos decretos que definiam a dispensa dos servidores. Evidentemente que a CET seria afetada por essa decisão.
Por algum motivo Jânio em inúmeras oportunidades afirmava que não gostava da forma como CET trabalhava. Naquele tempo a CET atuava na engenharia e educação de trânsito, a fiscalização de rua era feita pelo CPTRAN – Comando de Policiamento de Trânsito. No entanto, a educação agia de forma muito tímida, algumas ações pontuais da área de Educação, sob supervisão da Helena Raymundo, os cursos do Treinamento e algumas campanhas. A Engenharia trabalhava melhor, devido a alocação de recursos e assim procurava organizar o trânsito, que já era bem complicado.
O ano de 1987 foi marcado por outras manifestações: tivemos manifestação do MST na Zona Leste da cidade e o que mais nos interessava, manifestações dos servidores pedindo aumento salarial. Algumas greves começaram a pipocar, principalmente nas áreas de educação e saúde.
A CET ficava inerte nesse meio, a repressão interna dentro da empresa era muito forte, qualquer reivindicação por salário ou condição de trabalho renderia demissão.
Mas, independente de qualquer situação, as demissões em massa chegaram na CET.
Portanto, com um olhar mais crítico nos dias atuais, observo que aquele momento de terror pelo qual passamos, correndo para ver se seu nome estava no Diário Oficial não era um ato isolado da CET, era isto sim, um ato contra toda a Administração Pública e a nossa empresa estava no contexto geral daquela gestão, porém, que ele tinha uma reserva contra a CET, isso havia mesmo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Valdir - o gordo

Alguns empregados estarão para toda vida guardado em nossos corações. O Valdir será um deles. A imagem dele está viva dentro de mim, mas não tenho nenhuma foto. Ele foi demitido do CETET nesse ano de 87, sem motivo algum, talvez pelo fato de ser autêntico, por falar a verdade ou por ter sido um supervisor que jamais colocou seu empregado na linha do tiro.
Obeso, fumante e muito alegre, geralmente falava que iria me largar no alto da rua Paraíso e ficaria me esperando na parte final...Ele era supervisor da área de Pesquisa, e quando ele saiu o CETET ficou mais triste.
Jamais vou esquecer um fato que aumentou ainda mais minha admiração por ele: depois de um tempo fora da CET, ele foi nos visitar. Conversávamos todos numa sala quando o segurança foi pedir para que ele se retirasse do prédio. Perguntamos se havia um motivo específico e o segurança constrangido falou que era “ordem do coronel”, para que ninguém fosse prejudicado, ele foi embora.
A saída do Valdir Gonzáles foi um ato de pura perseguição; ele não tinha ligação partidária e era um profissional brilhante. Depois que ele foi demitido, a impressão que ficou em mim é que a vida dele jamais foi a mesma. Não conseguia trabalhar em outro lugar, porque já tinha mais de 50 anos e viu a vida passando...passando...
A última vez que o vi foi na Praça da Sé, em 1989, estava indo fazer o exame da OAB e nos encontramos. Ele me deu um abraço, tomamos um refrigerante, conversamos rapidamente e dois anos depois ele se foi...
Não fui ao seu velório, mas a Virginia dos Reis disse depois que provavelmente ele devia estar rindo da cara de todos ali, afinal, um velório pode ficar bem para qualquer um de nós, mas jamais para uma pessoa como o Valdir.
A demissão do Valdir marcou o início do inferno e das tempestades que atingiriam a CET a partir de então.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Horus Azambuja


Observamos na foto acima um grande espaço vazio onde hoje está localizado o EVT-Caio Graco. Olhando hoje nem parece que ali um dia havia um grande terreno onde alguns funcionários cultivavam hortas.
O coronel Azambuja foi um personagem folclórico dentro da CET, ele gritava, esbravejava, dava soco na parede e etc. Ele tinha uma mania que era ver todos os empregados sentados à sua mesa e lendo algo. Particularmente eu colocava um monte de folhas inúteis sobre a mesa que até hoje não sei se serviam para algo, penso que não. As pessoas viviam aprisionadas em suas salas e circular pelo CETET exigia um motivo, seja ele qual for.
As reuniões que ele fazia com todos os empregados no saguão podiam virar motivos de risos, medo e angústia, ele tinha o péssimo hábito de chamar a atenção do empregado na frente de todos, isso para mostrar poder, hierarquia da relação. Vi muitos de meus amigos serem injustamente submetidos a humilhação. O coronel ao longo do tempo dividiu o CETET entre aqueles (ou aquelas) que o amavam e os outros que o odiavam. Quanto a mim, fiquei mais propenso ao segundo grupo, não exatamente por algo pessoal que ele tenha feito, porém, como ele um dia me disse que jamais me promoveria, uma vez que fui parar no CETET sem autorização dele, isso reforçou a minha posição.
É incrível como algumas coisas resistem ao tempo: até hoje na CET ainda existem as “viúvas do coronel”, algumas mulheres que ainda acham que ele fez uma excelente gestão, o que não é verdade. O CETET embora tenha se tornado superintendência, isso não trouxe a educação para uma melhor posição; ainda o curso de táxi era o carro chefe e o curso de cobrador de ônibus e as atividades da ação comunitária foram extintas, portanto, o benefício de virar superintendência era mais pessoal do que coletivo.
Quanto a nós do Treinamento vivíamos praticamente dentro da sala de aula, considerando que o número de alunos de táxi era muito grande e somente o CETET era autorizado a dar o curso.
O curso era formatado em 5 dias de aulas (geralmente de segunda – feira à sexta-feira). Vou confessar um fato: as aulas de guia ou de P.S. configuravam-se como um verdadeiro tormento para mim, mais adiante e com mais experiência negociei essas aulas com alguns amigos.
O coronel Horus preocupava-se com o curso e o que acontecia em sala de aula. Havia uma suspeita que alguns alunos eram pessoas que depois passavam informações para ele, no entanto, nunca houve qualquer incidente, porque o time que dava o curso era estritamente profissional e não levávamos para sala de aula qualquer assunto relacionado à política ou a gestão Jânio.
Olhando agora para o passado com uma visão mais profissional, devo dizer que foi muito enriquecedor trabalhar com uma figura lendária como o coronel. Embora ele fosse rígido, severo nas relações, talvez por força da formação, no mais era uma pessoa de boa conversa, um homem culto. Evidente que a visão dele era bem diferente do momento histórico de 1987, mas as diferenças devem ser respeitadas e o coronel foi sem dúvida nenhuma, o único superintendente do CETET que é comentado até hoje.
É isso..