Ally e Ryan

Ally e Ryan

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Nordeste concentra maior percentual de população com deficiência, mostra IBGE

O Nordeste é a região com maior percentual da população que apresenta pelo menos um tipo de deficiência, segundo novos dados do Censo 2010 divulgados nesta sexta-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará lideram o ranking.


De acordo com a pesquisa, 21,2% da população da região declarou ter deficiência visual; 5,8%, deficiência auditiva; 7,8%, deficiência motora e 1,6%, deficiência mental ou intelectual.

Entre os Estados, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará apresentavam em 2010 os maiores percentuais de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas (visual, motora e auditiva), sendo os dois primeiros com 27,8% cada e o último com 27,7%.

As menores incidências de pessoas com pelo menos uma das deficiências se encontravam em Roraima (21,2%), na região Norte, Santa Catarina (21,3%), no Sul do país, e Mato Grosso do Sul (21,5%), no Centro-Oeste.

Em 2011, parte dos dados revelados pelo Censo sobre a população com deficiência mostrou que 17,7 milhões de brasileiros, ou 6,7% da população, declararam possuir pelo menos uma deficiência "severa" em 2010 --de acordo com o IBGE, severa se refere à população que não enxerga nada no caso da deficiência visual, por exemplo. Em 2000, o índice foi de 4,2%. Quanto aos números gerais, em 2010, 23,9% brasileiros declararam possuir ao menos uma deficiência, ante 14,3% em 2000.

Segundo explica o IBGE, parte do aumento nos números pode ser explicado pela mudança na forma de fazer as perguntas. A pergunta sobre deficiência visual no Censo 2000, por exemplo, era: "Como você avalia a sua capacidade de enxergar?". Em 2010, mudou para: "Você tem alguma dificuldade para enxergar?". Em relação à deficiência motora, a pergunta mudou de "Como você avalia a sua capacidade de caminhar ou subir degraus?" (2000) para "Tem dificuldade permanente de caminhar ou subir degraus?" (2010).

Censo 2010

Participaram do Censo 2010 cerca de 190 mil recenseadores, que visitaram os mais de 5.565 municípios brasileiros entre 1º de agosto a 31 de outubro de 2010. Os primeiros dados da pesquisa, que identificou uma população de 190 milhões de brasileiros, foram revelados em abril de 2011. Ao longo de 2012, serão produzidos novos resultados, apresentados em volumes temáticos.

Números divulgados pelo IBGE

Nota: deficiência mental = deficiência intelectual



Nota: deficiência mental = deficiência intelectual

Fonte: IBGE

terça-feira, 24 de abril de 2012

Crianças frágeis?

AUGUSTO DUTRA GALERY

Em nossas conversas com pais e educadores, frequentemente surgem falas sobre o medo de que as crianças com deficiência ou transtornos globais de desenvolvimentos (TGD), que estudam em escolas regulares, sofram assédio das outras crianças por serem diferentes. Esse discurso aparece na esfera das políticas públicas, quando pais e organizações pressionam os representantes governamentais pela defesa dessas crianças por meio de sua institucionalização segregada.

Esse medo não é completamente infundado e suas raízes são explicadas pelo caráter dos grupos. A escola, como espaço privilegiado da socialização infantil, torna-se o palco onde se ensaiam os comportamentos grupais. E, se é verdade que as pessoas se unem a partir de suas semelhanças, também é verdade que muitos grupos se unem com o intuito de afastar as diferenças. Participar de um grupo, nesse sentido, é odiar o mesmo adversário (tese defendida por pensadores como Hobbes e Freud). Por essa razão, os preconceitos são tão difíceis de serem extintos: é necessário um forte trabalho da razão para combater nossos impulsos primários, ao mesmo tempo infantis, egocêntricos e destrutivos.

Mas, apesar dessa ameaça ser real, ela não atinge apenas as crianças com deficiência. Qualquer diferença bastará, como comprovam os estudos sobre o bullying escolar. Usar óculos, estar acima do padrão do peso, ser tímido, não gostar de futebol – esses fatos já são suficientes para que uma criança seja assediada pelos chamados “valentões” da escola, em geral crianças que almejam conseguir benefícios sociais a partir de sua valentia.

Tal fato nos leva a duas questões: em primeiro lugar, o bullying é um problema da comunidade escolar, e não um ônus exclusivo da sua vítima. Ao se retirar do convívio o assediado, garante-se a vitória da agressão, já que o agressor pretendia, exatamente, eliminar a diferença.

Em segundo, mostra um “pré-conceito” bastante comum no Brasil: a crença de que a criança com deficiência é mais frágil, em termos psicossociais, do que seus pares sem deficiência. Dessa forma, essa criança precisa ser defendida das crueldades da vida – crueldades que todos os outros enfrentam diariamente – por não ser capaz de suportá-las.

Assim, é necessário refletir a respeito de nossas posições frente a essas questões. Acredito, por um lado, que o bullying, quem quer que seja sua vítima, é um problema social que precisa ser tratado a partir da ótica da inclusão – modificar a sociedade para receber qualquer um – e não da exclusão – onde apenas os mais fortes sobrevivem. É papel da sociedade atuar sobre o agressor, dando-lhe um parâmetro adequado de atuação e de valores sociais, para garantir o lugar de todos.

Por outro lado, é preciso acreditar que qualquer criança se desenvolve, inclusive psicossocialmente. As pessoas com deficiência se superam a cada dia, da mesma forma que todas as outras. Esse é um dos fatores dentre os que devem ser cuidados para que cada criança possa realmente atingir seu pleno potencial.

Augusto Dutra Galery, pesquisador do Instituto Rodrigo Mendes e coordenador do projeto DIVERSA, psicólogo, mestre em administração, doutorando em psicologia social e especialista em Sociedade Inclusiva.

sábado, 21 de abril de 2012

Poesia - INCLUSÃO E AMOR

A poesia abaixo foi escrita por mim e pela minha aluna querida Vania de Castro:



INCLUSÃO E AMOR


Vania de Castro e Ari Vieira

Nas diferenças, harmonia


Na diversidade, equilíbrio

Por que incluir?

Por que conhecer?

Vida digna para todos!

Na simplicidade, gesto acolhedor

Na linguagem, ação sem preconceitos

Porque incluir?

Por que conhecer?

Vida digna para todos!

Aceitar a diferença

E dela desfrutar o amor

Incluir é a nossa missão

E aceitar é o nosso desafio!

Vida digna para todos!

Sempre com afeto, ética e emoção

Autêntico compromisso entre pessoas

Que num entrelaçar de mãos

Fortalecem o encontro e a comunhão

Vida digna para todos!

Incluir para sentir

A paixão e o coração

Motivos da alma

Grandeza da aproximação

Vida digna para todos!

Sensibilidade à flor da pele

Basta escutar, enxergar, sentir

Para isso é necessário olhar, tocar, ouvir

Despir-se das amarras e incluir

Vida digna para todos!

Incluir para equiparar

Viver...

Sonhar

Realizar!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Conceitos mais utilizados no universo das Pessoas com Deficiência

A construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com a linguagem. Na linguagem se expressa, voluntariamente ou involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação às pessoas com deficiências.

Pessoas com deficiência - são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelec¬tual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas. (Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, art. 1º, ONU).

Pessoa com Mobilidade Reduzida – é aquela que, temporária ou permanentemente, tem limitada a sua capacidade de se relacionar com o meio e de utilizá-lo. Nesse conjunto de pessoa com mobilidade reduzida estão aquela com deficiência, a idosa, a obesa, a gestante, entre outros. (NBR 9050, 2004). E ainda, são as pessoas que, mesmo não se enquadrando no conceito de pessoa com deficiência têm permanente ou temporariamente e por qualquer motivo, dificuldade de se movimentar, gerando a efetiva redução da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. (Decreto Federal, nº 5.296/2004, art. 5º, inciso II, Boletim Técnico nº 40, CETSP, Mobilidade Urbana Sustentável, Flávia Maria de Paiva Vital).

Educandos com necessidades especiais – de acordo com Resolução CNE (Conselho Nacional de Educação)/CEB (Câmara de Educação Básica) Nº 2, de 11 de setembro de 2001 os educandos que apresentam necessidades educacionais especiais são aqueles que, durante o processo educacional, demonstram:

I - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos:

a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica;

 b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências;

II – dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis;

III - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.

Discriminação por motivo de deficiência - significa qualquer diferenciação, exclusão ou restrição base¬ada em deficiência, com o propósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o gozo ou o exercício, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer outro. Abrange todas as formas de discriminação, inclusive a recusa de adaptação razoável. (Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, art. 2º, ONU).

Adaptação razoável- significa as modificações e os ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais. (Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, art. 2º, ONU).

Desenho universal - significa a concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados, até onde for possível, por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico. O “desenho uni¬versal” não excluirá as ajudas técnicas para grupos específicos de pessoas com deficiência, quando necessárias. (Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, art. 2º, ONU).

Autonomia – é a condição de domínio no ambiente físico-social, preservando ao máximo a privacidade e a dignidade da pessoa que a exerce. Ter maior ou menor autonomia significa que a Pessoa com Deficiência, com ou o uso de tecnologia assistiva, tem maior ou menor controle nos vários ambientes que ela queira e/ou necessite freqüentar para atingir seus objetivos. . (Instituto para a participação social das pessoas com deficiência)

Independência – É a faculdade de decidir sem depender de outras pessoas (membros da família ou profissionais especializados, por ex.). Uma Pessoa com Deficiência pode ser mais ou menos independente em decorrência não somente da quantidade e qualidade de informações, mas também da sua autodeterminação e/ou prontidão para tomar decisões numa determinada situação. (Instituto para a participação social das pessoas com deficiência)

Empoderamento – o processo pelo qual uma pessoa, ou um grupo de pessoas, usa o seu o seu poder pessoal para fazer escolhas e tomar decisões, assumindo assim o controle de sua vida. Para o educador Paulo Freire, “a pessoa, grupo ou instituição empoderada é aquela que realiza por si mesma, as mudanças e ações que a levam a evoluir e se fortalecer.

Tecnologia Assistiva - é um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de Recursos (bengala, cadeira de rodas, computadores, softwares e hardwares especiais, que contemplam questões de acessibilidade, etc) e Serviços (São aqueles prestados profissionalmente à pessoa com deficiência visando selecionar, obter ou usar um instrumento de tecnologia assistiva. Como exemplo, podemos citar avaliações, experimentação e treinamento de novos equipamentos. Os serviços de Tecnologia assistiva são normalmente transdisciplinares envolvendo profissionais de diversas áreas, tais como fisioterapia, TO, etc), que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e conseqüentemente promover Vida Independente e Inclusão.

É também definida como "uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os problemas encontrados pelos indivíduos com deficiências" (Cook e Hussey • Assistive Technologies: Principles and Practices • Mosby – Year Book, Inc., 1995).

Acessibilidade - assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à in¬formação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural. (Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, art. 9º, ONU).

Acessibilidade: Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos. (NBR 9050:2004)

Mobilidade Urbana: “É um atributo das cidades e se refere à facilidade de deslocamentos de pessoas e bens no espaço urbano. Tais deslocamentos são feitos através de veículos, vias e toda a infra-estrutura (vias, calçadas, etc.) que possibilitam esse ir e vir cotidiano. (...) É o resultado da interação entre os deslocamentos de pessoas e bens com a cidade. (...)” (Anteprojeto de lei da política nacional de mobilidade urbana, Ministério das Cidades, 2. ed, 2005)

Sustentabilidade : A sustentabilidade, para a mobilidade urbana, é uma extensão do conceito utilizado na área ambiental, dada pela “capacidade de fazer as viagens necessárias para a realização de seus direitos básicos de cidadão, com o menor gasto de energia possível e menor impacto no meio ambiente, tornando-a ecologicamente sustentável”. (BOARETO, 2003).

Barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação, classificadas em:

a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público;

b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior das edificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas internas de uso comum nas edificações de uso privado multifamiliar. (art. 8º, inciso II do Decreto 5296/04).

terça-feira, 17 de abril de 2012

Educação Inclusiva: Barreiras e Soluções



ROMEU KAZUMI SASSAKI

É consultor de educação inclusiva, ativista em direitos da pessoa com deficiência e autor do livro “Inclusão: Construindo uma sociedade para todos”.

Se vista como um produto, a educação inclusiva representa a vitória sobre todos os tipos de barreira que tentam inviabilizá-la ao longo da sua implementação.

Se vista como um processo, a educação inclusiva é um poderoso instrumento capaz de transformar um sistema educacional, passando-o gradativamente de excludente para includente.

Em ambas as visões, estão presentes, implicitamente, todos os aspectos educacionais que precisam ser: ou mantidos como são, ou melhorados, ou substituídos, ou acrescentados, e todas as barreiras que dificultam ou impedem essas ações.

Durante quase duas décadas, - tomando 1994 como o ano em que, no Brasil, foram iniciadas as primeiras tentativas de implementação do conceito de escolas inclusivas em ações isoladas e, às vezes, precariamente instruídas – tenho ouvido críticas e elogios a respeito da educação inclusiva, como produto e processo, igualmente.

Nesse mesmo período, tenho testemunhado ou tomado conhecimento de experiências bem-sucedidas, parcialmente exitosas e totalmente fracassadas. A que barreiras poderíamos atribuir esse fracasso parcial ou total?

Após observar e estudar relatos escritos ou falados sobre essas experiências e comparando-as com as que vivenciei diretamente no meu trabalho de consultoria em educação inclusiva, proponho-me a oferecer as seguintes soluções, considerando que as barreiras podem ser de natureza quantitativa e qualitativa:

1) As barreiras quantitativas se referem à falta de abrangência das ações de implantação da inclusão sobre o total de escolas comuns, públicas e particulares, existentes em todos os municípios do País. Esta falta revela o fato de que boa parte dos recursos financeiros destinados à educação está sendo utilizada para outros fins. Solução: Despertar a vontade política de governantes e gestores, em todas as regiões brasileiras, no sentido de tornar inclusivos os respectivos sistemas educacionais.

2) As barreiras qualitativas se referem à inadequação das práticas pedagógicas e administrativas levadas a efeito nas escolas comuns que foram e/ou estão sendo escolhidas para se tornarem inclusivas. Solução: Inserir nessas práticas a realização dos seguintes princípios: (A) Singularidade. Cada aluno é único; portanto, a escola precisa traçar metas individualizadas juntamente com o aluno e/ou a família dele. (B) Inteligências múltiplas. O professor, ao ensinar o conteúdo de sua disciplina, precisa estimular e utilizar o cérebro inteiro de cada aluno. (C) Estilo de aprendizagem. O professor, ao preparar suas aulas, precisa pensar em atingir o modo como cada aluno aprende melhor. (D) Avaliação da aprendizagem. A escola precisa adotar o sistema baseado em ipseidade (comparar a avaliação de cada aluno com as outras avaliações do mesmo aluno e não de outros alunos), em continuidade (todas as aulas servem como fontes de evidência do aprendizado) e em inclusividade (avaliar para incluir e não para excluir o aluno). (E) Coerência. A escola inteira precisa adotar atitudes inclusivas: os professores e os funcionários precisam passar por capacitações periódicas sobre educação inclusiva.

domingo, 15 de abril de 2012

Audiodescrição - Descreva objetivamente


Permita aos ouvintes formarem suas próprias opiniões e tirarem suas próprias conclusões. Não editorialize, não faça inferências, não explique, não analise, nem tente “ajudar” de, algum modo, os ouvintes.

No entanto, estas regras não impedem de usar as notas que antecedem a apresentação para explicar algo que a audiência vidente facilmente percebe, mas que seria difícil para os ouvintes da áudio-descrição imaginar, sem informações adicionais. Por exemplo, a maior parte da audiência vidente vê como os bonecos em forma de planta em Little Shop of Horrors agem e passam a “acreditar” nas plantas carnívoras da história. Será apropriado dar aos ouvintes esta mesma oportunidade.

Se a conclusão for de que certo personagem está com raiva, descreva o que levou você a tal conclusão – os gestos/expressões faciais do personagem. O humor do personagem, motivos ou raciocínio não são visíveis e, assim, não são sujeitos a serem descritos.

Use apenas adjetivos e advérbios que não ofereçam juízos de valor e que não sejam eles próprios sujeitos à interpretação. “Lindo” diz apenas que alguma coisa não é feia. Mas o que exatamente torna alguma coisa linda? Em vez de dizer que a pessoa, roupa, objeto são lindos, descreva as coisas observadas que causaram a sua ilação – de modo que os ouvintes possam tirar a sua própria conclusão.

É mais interessante nomear os itens de uma bagunça se o tempo permitir do que dizer. “O sótão está bagunçado”. Não tome uma série de eventos, ações, imagens e os descreva como um só.

Ao descrever tamanhos, arredonde para o número mais próximo, de sorte a oferecer aos ouvintes números que sejam mais fáceis de ouvir e compreender. Não acrescente “em torno de” ou “aproximadamente” para qualificar as dimensões estimadas – isto apenas sobrecarrega o texto com excesso de palavras, o que dificulta a compreensão.

Quando a piscina no palco possuir 3,55m de comprimento e 1,82m de largura, 1m e 9cm de profundidade, os ouvintes irão mais facilmente “visualizar” o tamanho da piscina quando ouvirem uma descrição menos maçante, do tipo: “3 m e meio de comprimento, 1 metro e oitenta de largura e 1m de profundidade.”

Use a primeira pessoa quando o diretor houver criado um ponto de vista de “primeira pessoa” como um meio de incluir a audiência. Esta sensação é parte da experiência dos membros videntes da audiência, e deve ser compartilhada com os membros ouvintes. Isto permite aoáudio-descritor evitar mencionar “a audiência” quando, por exemplo, um personagem se volta para o público. O mesmo é aplicado para outras ações, efeitos, etc.

Diga, “Ela se volta para nós” em vez de “Ela se volta para a audiência.” “A luz do flash dele brilha em nossos olhos.” O mesmo se aplica à descrição de filmes e vídeos – “o tubarão nada em nossa direção,” não “o tubarão nada em direção à câmera” ou “nós nos movemos através da floresta” em vez de “a câmera se move através da floresta.”

terça-feira, 10 de abril de 2012

Internada há 36 anos em UTI lança livro de memórias escrito com a boca

CLÁUDIA COLLUCCI



DE SÃO PAULO


Especial para a Folha

Faz 36 anos que Eliana Zagui vive deitada num leito de UTI do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Vítima de paralisia infantil aos dois anos, ela perdeu os movimentos do pescoço para baixo. Respira com ajuda de equipamentos.

Na cama, a menina se formou no ensino médio, aprendeu inglês, italiano, fez curso de história da arte e tornou-se pintora. Tudo isso usando a boca para escrever, pintar e digitar. Hoje, lança (só para convidados) seu primeiro livro: "Pulmão de Aço - uma vida no maior hospital do Brasil" (Belaletra Editora).

Pulmão de aço é o nome de uma máquina, inventada na década de 1920, parecida com um forno. As pessoas com insuficiência respiratória eram colocadas dentro dela, com a cabeça de fora.

Eliana ficou cinco dias lá dentro, mas não funcionou. A pólio havia paralisado completamente o diafragma e a deglutição. Ela teve, então, que ser conectada para sempre a um respirador artificial. Só consegue ficar poucas horas longe do aparelho.
Marisa Cauduro/Folhapress
Eliana Zagui,38, é vítima de paralisia infantil e desde de um ano e meio mora no Hospital das Clinicas

Entre 1955 e o final da década de 70, 5.789 crianças vítimas da pólio foram internadas no HC. Sete delas, atingidas com mais severidade, ficavam lado a lado na UTI. "Nós nos apegávamos um ao outro, como numa grande família. Era a única maneira de suportar aquilo tudo", lembra Eliana.

Da turminha, só sobreviveram ela e Paulo Machado, 43, que divide o quarto com a amiga e cuja história de vida também aparece no livro. "A Eliana é minha irmã, a minha família. Tem temperamento forte. Quando vejo que ela está brava, coloco os fones de ouvido e fico na minha", diz.

Eles poderiam viver com suas famílias, com o apoio do hospital. Mas nunca houve interesse por parte delas. Os parentes raramente os visitam. "Não me magoo mais. Já sofri muito e hoje aprendi que cada um é cada um."

Eliana e Paulo passam a maior parte do tempo na internet. Ela gosta de sites de relacionamentos, de pintura e artesanato. Paulo é aficionado por cinema. Está envolvido na produção de uma animação cuja protagonista é Teca, o apelido carinhoso pelo qual chama Eliana. E, para ela, o amigo é o Teco.

Quando é necessário, ele faz as vezes de irmão mais velho. "Dias atrás, eu me irritei no Face [Facebook] e postei uma mensagem malcriada. O Paulo viu e me chamou a atenção", conta Eliana, que chegou a ter 3.000 amigos virtuais. "Fiz uma limpa no final do ano e só deixei uns cem. Agora tenho uns 300, mas preciso limpar de novo."

A saudade dos amigos reais, os quais viu morrer um a um, é o que mais a entristece. "Foram momentos tão bons. Mas não voltam mais."

No livro, ela relata que flertou com o suicídio. "Avaliava as possibilidades: arrancar a cânula da traqueia com a boca, cortar ou furar o pescoço." E encerra com humor. "Descobrimos que até para morrer antes da hora precisamos da ajuda de alguém."

Eliana diz que, volta e meia, essas ideias ainda a visitam, mas que hoje tenta aliviar suas angústias nas sessões semanais de análise.
Marisa Cauduro/Folhapress


Eliana Zagui, que desde os dois anos vive em hospital, escreve em seu livro dedicatória


Pergunto se sonha em viver na casa dos pais. "Não. Eu iria estagnar", responde convicta. Mas, sim, ela sonha em morar fora do hospital.

Em dezembro último, pela primeira vez em 36 anos, passou o Natal fora do HC, na casa de amigos. Foi de maca e com respirador artificial portátil. "Foi uma experiência ótima, indescritível."

Quanto ao livro, Eliana diz esperar que ele ajude "aqueles que não querem nada com a vida". "É claro que cada um tem as suas dores. A minha desgraça não é maior que a sua nem a sua é maior que a minha. Mas é sempre bom poder aprender a tirar o que vale a pena da vida."

PULMÃO DE AÇO

AUTORA Eliana Zagui

PREÇO R$ 36

PÁGINAS 240

EDITORA Belaletra

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Documentário - "De Ouvido na Tela"

08 sesi

Audiodescrição - princípios fundamentais.

Descrição da imagem: figura com as iniciais AD referindo-se a audiodescrição

Descreva o que você vê.

Esta é a primeira regra da descrição: o que você vê é o que você descreve. Você vê aparências físicas e ações; não vê motivações, ou intenções. Nunca descreva o que você acha que vê.

Nós vemos “Maria cerra os pulsos.” Não vemos “Maria está com raiva” – ou pior: “Maria está com raiva de João.”

Assista antecipadamente ao material com um olhar que busca incluir as informações visuais inacessíveis às pessoas com deficiência visual, cegas, ou com baixa visão. Tais informações devem abranger, entre outros, elementos-chave da trama como: pessoas, locais, ações, objetos, fontes sonoras incomuns (as não mencionadas no diálogo, nem auditivamente identificáveis pelo espectador).

Concentre-se no que for o mais significativo e menos óbvio do diálogo, ou de outra informação de áudio. Descrever tudo é impossível, assim, descreva o que é essencial no tempo permitido. Mencione quem atende ao telefone – não que o telefone está tocando. Não é necessário descrever pistas sonoras óbvias.

Descreva elementos essenciais e, então, se o tempo permitir, descreva os demais elementos tais como os detalhes decorativos dos cenários, a aparência física e maneirismos dos personagens, arquitetura, estilo de roupas, tecnologia, cor, iluminação e textura. Este tipo de descrição funciona bem durante pausas longas na ação, ou durante mudanças de cenas.

A audiodescrição nunca deve completar cada intervalo de fala disponível. Menos é mais. A audiodescrição não é um comentário contínuo. Os espectadores devem ter a chance de ouvir as emoções, nas vozes dos atores e na tensão dos silêncios entre os personagens.

Certifique-se de descrever, o mais sutilmente possível, a aparente insignificância de elementos que a audiência vidente observará, sem saber de sua importância posterior.

Por exemplo, descreva que Maria está mexendo numa arma e, então, a coloca na gaveta de cima da escrivaninha. Mais tarde, estando João e Maria envolvidos numa discussão, e Maria for em direção à escrivaninha, a audiência vidente suspeitará que ela foi em direção à arma. Descrevendo as duas ações, os espectadores ouvintes podem estar juntos com os primeiros na antecipação de suspense.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Audiodescrição


A audiodescrição ajuda a assegurar que as pessoas que são cegas ou têm baixa visão usufruam de igual acesso a eventos culturais, provendo a informação visual essencial. A audiodescrição utiliza as pausas naturais no diálogo ou intervalos na narração para inserir descrições dos elementos visuais essenciais: ações; aparências dos personagens; linguagem corporal; vestimentas; cenários; iluminação; etc. As descrições são transmitidas através de um fone de ouvido sem fio, a fim de permitir que as pessoas com deficiência visual possam sentar-se em qualquer lugar no auditório.

As diretrizes para a áudio-descrição refletem a origem desta como um meio de tornar acessíveis as apresentações de teatro ao vivo; contudo, o espírito desses princípios aplica-se a quase todas as situações de áudio-descrição. Outras formas de arte e mídia requerem variações desses princípios originais, os quais serão discutidos em seções separadas mais adiante neste documento.

domingo, 1 de abril de 2012

02 de abril - Dia Mundial do Autismo

Estima-se que desde 2007 o Brasil tenha aumentado seus casos de autismo na população para 1 milhão. Segundo a Revista Autismo, no mundo, há mais de 35 milhões de casos, afetando a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem. Nesta segunda-feira (02) é celebrado o Dia de Conscientização Mundial do Autismo e tenha como objetivo esclarecer a população sobre o transtorno.

O Brasil fez o maior evento de sua história para a data no ano passado em todos os Estados. Para que seja celebrado o dia, monumentos serão iluminados de azul na data, como o Cristo Redentor (no Rio de Janeiro), a Ponte Estaiada, o Viaduto do Chá, o Monumento à Bandeira, a Fiesp e a Assembleia Legislativa (em São Paulo), a torre da Unisa do Gasômetro (em Porto Alegre), o prédio do Ministério da Saúde (em Brasília) e muitos outros.

Em Alagoas, as comemorações acontecem na capital. A Associação dos Amigos do Autista (AMA) realizam na manhã e tarde palestras em várias escolas, públicas e privadas da cidade, abordando a conscientização sobre a importância da inclusão de crianças com autismo na escola regular.

No Brasil, é preciso alertar, sobretudo, as autoridades e governantes para a criação de políticas de saúde pública para o tratamento e diagnóstico do autismo, além de apoiar e subsidiar pesquisas na área.

Conheça um pouco mais


Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação.

Entre as suas características estão a dificuldade acentuada no uso de comportamentos não-verbais (contato visual, expressão facial, gestos); dificuldade na fala (muitos não adquirem essa habilidade); sociabilidade seletiva; padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, seguir uma rotina de vida e resistir mais do que uma pessoa comum resistiria quando ela é mudada e tendência a uma leitura concreta e imediatista do contexto, seja ele linguístico ou ambiental ("levar tudo ao pé da letra").

O tratamento

As crianças do espectro autístico melhoram sempre, com ou sem tratamento! Porém com os tratamentos adequados chegam próximo à sua potencialidade.

A terapia comportamental tem suas raízes em estudos de aprendizagem, baseados nos princípios da análise experimental do comportamento, propostos por Skinnner, que denominou sua forma de pensar de “behaviorismo radical”.

Estes princípios se originaram a partir de pesquisas de laboratório e analisam as relações entre as ações do organismo e seu meio ambiente, destacando o papel crítico de condições antecedentes e consequentes ao comportamento para que haja aprendizagem.

Comportamento, unidade básica de estudo da psicologia, conforme esta abordagem, consiste na ação de um organismo em interação com seu ambiente. Não existe comportamento desvinculado do ambiente, assim como não existe ambiente a não ser em relação às ações do organismo.

Consideram-se comportamentos aqueles que são publicamente observáveis, bem como os encobertos, os que ocorrem dentro do organismo, como os sentimentos e outros estados subjetivos.

A noção de ambiente inclui o ambiente interno com seus estímulos orgânicos (no qual a genética também tem sua contribuição) e o externo. No decorrer da vida do indivíduo, o ambiente modela, cria um repertório comportamental e o mantém. O ambiente ainda estabelece as ocasiões nas quais o comportamento ocorre, já que este não ocorre no vácuo.

A terapia comportamental utiliza os princípios básicos do comportamento produzidos pelos trabalhos experimentais para o entendimento do comportamento das pessoas, tanto a nível diagnóstico, como a nível terapêutico. Reforçamento, esquemas, extinção, punição, controle de estímulos, generalização, equivalência de estímulos, controle por contingências, controle por regras verbais, são alguns dos conceitos da abordagem comportamental.

Entender os princípios que estão atuando fornece a estrutura necessária para se desenvolver as práticas terapêuticas e o entendimento do porquê de certa prática usada pelo terapeuta funcionar ou não.

Fonte: Associação dos Amigos do Autista