Ally e Ryan

Ally e Ryan

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Pessoas com deficiência física

Reconhecendo que a deficiência é um conceito em evolução e que esta resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência/07

O Decreto 5.296/04, sem seu art. 5º, inciso I, “a”, define que pode ser considerado pessoa com deficiência física, conforme leitura abaixo:

a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;

Classificação das paralisias

Dependendo do número e da forma como os membros são afetados pela paralisia, foi sugerida por WYLLIE (1951), a seguinte classificação:

Monoplegia – condição rara em que apenas um membro é afetado.

Diplegia – quando são afetados os membros superiores.

Hemiplegia – quando são afetados os membros do mesmo lado.

Triplegia – condição rara em que três membros são afetados.

Tetraplegia/ Quadriplegia – quando a paralisia atinge todos os membros; sendo que a maioria dos pacientes com este quadro apresentam lesões na sexta ou sétima vértebra.

Paraplegia – quando a paralisia afeta apenas os membros inferiores; podendo ter como causa resultante uma lesão medular torácica ou lombar. Este trauma ou doença altera a função medular, produz como conseqüências, além de déficits sensitivos e motores, alterações viscerais e sexuais.
CONCEITO CLÍNICO
Deficiência física
Entende-se por deficiência física uma variedade bastante ampla de condições orgânicas que, de alguma forma, alteram o funcionamento normal do aparelho locomotor, comprometendo assim a movimentação e a deambulação do indivíduo. Devemos considerar que as alterações podem ocorrer em vários níveis: ósseo, articular, muscular e nervoso. Dentro dessa classificação, observamos não só as alterações anatômicas mas também as alterações fisiológicas do aparelho locomotor.
Deficiência Física Neuromotora
Comprometimento motor acentuado, decorrente de seqüelas neurológicas que causam dificuldades funcionais nos movimentos, na coordenação motora e na fala

Neuromotora
O termo neuromotora reporta-se às deficiências ocasionadas por lesões nos centros e vias nervosas que comandam os músculos. Podem ser causadas por infecções ou por lesões ocorridas em qualquer fase da vida da pessoa ou por uma degeneração neuromusculares cujas manifestações exteriores consistem em fraqueza muscular, paralisia ou falta de coordenação. (BRASIL, 2002, p.19).

Depois continuaremos abordando o assunto.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

São Paulo, é possível circular?

Para quem tem dificuldade de locomoção e circular por algumas áreas de São Paulo é uma tarefa que exige prudência e atenção. Podemos dividir a cidade em regiões em que há uma garantia da autonomia e independência para outras em que é praticamente impossível circular usando cadeiras de rodas, muletas, bengalas ou qualquer outro aparelho visando facilitar a locomoção.

Os semáforos em São Paulo são calculados para quem anda normalmente; a CET utiliza métodos ultrapassados e fora da dinâmica inclusiva que existe hoje no mundo. Quando planejamos uma cidade, um sistema de transporte ou qualquer outro planejamento urbano, devemos ter em mente que as pessoas que vivem nos meios urbanos apresentam-se de forma diversificada. Em sendo assim, não podemos pensar uma cidade para alguns, devemos pensar que o espaço coletivo deve ser ampliado para o maior uso possível de pessoas. Medidas inclusivas e mudanças atitudinais de quem planejam são fundamentais para uma política pública mais abrangente.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Os caminhos da pessoa com deficiência


Hoje é o dia Internacional do cão-guia... essas fotos foram transportadas do blogo do Jairo Marques, http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br/
O deslocamento da pessoa com deficiência nas cidades nem sempre ocorre de maneira agradável. Carros sobre as calçadas, barracas de ambulantes e tantos outros obstáculos, tornam a mobilidade dessas pessoas uma odisséia urbana.
Dependendo da deficiência da pessoa, as dificuldades podem ser simples ou mais complicadas. Naturalmente, o condutor como personagem constante no trânsito poderia fazer a sua parte, facilitando a travessia dos pedestres, porém, nem sempre isso acontece.
A pessoa com deficiência física demanda um tempo mais longo para fazer uma travessia. Se cadeirante ou muletante e se as condições da travessia não forem adequadas, como guias rebaixadas, esse tempo pode ser maior ainda.

terça-feira, 27 de abril de 2010

O direito de ir e vir

O direito da pessoa com deficiência sair de sua casa e buscar novos horizontes, não e um privilégio, mas é um direito constitucional.


O pleno exercício do direito de ir e vir é fundamental para a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. No entanto, o acesso ao lazer, trabalho, estudo, transporte, esporte, cultura e, sobretudo, à informação, só é possível a partir de condições que garantam um ambiente mais acessível, principalmente, oferecendo condições de permanência e exercício da cidadania.
No caso da deficiência visual, esse pleno exercício de ir e vir, de acesso e permanência aos ambientes inclusivos só será efetivado por meio de ações que considerem as especificidades e particularidades dos sujeitos envolvidos nesse processo e, sobretudo, abandonar a crença do assistencialismo.
Não apenas no caso da pessoa com deficiência visual, mas para todas as pessoas com algum tipo de deficiência, as cidades não estão preparadas para que elas possam exercer sua cidadania. Poucos ônibus adaptados, calçadas inacessíveis, obstáculos urbanos, enfim, uma variedade de fatores de impedância que tornam a vida de quem tem alguma deficiência um verdadeiro tormento e uma aventura quando se quer deslocar de um ponto a outro.
A partir de amanhã vamos abordar pessoas com deficiência física.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Ezra Frech

O blog do Jairo Marques http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br/ nos presenteou com esse vídeo, muito bonito que decidi colocá-lo aqui.

Braille - conceito e exposição

O braille é composto por 6 pontos em relevo, que formam 63 conbinações. Com ele é possível fazer letras, números, símbolos químicos e matemáticos.
Alfabeto

A escrita do braille pode se realizar por várias maneiras:
A mais antiga e a mais utilizada é a reglete e o punção.


A pessoa prende o papel na reglete, e com o punção vai fazendo todos os pontos que formam as letras.

A segunda maneira são as máquinas de datilografia.



Existem muitos modelos de máquinas de datilografia. Com elas o trabalho se torna muito mais rápido que na reglete, pois a pessoa não precisa fazer ponto a ponto com o punção.



O QUE É BRAILLE? Braille é o nome dado a um sistema de escrita e leitura através de pontos em relevo que podem ser identificados pelo tato.

Pessoas com deficiência visual precisam receber um treinamento específico para a estimulação tátil, fase que antecede a alfabetização formal. Esse treino faz com que o cego utilize as mãos para explorar e analisar as partes e formular um conceito do "todo", contrário do que ocorre com o sentido globalizante da visão.

QUEM INVENTOU O SISTEMA BRAILLE? O sistema Braille tem o nome do seu inventor. Ele se chamava Louis Braille e nasceu na França, no ano de 1809. Com três anos de idade ele brincava na oficina do seu pai quando feriu o olho. Pouco mais tarde, quando tinha cinco anos, perdeu totalmente a visão devido à complicações do ferimento e à falta de recursos médicos na época. Continuou a estudar até os dez anos na sua cidade e depois mudou-se para o Instituto Real de Jovens Cegos em Paris, onde também foi professor. Trabalhou muito para criar uma escrita que pudesse ser lida pelos deficientes visuais e com apenas quinze anos de idade a sua invenção já estava pronta. Para fazer os pontos em relevo do sistema Braille ele usou uma régua e o mesmo instrumento que lhe feriu o olho. Louis Braille morreu de tuberculose em 1852 e naquela época ninguém acreditava que seu sistema pudesse dar certo. O sistema de Louis Braille foi lentamente se espalhando pelo mundo, sendo até hoje utilizado por deficientes visuais para todo tipo de escrita e de leitura.
QUEM UTILIZA O SISTEMA BRAILLE? O sistema Braille é utilizado por deficientes visuais que podem ser: cegos ou de baixa visão.

QUEM ENXERGA TAMBÉM CONSEGUE APRENDER O BRAILLE? Os videntes, pessoas que enxergam, aprendem o Braille em cursos específicos voltados para a capacitação em Grafia Braille. Porém a leitura do Braille é feita a partir da significação visual, ou seja, com os olhos. Nestes cursos esses profissionais também aprendem a desenvolver técnicas para o ensino de deficientes visuais.

COMO O BRAILLE É FORMADO? O Braille é formado por seis (6) pontos em relevo. Este conjunto de pontos é chamado de “cela” Braille, pois a partir destes seis pontos podemos escrever as letras do alfabeto (maiúsculas e minúsculas), letras acentuadas, números, sinais de pontuação, símbolos de matemática e outros. A combinação entre esses pontos resulta em 64 sinais que podem aparecer isolados ou combinados. Demonstração realizada com alfabraille, uma "cela" Braille em escala ampliada, com círculos para encaixe.

COMO O BRAILLE É PRODUZIDO? Utilizando os instrumentos REGLETE E PUNÇÃO, comparados ao caderno e caneta dos deficientes visuais. Neste caso a escrita é manual, furando um ponto de cada vez. O papel utilizado possui uma gramatura especial, sendo mais grosso para a marcação dos pontos em relevo sem perfurá-lo. A escrita, neste caso, acontece da direita para a esquerda.

COMO O BRAILLE É LIDO? A leitura do Braille é feita pelo tato da ponta dos dedos. Ao passar lentamente os dedos sobre o relevo podemos identificar um desenho e de acordo co a posição de cada ponto conseguimos saber o que está escrito.

ALFABETIZAÇÃO: destina-se aquelas pessoas que nasceram cegas e que precisam de todo acompanhamento próprio da alfabetização, um trabalho de estimulação tátil,incluindo reconhecimento das letras em relevo.

REABILITAÇÃO:destina-se a pessoas que perderam a visão depois de uma determinada fase da vida e muitas vezes foram alfabetizadas em tinta. Requer um trabalho individualizado e personalizado, seguindo etapas de estimulação e treino da percepção tátil.
Essa foi uma aula que tive com a professora Luciane Maria Molina Barbosa.

sábado, 24 de abril de 2010

A mobilidade para a pessoa com deficiência visual

WEISHALN (1990) define mobilidade como,
a habilidade de locomover-se com segurança, eficiência e conforto no
meio ambiente, através da utilização dos sentidos remanescentes
.

Os sentidos remanescentes envolvem as percepções não visuais, como a audição, o tato (sistema háptico), o olfato, a cinestesia, a memória muscular, o sentido vestibular, os quais vou detalhar em momento em breve.

Para a pessoa cega se movimentar de um ponto para outro é preciso não apenas "ler" ou seguir rotas, mas estar alerta, orientada em relação ao seu destino, construindo, mesmo involuntariamente, um mapa mental da mudança.

Você, educador, pode estar utilizando plantas táteis durante a orientação de seu aluno para a mobilidade. A planta tátil pode ser confeccionada no alumínio, marcado por carretilha de costura, ou em cartolina, utilizando sucatas, materiais de diferentes texturas, cola plástica, fios colados e outros materiais que dêem relevo.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Orientação e mobilidade para a pessoa com deficiência visual

orientação é o processo de utilizar os sentidos remanescentes para estabelecer a própria posição e o relacionamento com outros objetos significativos no meio ambiente.(WEISHALN, 1990)

Essa habilidade de compreender o ambiente é conquistada pelos deficientes visuais desde seu nascimento e vai evoluindo no decorrer de sua vida. Por isso, o educador de trânsito deve saber da necessidade de nova orientação, por parte da criança, toda vez que houver mudanças no espaço urbano. Uma obra na calçada, uma barraca de ambulante muda a forma de orientação da pessoa com deficiência visual. Portanto, tal orientação poderá durar instantes ou até semanas, dependendo da complexidade da situação. Nesse sentido, o educador tem que ter informações atualizadas da cidade onde informa conceitos para a segurança viária.
As crianças cegas, durante o processo de orientação, podem sentir dificuldades espaciais
com relação aos quatro tipos de orientações a partir da consciência de sua localização. Os quatro tipos de orientações são:
pontos fixos, quando está parado;
pontos fixos, quando está em movimento;
pontos em movimento, quando está parado;
pontos em movimento, quando está em movimento. (PATHAS,1992)

Você deve informar ao seu aluno com deficiência visual que o processo de orientação tem como princípio três questões básicas:
Onde estou?
Para onde quero ir? (Onde está o meu objetivo?)
Como vou chegar ao local desejado?

Mas, para o aluno elaborar essas questões, ele deverá passar pelo processo que envolve as seguintes fases:
• percepção, captar as informações presentes no meio ambiente pelos canais
sensoriais; (José Luiz Mazzaro, professor Mestre em Educação Especial pela UFSCAR; Doutorando da FCM/Oftalmologia da UNICAMP; autor de livros de literatura infantil)

• análise, organização dos dados percebidos em graus variados de confiança,
familiaridade, sensações e outros;

• seleção, escolha dos elementos mais importantes que satisfaçam as necessidades
imediatas de orientação;
• planejamento, plano de ação, como posso chegar ao meu objetivo, com base
nas fases anteriores;

Para, então, chegar à:
• execução, a mobilidade propriamente dita, realizar o plano de ação através
da prática. (WEISHALN, 1990)
Todo o processo se dá de forma dinâmica e, caso haja mudanças dos objetivos iniciais,
há a possibilidade de alteração.
Na orientação existem referenciais que facilitam a mobilidade da pessoa deficiente
visual: pontos de referência, pistas, medição, pontos cardeais, auto-familiarização e "leitura de rotas".

Amanhã comentaremos sobre a mobilidade.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Laércio Sant'Anna - entrevista - parte 3

BLOG - As tecnologias assistivas estão disponíveis para auxiliar pessoas com deficiência a buscar a inserção social como meio de vida. Muitas pessoas ficam curiosas para saberem como um cego interage com seu computador, como escreve ou lê e-mails, como navega na internet, como entra em página de banco e etc. Conte-nos como tudo isso é possível. Se os programas utilizados são caros, se é possível adquiri-los gratuitamente, e relate tudo que você julgar importante nesse tema. Que trabalhos você já tornou acessível na web?

Laércio – As tecnologias assistivas são a minha “paixão”. Hoje, na Prodam, o meu trabalho é justamente oferecer apoio à prefeitura e a todos que nos procuram, no sentido de tirar o melhor proveito das tecnologias assistivas existentes.
Tecnologia assistiva é tudo o que é feito ou adaptado para que uma pessoa com alguma limitação consiga superar suas dificuldades. Um garfo com um cabo maior é uma tecnologia assistiva para quem tenha problema nas mãos, por exemplo.
Para usar o computador, as pessoas com deficiência visual usam um programa (software) chamado de leitor de tela. Como o próprio nome diz, este software lê tudo o que aparece escrito na tela. Desse modo, eu posso ler suas perguntas e respondê-las com facilidade e segurança.
Algumas pessoas podem perguntar:
Como faz para digitar sem ver o teclado?
Existe algum teclado especial?
Você coloca alguma marquinha nas teclas?
Eu respondo que o teclado é o mesmo usado por qualquer pessoa. Aliás, o computador é exatamente o mesmo que qualquer pessoa usa. O diferencial é o software leitor de tela que, uma vez instalado, funciona por trás dos programas, ou seja, em Background. Desse modo, o que as pessoas vêem na minha tela é o Word, por exemplo, mas por trás dele, existe um programa que captura tudo o que eu escrevo e joga para as caixas de som, para que eu ouça, com uma voz “robótica” tudo o que está acontecendo.
Na verdade, quem fica olhando para o teclado durante a digitação, não fez um bom curso de datilografia. Devemos nos posicionar no teclado colocando os dedos indicadores nas letras “f” e “j” e depois, usando todos os dedos, fazer os deslocamentos para digitar todos os outros caracteres. Pode parecer curioso, mas é muito difícil uma pessoa cega “catar milho” como é popularmente conhecidos o hábito de digitar com 2 dedos de cada mão. Isso traria muitas dificuldades e a quantidade de erros seria muito maior. Digitar com todos os dedos, além de aumentar a velocidade de digitação, também diminui o esforço e melhora a qualidade.
Infelizmente, os melhores leitores de tela não são gratuitos, aliás, o Jaws for Windows <>, leitor importado e um dos melhores do mundo, custa hoje no Brasil R$ 2700,00. Temos sim, produtos gratuitos como o NVDA <> que é um leitor de tela de código aberto. Ele permite fazer muitas coisas no computador, mas não se compara ao Jaws for Windows, ou aoVirtual Vision <> que, embora custe R$ 1800,00 para pessoa jurídica, pode ser adquirido gratuitamente pelas pessoas com deficiência que forem correntistas do banco Bradesco, ou solicitarem no banco Real.
O Virtual Vision é um leitor de tela muito importante no Brasil. O Bradesco foi o 1º banco a oferecer uma tecnologia assistiva gratuitamente às pessoas cegas no mundo. Desde 1998 quando foi lançado o Bradesco Internet Banking para as pessoas com deficiência visual, este banco treina, através da Fundação Bradesco, pessoas com deficiência e multiplicadores, no uso do Virtual Vision e nos principais programas do Windows, como Microsoft Word, Microsoft Acess, Microsoft Excel, acesso à Internet, etc.
Sou muito feliz por ter participado do desenvolvimento desse projeto, inclusive com a oportunidade de expô-lo na matriz da Microsoft nos EUA em 1999.

BLOG - O sistema de ensino a distância está cada vez mais disseminado como uma ferramenta importante para aquisição de novos conhecimentos. Além do aspecto legal da obrigatoriedade de tornar o EAD acessível para pessoas com deficiência, que outros itens você destacaria como fundamental para inserir num sistema de ensino a distância?

Laércio – Gosto de lembrar sempre que, não basta a plataforma ser acessível. É imprescindível que o conteúdo também o seja. Quem desenvolve o curso, também precisa considerar a possibilidade de uma pessoa com deficiência realizá-lo. Desse modo, não dá para pedir que os alunos “façam um texto de 2 laudas comentando os aspectos relevantes da figura 1, e como ela se relaciona com a figura 2”, se não houver uma boa descrição de cada figura.


BLOG - Finalmente, utilize o espaço para suas considerações finais e destaque aquilo que você julgar importante.

Laércio – Agradeço a oportunidade de escrever um pouco sobre as questões ligadas às pessoas com deficiência e os recursos existentes. Só com a popularização dos recursos e possibilidades das pessoas com deficiência é que a verdadeira inclusão acontecerá.

Comentário: Apresentei aqui durante esses três dias as considerações do Laércio, creio que a entrevista é uma ferramenta útil para que os educadores vejam a pessoa com deficiência visual como personagens ativos do processo histórico da inclusão, e não mais como objeto desse modelo de inserção social.
A entrevista já estava encerrada, enviei e-mail de agradecimentos, mas como atualmente estou estudando muito sobre a pessoa com deficiência visual, algumas coisas passaram a indagar minha mente, pensei, pensei e decidi discuti-las com o Laércio e reproduzo abaixo:

Ari - Laércio
Antes de qualquer coisa, agradeço as fotos e sua atenção. Você é muito simpático.

Laércio – Eu é que agradeço a oportunidade de participar de seu blog

Ari - A entrevista será publicada a partir de terça-feira, avisa o seu pessoal.

Laércio – Avisarei sim. Vamos divulgar o Blog. Todos ganhamos com ele.

Ari - Olhando suas fotos me surgiu mais uma pergunta, se não for incômodo, você me responde: ficando pessoalmente com você temos a sua imagem; nesse sentido, utilizamos os padrões existentes de feio/bonito, simpático/antipático, branco/negro, a pessoa cega como estabelece esses valores?

Laércio – É muito difícil responder pela pessoa cega como um todo. Se a pessoa já enxergou, por exemplo, tem uma maneira diferente de se relacionar com tudo o que remete para a formação de uma imagem. Ao contrário, quem nunca enxergou, normalmente já não sente essa necessidade.
Quando você fala com alguém ao telefone, fica imaginando como essa pessoa é fisicamente?
Eu, a menos que seja estimulado, nem sempre faço isso.
Quando temos contato com alguma pessoa, nos guiamos pela voz, simpatia, atenção, dentre outras características. Obviamente, se o contato é com alguém do sexo oposto, para o caso de interesse em um namoro, o toque das mãos, nos cabelos, rosto... ops! Vamos parando aí! tudo a seu tempo... agregam mais informações para a construção da imagem. Contudo, para uma pessoa cega, o primeiro contato, diferentemente do que ocorre com quem enxerga, em termos da aparência não tem o mesmo peso de importância.

Ari - Juro Laércio que é última, rs. A Deisy te achou bonito, simpático e elegante na forma de falar. E você, qual a imagem que fez da Deisy?

Laércio – Nossa! que perigo! essa pergunta é muito séria.
A Deisy é muito espontânea e prestativa. Muito simpática também. Essas características, se não para todas as pessoas cegas, para uma grande maioria é o que primeiro chama atenção. Diria que, mais do que o fato dela ser de estatura baixa, por exemplo.

Ari - Se por exemplo eu quiser te enviar uma figura ou foto, o que devo fazer para torná-la acessível para ti?

Laércio – Fazer uma descrição dela. Por exemplo: "a imagem anexa é um casal de mãos dadas. Eles estão tomando sorvete e sorriem olhando um para o outro.".

Foi isso gente, ficamos amigos e agora estamos sempre trocando informações. Obrigado Laércio.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Laércio Sant'Anna - entrevista - parte 2

Laércio em seu local de trabalho, com camisa branca e utilizando seus equipamentos de produção

BLOG - Laércio, falando um pouco agora sobre sua movimentação urbana. As pessoas com deficiência visual, cegos ou pessoas de baixa visão, afirmam que suas relações com as cidades são bastante complicadas, visto que, os perigos urbanos são geralmente identificados com o sentido da visão. Considerando essas premissas, conte-nos como você circula em São Paulo, que cuidados você toma ao fazer uma travessia e como as pessoas com deficiência visual identificam os perigos existentes no espaço urbano?

Laércio. – Realmente é uma aventura. Eu só uso a bengala para me orientar. Procuro andar atento e lentamente. São inúmeros os obstáculos que poderiam não existir. Floreiras, lixeiras, postes de ferro no meio da calçada, reformas em calçadas sem qualquer proteção, orelhões dentre outros, são comumente encontrados, e não há nada que possamos fazer para nos defender, a não ser andar cuidadosamente, explorando cada centímetro por onde estamos andando. É realmente muito estressante.

Nas travessias, normalmente aparecem pessoas solícitas para dar uma ajuda, nem sempre adequada. Não por falta de vontade, mas por desconhecimento.


Comentário – a resposta do Laércio vai de encontro ao que pretendemos adotar no CETET, orientando as crianças e adultos a perceberem que a cidade não se apresenta favorável a todas as pessoas. Por isso que é fundamental o educador agir como facilitador desse conhecimento. Se a ajuda não é adequada por desconhecimento do cidadão, cabe a educação de trânsito responder a essa demanda.

BLOG - Se alguém quiser ajudar uma pessoa com deficiência visual a efetuar uma travessia, como deve proceder?

Laércio – A 1ª coisa a fazer é perguntar se realmente a pessoa cega precisa e quer ajuda. Caso aceite, deixe que ela segure em seu cotovelo. Ande normalmente e nunca a deixe a meio do caminho.

BLOG - Na empresa em que você trabalha como é o seu relacionamento com as pessoas sem deficiência?

Laércio – A Prodam foi criada em 1971 e, desde 1973 contratas pessoas com deficiência. Por isso, o convívio com pessoas cegas é algo muito natural em suas dependências. Desse modo, o relacionamento é muito tranqüilo, reforçando ainda mais o meu pensamento de que, o melhor remédio para a sociedade aceitar bem as pessoas com deficiência é a convivência. Quanto mais as pessoas tiverem condições de ir para as ruas, cinemas, teatros, eventos dentre outras atividades, maior será sua visibilidade, e maior será sua interação com quem não tem deficiência, que aprenderá, de maneira natural, a se relacionar bem com quem tem alguma deficiência, aprendendo inclusive qual a melhor maneira de ajudar e interagir.

BLOG - Autonomia e independência são valores que as pessoas com deficiência vem conquistando ao longo do processo de inclusão, nesse sentido, como você adquiriu sua autonomia e independência?

Laércio – Sou privilegiado por ter tido oportunidade de estudar. Graças ao estudo consegui me empregar bem. Como tive apoio familiar, sempre tive boa auto-estima e confiança. Isso é tudo o que um ser humano, independentemente de ter ou não alguma deficiência, precisa para buscar autonomia e independência. Todo o mais será uma consequência.

Comentário – A educação escolar é a ponte para a pessoa com deficiência sair do processo de exclusão. A resposta do Laércio vem reforçar essa premissa.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Laércio Sant'Anna - entrevista - parte 1

Descrição da foto: esse é o Laércio Sant'Ana, com terno e gravata; camisa azul, elegantemente vestido; rosto branco...

O universo da pessoa com deficiência visual sempre foi um mistério para mim. Ficava imaginando como eles poderiam fazer uma travessia sem ajuda, como respondiam e- mails, como se relacionavam no trabalho, na escola e na vida cotidiana.

Há alguns anos venho trabalhando em inclusão, como tenho uma deficiência, sofri na pele a questão do preconceito, porém, o fato de estudar com afinco foi a ação mais importante em minha vida para sair do mundo em que me encontrava.

A pouco tempo tive o prazer de conhecer virtualmente uma pessoa cega, funcionário da PRODAM-SP. Tudo aconteceu porque a CET/CETET tem um novo departamento de Ensino a Distância, e como queremos que nossos métodos sejam inclusivos ficamos com dificuldades no que tange a pessoa com deficiência visual. Fiz contato com um amigo meu, cego também que me indicou o Laércio Sant’Anna. Ele foi para uma reunião em nosso espaço, ciceroneado pela Deisy Paula, minha amiga e parceira da inclusão, e após um sucesso nas discussões, me enchi de coragem e o convidei para ser meu entrevistado do blog. A entrevista foi muito bem articulada e trocamos vários e-mails, no final o Laércio me concedeu uma verdadeira aula de inclusão da pessoa com deficiência visual, evidente que vou compartilhar com vocês. Dividi a entrevista em três partes, as respostas dele sempre vão estar em azul e alguns comentários que escrevi, colocarei em vermelho, não mudei absolutamente nada do que ele respondeu. Quero agradecê-lo publicamente pela entrevista e pela aula oferecida. Sigam abaixo a entrevista de Laércio Sant’Anna e peço a todos os educadores que reflitam mais sobre suas posições no sentido de resistir ao processo de inclusão das pessoas com deficiência em suas atividades:

BLOG - Laércio podemos iniciar a entrevista com você nos contando um pouco sobre sua vida, como adquiriu a deficiência visual, seu começo na escola, trabalho,namoro, casamento, filhos.

Laércio Sant’Anna – Eu já nasci cego. Estudei no Instituto de cegos Padre Chico em São Paulo até a 8ª série. Fiz o colegial em escola comum, na cidade de Mauá, onde morei até me casar.
Ainda em Mauá fiz violão clássico no conservatório daquela cidade, onde dei aula por 12 anos.
Antes de trabalhar na área de informática, fui músico na noite, toquei em estúdios de gravação e sou compositor.
Iniciei na informática em 1988 na Prodam, onde estou até hoje. Comecei minha carreira como programador de computadores, passando pela análise de programação e hoje análise de sistemas.
Fiz faculdade de administração de empresas.
Casei-me no ano de 2000 e não tenho filhos.

BLOG - Na escola qual foi sua maior dificuldade?

Laércio - Por ser uma escola voltada para cegos, não enfrentávamos dificuldades, afinal, tudo era adequado a uma pessoa cega.

Comentário – li esta resposta do Laércio diversas vezes e pensei que se realmente seria mais adequado estudar numa escola assim. No entanto, nossa sociedade deve buscar na diversidade sua real aproximação. Se pessoas sem deficiência estudam em escolas regulares, se cegos ou surdos estudarem em escolas especiais, que tipo de sociedade iremos construir? Fiz outra pergunta complementar a esta ao Laércio e a resposta dele foi na direção da inclusão, leiam:

BLOG - Você acha que uma pessoa cega deve estudar numa escola assim ou ela deve ir para uma escola regular e incentivar à escola a se modelar na inclusão? Ou seja, a escola deve estar preparada para receber qualquer criança com deficiência?

Laércio - Eu penso que o ideal é que as escolas se adaptem para receber todos os tipos de alunos, tenham ou não alguma deficiência. A escola voltada para o ensino de uma pessoa cega, por exemplo, obviamente oferece condições melhores para o aprendizado do aluno, em contra partida, tira dele o convívio com a sociedade, o que também é uma perda. Desse modo, a única forma de se ter tudo é as escolas estarem preparadas para ensinar a todos. O problema é que isso é, em minha opinião, quase utópico...

O poema abaixo sempre foi motivo para me empurrar para frente, acredito muito que ainda vamos ter uma sociedade perto do ideal, basta seguir os passos da utopia:

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".

Eduardo Galeano

BLOG - Antes de ingressar na PRODAM, você teve outra experiência profissional?

Laércio - Como citei acima, fui músico. Fui não, sou, afinal, acredito que, embora não exerça mais essa atividade profissionalmente, quem já foi músico, não deixa de ser mais.
Hoje participo de um grupo de música raiz(Guyrá) http://www.guyra.com.br .

OBS: a entrevista continua amanhã.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pessoas com deficiência visual

"A leitura é uma aliada poderosa do desenvolvimento pessoal. E faz diferença quando o assunto é inclusão."

A partir da frase acima, percebemos como a leitura pode "transformar" as relações homem/cultura. Quanto maior seu contato com livros, maior será sua capacidade criativa e crítica, de elaborar a compreensão do mundo, o domínio da linguagem e, assim, maiores serão suas oportunidades ao longo da vida. Entre os deficientes visuais, tal possibilidade de contato com a leitura, torna-se rara, principalmente pela ausência de materiais transcritos para o sistema Braille e desconhecimento do código pelos profissionais responsáveis por sua escolarização.

Ao contrário do que alguns afirmam, a deficiência visual não faz ninguém ser mais "imaginativo". Tal condição poderá ganhar destaque com estimulação adequada durante seu desenvolvimento e, por não conseguirem experimentar certas situações, as pessoas com deficiência visual, encontram na leitura uma grande aliada. Lendo conhecem o mundo que a cercam e passam a ter condições de interpretá-lo.

Censo do IBGE (2000)

Informa que há 14,5% de brasileiros com algum tipo de deficiência (visual, motora, auditiva, intelectual ou física). Desses, 48,1%, mais de 16 milhões de pessoas apresentam algum grau de deficiência visual no Brasil e, dentre elas, 159.824 se declararam incapazes de enxergar.
“ De acordo com a OMS existem 140 milhões de pessoas com baixa visão no mundo e 45 milhões de cegos e 80% destes casos poderiam ser evitados com prevenção ou tratamento”.

Portanto, cabe a nós educadores darmos um importante retorno a essas pessoas.

PS: A partir de amanhã entrevista com Laércio Sant'Anna, pessoa com deficiência visual que irá nos conta um pouco sobre sua vida. Não percam!!

sábado, 17 de abril de 2010

Reatech 2010

Hoje estive na Reatech. Foi bom rever amigos, alguns ficando mais velhos e outros novos se agrupando. Muitas novidades, algumas caras...abaixo, alguns momentos


Na cadeira, Thais, amiga desde 1983, minha esposa Solange, atrás de mim

Entrei na brincadeira da turma da Mônica

Lupas eletrônicas para pessoas de baixa visão, para os cegos basta tocar e o som é emitido. Por exemplo: se no mapa você tocar na Argentina, o computador emitirá o som correspondente.


Materiais para cegos e uma cadeira de rodas motorizada no valor de 11.000,00

muitos brinquedos para crianças cadeirantes e a biblioteca acessível

sala de aula para futuro próximo

equipamentos para facilitar o cotidiano da pessoa com deficiência



sexta-feira, 16 de abril de 2010

Pessoa com deficiencia visual - baixa visão

A definição de baixa visão (ambliopia, visão subnormal ou visão residual) é complexa devido à variedade e à intensidade de comprometimentos das funções visuais. Essas funções englobam desde a simples percepção de luz até a redução da acuidade e do campo visual que interferem ou limitam a execução de tarefas e o desempenho geral. Em muitos casos, observa-se o nistagmo (movimento de oscilação ou de rotação do globo ocular em torno de seu eixo), movimento rápido e involuntário dos olhos, que causa uma redução da acuidade visual e fadiga durante a leitura.

É o que se verifica, por exemplo, no albinismo, falta de pigmentação congênita que afeta os olhos e limita a capacidade visual. Uma pessoa com baixa visão apresenta grande oscilação de sua condição visual de acordo com o seu estado emocional, as circunstâncias e a posição em que se encontra, dependendo das condições de iluminação natural ou artificial. Trata-se de uma situação angustiante para o indivíduo e para quem lida com ele tal é a complexidade dos fatores e contingências que influenciam nessa condição sensorial. As medidas de quantificação das dificuldades visuais mostram -se insuficientes por si só e insatisfatórias. É, pois, muito importante estabelecer uma relação entre a mensuração e o uso prático da visão, uma vez que mais de 70% das crianças identificadas como legalmente cegas possuem alguma visão útil.

A baixa visão traduz-se numa redução do rol de informações que o indivíduo recebe do ambiente, restringindo a grande quantidade de dados que este oferece e que são importantes para a construção do conhecimento sobre o mundo exterior. Em outras palavras, o indivíduo pode ter um conhecimento restrito do que o rodeia. A aprendizagem visual depende não apenas do olho, mas também da capacidade do cérebro de realizar as suas funções, de capturar, codificar, selecionar e organizar imagens fotografadas pelos
olhos. Essas imagens são associadas com outras mensagens sensoriais e armazenadas na memória para serem lembradas mais tarde.

Para que ocorra o desenvolvimento da eficiência visual, duas condições precisam estar presentes:

1) O amadurecimento ou desenvolvimento
dos fatores anatômicos e fisiológicos do olho, vias óticas e córtex cerebral.

2) O uso dessas funções, o exercício de ver.

É importante que os educadores conheçam essas situações,assim suas atividades ficarão mais completas e inclusivas.

Fonte de pesquisa:
Atendimento Educacional Especializado
Deficiência Visual

Elisabet Dias de Sá
Izilda Maria de Campos
Myrim Beatriz Campolina Silva

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pessoas com deficiência visual -cego

A criança ou adulto que enxerga estabelece uma comunicação visual com o mundo exterior desde os primeiros meses de vida porque é estimulada a olhar para tudo o que está à sua volta, sendo possível acompanhar o movimento das pessoas e dos objetos sem sair do lugar.

A visão reina soberana na hierarquia dos sentidos e ocupa uma posição proeminente no que se refere à percepção e integração de formas, contornos, tamanhos, cores e imagens que estruturam a composição de uma paisagem ou de um ambiente. É o elo de ligação que integra os outros sentidos, permite associar som e imagem, imitar um gesto ou comportamento e exercer uma atividade exploratória circunscrita a um espaço delimitado.

A cegueira é uma alteração grave ou total de uma ou mais das funções elementares da visão que afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor, tamanho, distância, forma, posição ou movimento em um campo mais ou menos abrangente. Pode ocorrer desde o nascimento (cegueira congênita), ou posteriormente (cegueira adventícia, usualmente conhecida como adquirida) em decorrência de causas orgânicas ou acidentais.

Em alguns casos, a cegueira pode associar-se à perda da audição (surdocegueira) ou a outras deficiências. Muitas vezes, a perda da visão ocasiona a extirpação do globo ocular e a consequente necessidade de uso de próteses oculares em um dos olhos ou em ambos.
Se a falta da visão afetar apenas um dos olhos (visão monocular), o outro assumirá as funções visuais sem causar transtornos significativos no que diz respeito ao uso satisfatório e eficiente da visão.

Os sentidos têm as mesmas características e potencialidades para todas as pessoas. As informações tátil, auditiva, sinestésica e olfativa são mais desenvolvidas pelas pessoas cegas porque elas recorrem a esses sentidos com mais freqüência para decodificar e guardar na memória as informações.

Sem a visão, os outros sentidos passam a receber a informação de forma intermitente, fugidia e fragmentária.

O desenvolvimento aguçado da audição, do tato, do olfato e do paladar é resultante da ativação contínua desses sentidos por força da necessidade.

Portanto, não é um fenômeno extraordinário ou um efeito compensatório. Os sentidos remanescentes funcionam de forma complementar e não isolada.

A audição desempenha um papel relevante na seleção e codificação dos sons que são significativos e úteis. A habilidade de atribuir significado a um som sem perceber visualmente a sua origem é difícil e complexa.

A experiência tátil não se limita ao uso das mãos. O olfato e o paladar funcionam conjuntamente e são coadjuvantes indispensáveis.

O sistema háptico é o tato ativo, constituído por componentes cutâneos e sinestésicos, através dos quais impressões, sensações e vibrações detectadas pelo indivíduo são interpretadas pelo cérebro e constituem fontes valiosas de informação. As retas, as curvas, o volume, a rugosidade, a textura, a densidade, as oscilações térmicas e dolorosas, entre outras, são propriedades que geram sensações táteis e imagens mentais importantes para a comunicação, a estética, a formação de conceitos e de representações mentais.

Uma demonstração surpreendente da capacidade de coleta e do processamento de informações pela via do tato é o tadoma, mecanismo de comunicação utilizado por pessoas surdocegas. Trata-se de uma comunicação eminentemente tátil que permite entender a fala de uma pessoa, ao perceber as vibrações e os movimentos articulatórios dos lábios e maxilares com a mão sobre a face do interlocutor.

Cada pessoa desenvolve processos particulares de codificação que formam imagens mentais. A habilidade para compreender, interpretar e assimilar a informação será ampliada de acordo com a pluralidade das experiências, a variedade e qualidade do material, a clareza, a simplicidade e a forma como o comportamento exploratório é estimulado e desenvolvido.

Fonte de pesquisa:
Atendimento Educacional Especializado
Deficiência Visual

Elisabet Dias de Sá
Izilda Maria de Campos
Myrim Beatriz Campolina Silva

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Pessoas com deficiência visual

A partir de hoje vamos fazer um estudo mais detalhado de cada deficiência, características, abordagens e outros elementos importante na relação. Vamos iniciar pela pessoa com deficiência visual:

A linguagem, a comunicação e as múltiplas formas de expressão cultural ou artística constituem-se de imagens e apelos visuais cada vez mais complexos e sofisticados. Os conteúdos escolares privilegiam a visualização em todas as áreas de conhecimento, de um universo permeado de símbolos gráficos, imagens, letras e números. Assim, necessidades decorrentes de limitações visuais não devem ser ignoradas, negligenciadas ou confundidas com concessões ou necessidades fictícias.

Para que isso não ocorra, devemos ficar atentos em relação aos nossos conceitos, preconceitos, gestos, atitudes e posturas com abertura e disposição para rever as práticas convencionais, conhecer, reconhecer e aceitar as diferenças como desafios positivos e expressão natural das potencialidades humanas.
Desta forma, será possível criar, descobrir e reinventar estratégias e atividades pedagógicas condizentes com as necessidades gerais e específicas de todos e de cada um dos alunos. Neste sentido, explicitamos alguns dos principais aspectos, características e peculiaridades em relação aos alunos cegos e com baixa visão com o objetivo de apontar caminhos, referências e pistas aos educadores tendo em vista a inclusão como ponto de partida para novos paradigmas de relacionamento.

A relação da pessoa com deficiência visual com as cidades também são diferentes, considerando que as informações urbanas disponíveis levam sempre a pessoa a explorar o sentido da visão; inclusive, as regras de segurança viária seguem o mesmo caminho, basta observar as orientações passadas pelos educadores: “olhem ao atravessar”, “olhem para os dois lados da via” e assim vai.

Educação Inclusiva - artigo na Folha de São Paulo

TENDÊNCIAS/DEBATES

Oportunidades iguais na educação inclusiva
FLORIANO PESARO
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As pessoas com deficiência chegam à rede de ensino regular, mas têm tido nela oportunidades reais de desenvolvimento?
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PAIS DE CRIANÇAS com deficiência têm grandes dilemas na educação de seus filhos: de que forma proporcionar a melhor educação, quais os melhores caminhos e como buscá-los.
Esses são desafios que vêm pautando os profissionais da educação e estão no centro das políticas públicas de governos comprometidos com a inclusão social em todo o mundo.
Exemplos de aceitação ou não de alunos com deficiência em escolas regulares surgem aos borbotões e nos fazem refletir sobre as diversas possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento que uma educação inclusiva pode proporcionar.
No Brasil, de acordo com dados do Censo Escolar da Educação Básica de 2008, existem mais de 53 milhões de matrículas em quase 200 mil estabelecimentos educacionais. Nas salas comuns, o censo aponta a presença de cerca de 385 mil alunos com deficiência matriculados.
São milhares de alunos cegos, surdos, deficientes físicos e intelectuais ou com deficiências múltiplas estudando em escolas regulares. Em São Paulo, são 111 mil alunos com deficiência, segundo o censo de 2008.
Mas a pergunta que perpassa todos esses números é: as pessoas com deficiência chegam à rede de ensino regular, mas têm tido oportunidades reais de desenvolvimento? E quantos ainda estão fora?
Essa indagação coloca o desafio de encarar a inclusão da pessoa com deficiência a partir de um novo paradigma, na perspectiva da Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o Brasil é signatário, cujo propósito é assegurar o desfrute pleno e equitativo de todos os seus direitos.
É garantir cidadania e dignidade a essas pessoas, visto que impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade.
Para isso, é preciso construir uma nova visão, colocando a deficiência na lógica da cidadania e dos direitos.
Respeitar a diferença, mas proporcionar igualdade de oportunidades, sem discriminação ou preconceitos.
Cada um de nós tem habilidades e potencialidades a serem descobertas.
Cabe ao poder público e à sociedade em geral abrir portas para os múltiplos talentos. O ser humano apresenta multidemandas.
E é esse olhar que poderá modificar os modelos de gestão da política pública, por meio não de ações únicas, mas de ações intersetoriais, em prol da inclusão de fato.
A educação inclusiva está inserida nessa lógica, uma busca permanente e contínua da garantia de oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento da pessoa com deficiência, assegurando não só o seu acesso mas também (e mais importante) articulando a rede para atender o indivíduo na sua integralidade.
Ou seja, é garantir educação básica, educação complementar com o pós-escola, formação cidadã e até o ensino profissionalizante.
Mas as políticas públicas estão focadas nessa educação integral? A rede regular está preparada para atender o aluno com deficiência? São perguntas que devem direcionar o debate.
Pesquisas recentes mostram que, na prática, estamos longe de atingir esse objetivo, apesar dos inúmeros casos com êxito.
O preconceito ainda grassa na sociedade e, pasmem, no meio educacional. Pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, realizada pela Fipe, sobre atitudes preconceituosas e práticas discriminatórias, apontou que 96,5% dos participantes afirmam ter preconceito ou apresentam algum distanciamento social em relação às pessoas deficientes. E sabem quem são os participantes dessa pesquisa? São professores, diretores, profissionais de educação, pais e também alunos.
Dia 14 de abril é o dia em defesa da educação inclusiva. Comemorado neste ano pela primeira vez na cidade de São Paulo, pretende pautar um debate para a efetivação da inclusão nas classes comuns do ensino regular dos alunos com deficiência, aqueles com transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação e as vítimas de preconceito e outros grupos excluídos da estrutura educacional vigente no país.
É imprescindível que as escolas considerem em sua organização pedagógica as diferenças entre alunos, contribuindo assim para a superação de preconceitos, para a valorização das diversidades e para a construção de uma sociedade mais equânime.
Assim, é notória a estrita relação entre a educação inclusiva e a melhora na qualidade do ensino.

FLORIANO PESARO, 42, sociólogo, é vereador de São Paulo pelo PSDB e autor da lei que instituiu na cidade o dia em defesa da educação inclusiva. Foi secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo (gestões Serra e Kassab).

terça-feira, 13 de abril de 2010

Calçadas

A vereadora Mara Gabrilli vistoriando calçadas em São Paulo

Esse tipo de calçada deve ser banida de qualquer cidade



Andar por calçadas regulares, bem cuidadas e seguras é desejo de todo mundo e uma prova de respeito ao próximo. Muitos acidentes com idosos, gestantes e crianças poderiam ser evitados se as calçadas estivessem em perfeito estado de conservação. Além disso, calçadas bem arrumadas facilitam o trânsito de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Pela legislação atual o proprietário imóvel ou terreno é responsável pela construção e manutenção da sua respectiva calçada.

A Prefeitura da cidade de São Paulo já deu um passo à frente e está reformando e padronizando as calçadas de prédios públicos, praças, ruas comerciais e de vias contidas no Plano Emergencial de Calçadas – PEC, aplicando predominantemente o pavimento de blocos intertravados, nas cores cinza, cinza escuro e vermelho. Também são utilizados os pavimentos em ladrilho hidráulico, concreto moldado no local e placas pré-moldadas. Entre os anos de 2005 e 2007 foram reformados 707.752 metros quadrados ou aproximadamente 353 quilômetros lineares.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Programa Passeio Livre


O Programa Passeio Livre da Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras tem por objetivo a implementação de um novo conceito de passeio público, padronizando as calçadas, organizando a localização do mobiliário urbano, melhorando a drenagem e garantindo a livre circulação de pedestres e pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Foi iniciado com a formação da Comissão de Análise do Passeio Público, envolvendo 29 entidades e 7 Secretarias, em janeiro de 2005. Esta comissão elaborou o decreto 45.904/05, que estabelece as normas de acessibilidade, as dimensões e materiais adequados para implantação de calçadas e uma forma de parceria com a iniciativa privada para reconstruir calçadas (o Termo de Cooperação).

As subprefeituras iniciaram, em novembro de 2005, a recuperação dos passeios de próprios municipais adotando o desenho padrão prefeitura usando blocos intertravados de cores distintas, compondo as faixas de diferenciação de usos nas calçadas neste ano, foram reconstruídos mais de 108.000m2 de calçadas em 187 próprios municipais, distribuídos por todas as zonas da cidade. Em 2006 e 2007 as obras abrangeram também as vias estruturais definidas pelo plano diretor e a metragem ampliou em mais 202.000 m2 e 461. 000 m2 respectivamente. Em janeiro de 2008 entrou em vigor a lei 14.675 que criou o plano emergencial de calçadas que permite a Prefeitura executar os passeio nas vias com maior fluxo de pedestres.

Para que a padronização e a acessibilidade dos passeios atinja toda a cidade, as calçadas dos imóveis particulares também devem ser reformadas. O proprietário do imóvel, comercial ou residencial, é responsável pela conservação, manutenção e reforma da sua calçada. Calçadas em situação irregular ou em mau estado de conservação são passíveis de multa.
As calçadas constituem parte fundamental da segurança dos pedestres no espaço urbano, e elas devem estar livres para possibilitarem a circulação das pessoas com conforto e segurança e assim evitarem o conflito permanente entre veículos e pessoas.

Folha de São Paulo - Tendências - debates

Desenho universal para moradia popular
LAIR KRÄHENBÜHL e ELTON SANTA FÉ ZACARIAS


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A tendência à redução dos espaços será ainda maior se o poder público não defender a qualidade de vida da população de baixa renda
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A EVOLUÇÃO do entendimento de que todos, um dia, poderemos ter a mobilidade reduzida, nem que seja em consequência do envelhecimento, encontrou na arquitetura a sua mais completa tradução no desenho universal.
Trata-se de um conceito que estabelece a construção de imóveis destinados a contemplar as necessidades do ser humano em todas as etapas e circunstâncias da vida.

Por esse desenho, é possível construir unidades habitacionais para todos, pessoas com deficiência, idosos ou quaisquer indivíduos que tenham, de forma circunstancial ou permanente, problemas de locomoção, de mobilidade ou de acessibilidade.

O conceito contraria o que se pratica atualmente no mercado: a valorização da terra urbana no mundo obriga empreendedores a reduzir ao máximo os custos da construção -e, consequentemente, alguns metros de conforto- em nome de um melhor desempenho financeiro.

A tendência à redução dos espaços será ainda maior se o poder público, ao construir moradia para a população de baixa renda, não for o primeiro a defender a qualidade de vida das famílias que irão habitá-la.

A nova forma de moradia para a baixa renda em nosso Estado, com o estabelecimento de novo padrão da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), já constitui avanço importante na democratização do direito à habitação de qualidade.

Ela reúne uma série de aprimoramentos incorporados nos últimos três anos, como o piso cerâmico, o revestimento de azulejo, o pé direito mais alto, os aquecedores solares, a medição individualizada de água e luz, entre outras melhorias.
Outras unidades construídas pela Prefeitura de São Paulo progrediram na qualidade ao incorporar em seu projeto o gás natural para abastecimento de fogões e aquecimento da água, janelas de alumínio que permitem 100% de iluminação e ventilação e sistema estrutural que possibilita a demolição das paredes internas, para que o morador redistribua os espaços da maneira que desejar.

No entanto, para que se implante moradias com o desenho universal, que preconiza, por exemplo, maior largura entre os batentes das portas, corredores mais largos, banheiros especiais ou espaços para manobras de cadeirantes, é imprescindível que as áreas construídas sejam maiores.

Atualmente, com a adoção do desenho universal, as casas com dois dormitórios chegam a 58 m2 e, no caso de três dormitórios, podem chegar a 67 m2. Já existem leis que versam sobre o direito de moradia adequada a quem tem problemas de mobilidade.
É o caso do decreto federal nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, em sua seção III do capítulo IV, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Tais regras devem ser seguidas pelos agentes promotores de moradias de interesse social. como a CDHU e a Companhia Metropolitana de Habitação, a Cohab-SP.

A legislação paulistana, por exemplo, exige reserva de 3% das unidades para atendimento a idosos e 3% adaptadas para a população portadora de deficiência física.

Mas o que impede a adoção do desenho universal na produção de moradia popular pelo poder público não é bem a falta de leis, e sim a existência de algumas ultrapassadas, como as de vários municípios, incluindo São Paulo, que determinam o tamanho máximo de 50 m2 de área útil para habitação de interesse social.

Ambas as secretarias que lidam com a questão da mobilidade reduzida no Estado e no município de São Paulo trabalharam em conjunto para desenvolver estudos que promovam a mudança dessa lei na capital paulista.

As análises chegaram às conclusões finais e deverão, agora, ser levadas ao legislativo municipal na forma de um projeto de lei do Executivo.

Certamente os vereadores paulistanos, até pela proximidade com a população mais necessitada da cidade, terão sensibilidade para conduzir a questão de forma ágil.
Assim, o exemplo da cidade de São Paulo certamente ajudará a mobilizar prefeitos e vereadores de outras cidades para que também adaptem suas legislações aos novos tempos.

Isso permitirá que as moradias de interesse social possam ser, além de confortáveis, bonitas e seguras, perfeitamente adequadas às reais necessidades de seus moradores.

LAIR KRÄHENBÜHL, 59, engenheiro, é secretário de Estado da Habitação e presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).

ELTON SANTA FÉ ZACARIAS, 48, engenheiro, é secretário de Habitação do município de São Paulo.


Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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sexta-feira, 9 de abril de 2010

A mobilidade urbana e as pessoas


Minha relação com a cidade de São Paulo sempre foi conflituosa. Calçadas esburacadas, falta de acessibilidade em vários lugares, barracas de ambulantes espalhadas, desnivelamento de solo, o que deixa a cadeira de rodas parecendo uma gangorra, mas enfim, São Paulo sempre se apresentou assim.

São Paulo mudou bastante do meu passado de empregado de um escritório de advocacia na 24 de Maio para os dias atuais. Já podemos visualizar as calçadas com piso adequado, tema que aliás vamos abordar a partir da próxima semana, rampas de acesso, alguns ônibus adaptados e prontos para receberem cadeirantes, cinemas, bancos e comércio preparados para as pessoas com deficiência, mudanças que nós militantes de ONG's do segmentos tanto lutamos e agora observamos nossos sonhos se tornando realidade.

Quando comecei a estudar os primeiros movimentos da mobilidade urbana, entendi que nesse contexto podemos discutir uma cidade mais democrática, voltada para todos. Escadas, dificuldades de acesso, impossibilidade de subir num ônibus ou Metro e outros obstáculos torna a vida de um grupo enorme de pessoas um fardo, alguns inclusive desistem de sair de casa.

É muito comum no caso dos idosos as pessoas reclamarem dos horários em que eles gostam de sair de casa, alegando ocupação de espaço em ônibus, maior fila e outros motivos. Autonomia e independência são valores para todas as pessoas, independente de suas condições financeiras, físicas ou sociais. O espaço público deveria ser um bem preservado por todos, porque é nele que exercemos nossa cidadania, portanto, as pessoas são livres e autônomas para decidirem suas ações. Interessantes que as mesmas pessoas que reclamam são as mesmas que ocupam vagas destinadas para pessoas com deficiência física, são as mesmas que usurpam o direito alheio e assim vai.

Vamos pensar na cidade, na nossa cidade, independente de qual seja, como um espaço destinado para todos,, onde vamos poder exercer a democracia na amplitude de seu significado.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A circulação não-motorizada

Caminhar, além de ser a forma mais antiga e básica de transporte humano, constitui-se no modo de transporte mais acessível e barato. Com exceção dos equipamentos necessários para melhorar a mobilidade das pessoas com deficiência, caminhar
não exige nenhum equipamento especial. Porém, apesar da infrastrutura de passeios públicos ser relativamente barata, a maioria das cidades brasileiras não se preocupa em acomodar os pedestres com o mesmo empenho dedicado aos veículos.

Os passeios públicos e as áreas de uso compartilhado, planejados para acomodar os
pedestres em seus deslocamentos, poderiam constituir elementos de cidades mais humanas. Mas, ao longo do tempo, esses espaços foram sendo cedidos para a ampliação do viário, dos estacionamentos, ou simplesmente invadidos pelos veículos e pelo comércio informal.

Ainda mais grave é a situação das pessoas com deficiência, para as quais é praticamente impossível sair de casa e ter acesso a qualquer atividade urbana sem contar com a solidariedade de amigos ou familiares.

No que tange à segurança dos pedestres nas vias, as intervenções que são geralmente adotadas para minimizar os conflitos com os veículos, como por exemplo, as faixas de travessia, muitas vezes não são estímulos suficientes para que os motoristas deem preferência aos pedestres. Isto pode torná-los ainda mais vulneráveis aos acidentes, pois são encorajados a usufruírem de uma segurança que é ilusória, pois só existe, na prática diária, na presença de autoridades de trânsito ou de dispositivos eletrônicos de vigilância.

Os pedestres constituem uma parcela bastante significativa do número total de mortes em acidentes de trânsito, representando entre 40 e 50% desses, na sua maioria, crianças e idosos.

O desrespeito pelo cidadão pedestre é reforçado pela falta de punição imediata dos atropelamentos no trânsito.

“Nas cidades brasileiras, particularmente nos grandes centros urbanos, durante os últimos 50 anos de automobilismo, o pedestre passou de doador de espaço para o automóvel para aquele que solicita, como por empréstimo, um pequeno chão para seu deslocamento e, hoje, cada vez mais, concorre com o próprio automóvel por espaço no leito carroçável, visto que as calçadas ou simplesmente não existem ou se tornaram tão inseguras quanto o leito carroçável. Isso implica que o número de atropelamentos, por
exemplo, em São Paulo, seja maior no meio de quadra do que nos cruzamentos, conforme entendimento do Ministério das Cidades.

Essa realidade impõe que, de maneira urgente, haja uma clara e efetiva separação entre os modos de deslocamento no trânsito das cidades, definindo o espaço de cada modo, seus direitos e deveres, minimizando os conflitos, gerando segurança, respeito e civilidade entre cada tipo de usuário do sistema de circulação e do espaço público em geral.

A valorização das calçadas como lugar próprio da circulação pedestre, classificando-a como parte do sistema de circulação da cidade, como preconiza o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é a solução já apresentada em toda a história do urbanismo
moderno, mas que ainda deve ser efetivamente realizada na maior parte das áreas urbanas do país.

Andar a pé muitas vezes não se revela uma opção individual, mas uma imposição que priva um terço dos deslocamentos de padrões dignos de acessibilidade.
Investimentos no passeio público são ações para a maioria, pois requalificam o espaço público, local da igualdade imposta pela simples coopresença dos habitantes de um determinado lugar.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os idosos na mobilidade urbana - 2


Os idosos no decorrer do processo de inclusão conquistaram o reconhecimento da sociedade. Foram favorecidos, entre outras vantagens instituídas pelo Estatuto do Idoso, com a gratuidade no transporte coletivo urbano, filas preferenciais em bancos e supermercados e vagas exclusivas em estacionamentos. Vitórias conseguidas não como recompensa pela idade avançada, mas como concessão da graça devida a quem muito dedicou sua vida em benefício de seu País.

Mas falta o reconhecimento da população que transita nas cidades a pé ou motorizada. Falta notar sua presença, um pouco lenta, cruzando as calçadas ou atravessando as ruas. Falta parar para conversar com eles, conhecer suas experiências. Quem muito já viveu, pode muito ensinar. Muitos idosos têm morrido em acidentes de trânsito por esperarem que os condutores de veículos cumpram a lei, respeitando a faixa pintada nas vias para a travessia segura de pedestres, e guiando defensivamente. Os muitos anos fragilizam o fio da vida e fazem com que os reflexos, a visão e a audição tão vívidos na juventude, se confundam nos conturbados ruídos urbanos.

A cada ano o número de idosos como condutores de veículos tem aumentado.

O Código de Trânsito Brasileiro, visando uma qualidade de vida para o condutor de veículos compatível com sua idade, estabeleceu no §2º do Art. 147 que o exame de aptidão física e mental seja obrigatório e renovável a cada 3 anos para os condutores com mais de 65 anos de idade. Para os demais, o prazo é de 5 anos. Exigência que demonstra o cuidado do legislador com a saúde e a segurança da pessoa idosa na condução do veículo. O Código também concede preferência a eles no momento da travessia mesmo que, inadvertidamente, atravessem fora da faixa de pedestres. O desrespeito de motoristas e motociclistas em não priorizá-los implica em infração gravíssima e multa (Art. 214, III).

As estatísticas de trânsito têm destacado os idosos entre as maiores vítimas de atropelamentos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, os pedestres representaram em 2006 o maior percentual de mortes em acidentes de trânsito. Morreram 9.220 pedestres (27,4% do total de mortes), sendo que 2.329 tinham mais de 60 anos de idade (25,3%).

terça-feira, 6 de abril de 2010

Os idosos na mobilidade urbana



As mudanças que estão acontecendo no CETET devem se preparar para as novas realidades urbanas, os departamentos devem atuar harmonicamente e a busca por soluções têm que ser o objetivo principal. Os idosos por sua natureza e características próprias merecem de nossa parte uma atenção especial.

Para um melhor controle e segurança no trânsito para o idoso, o Código de Trânsito Brasileiro teve modificações significativas no âmbito dos direitos e deveres do motorista. O CTB dispõe sobre exames de habilidades física e mental, representando um avanço para um melhor controle, punição e educação no trânsito. Em cursos de medicina do trânsito que todos os médicos e psicólogos devem fazer ao se credenciarem para a realização de peritos, consta um capítulo próprio sobre idoso e outro sobre epidemiologia do acidente de tráfego, o que deve ter maior atenção com o aumento do envelhecimento populacional.

A avaliação comportamental, da personalidade e avaliação neuropsicológica para a identificação de déficits cognitivos em idosos, através de instrumentos específicos para o rastreamento de demência e testes de direção (em ambiente natural ou em simulação) deveriam ser inclusos, uma vez que é importante para analisar a capacitação do idoso para dirigir, conforme entendimento do Conselho Regional de Medicina de São Paulo.

Os idosos não participam no trânsito apenas como motoristas, mas também como pedestres, ciclistas, motociclistas e passageiros. A educação no trânsito deve ser vista em todas as modalidades de deslocamentos. Os principais motivos de deslocamentos dos idosos sejam como motoristas ou usuários de transporte público são para compras, fazer visitas, se hospedar na casa de um parente, ir ao médico, viagens de recreação, esportes e passeios, de acordo com pesquisa do IBGE e divulgada no Panorama da Saúde no Brasil. É triste ainda constatar que faz parte da realidade de muitos idosos o desrespeito às leis, aos direitos dos idosos, o abuso e os maus tratos também no trânsito. Então a educação no trânsito deve partir da iniciativa de todos os usuários e motoristas em toda a faixa etária. É de suma importância uma mudança de paradigma e de tomada de atitude por parte da sociedade para que respeite esse segmento populacional. Muitos idosos ainda sofrem com o preconceito, a imagem cultural negativa que a sociedade tem da velhice, o descaso dentro do ônibus, em metrôs, ruas e avenidas sem faixas e placas, calçadas cheias de buracos, ciclovias, vagas em estacionamentos reservados aos idosos, mas que não são respeitados, etc… Infelizmente nossa sociedade ainda é despreparada para respeitar a diversidade, a individualidade, as características e necessidades da pessoa idosa, para ver o envelhecimento numa perspectiva de desenvolvimento, que o envelhecimento faz parte de toda uma vida e que todos iremos envelhecer.

São numerosos os obstáculos que a pessoa idosa enfrenta para viver e transitar nas cidades brasileiras e estão sujeitos a acidentes de trânsito. Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (2000) sobre a mortalidade por causas externas em idosos no Brasil, nas capitais de regiões metropolitanas, 29,6% das ocorrências são em acidentes de trânsito/transportes e 16,6% das ocorrências são de quedas em calçadas e travessias de ruas e vias. O erro humano é a causa mais freqüente de acidentes de tráfego.

Torna-se necessário a implantação da acessibilidade para os idosos no trânsito preparando as cidades para o perfil da população que envelhece. Em todo o mundo, o contingente de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos tem crescido rapidamente e estima-se que esse cenário irá aumentar.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mobilidade urbana e a pesquisa do IBGE


Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE - praticamente um terço dos brasileiros encontra dificuldades físicas para realizar algum tipo de tarefa cotidiana. Caminhar por mais de um quilômetro, subir ladeiras ou escadas, abaixar-se ou curvar-se não são atividades simples para muitas dessas pessoas e constituem um obstáculo para a sua mobilidade, dentro ou fora de casa. Os dados constam do estudo "Um Panorama da Saúde no Brasil".
O problema é maior entre os mais velhos. Cerca de 72% das pessoas acima dos 60 anos enfrentam algum tipo de limitação física. Daí que não surpreenda o aumento da parcela da população com entraves à sua mobilidade -que passou de 26,2%, em levantamento de 2003, para 29,1% dos brasileiros, em 2008.
Não será apenas com exercícios físicos ou acompanhamento médico que se reverterá tal tendência. Em grande medida ela deriva de razões demográficas. O aumento da expectativa de vida e a queda na taxa de fecundidade têm levado ao crescimento da fatia de idosos na população, de acordo com conclusões do estudo.
A pesquisa do IBGE impõe considerações que ultrapassam o âmbito das políticas de saúde -que não devem, é claro, ser menosprezadas. Mobilidade, como sabem as pessoas com deficiências físicas, é também um problema de planejamento urbano.As grandes cidades do país têm condições inadequadas para o trânsito de uma parcela expressiva da população. Idosos, pessoas com deficiência, gestantes e doentes crônicos se veem forçados a depender de ajuda para se locomover.
É imperativo melhorar o transporte público e torná-lo cada vez mais acessível. Mas não basta. As pessoas precisam chegar até as estações de trem e metrô ou aos pontos de ônibus -tanto quanto têm o direito de andar a pé ou em cadeiras de rodas, se assim desejarem.Parece banal, mas melhorar as condições precárias das calçadas e dos espaços públicos, bem como das faixas de pedestres, representaria uma revolução urbanística no país.

Mais uma vez reporto-me ao novo departamento da CET-CETET, o Departamento de Ruas, que entre outras atribuições vai ter o condão de planejar com segurança o deslocamento das pessoas; sua equipe vai ter acompanhar essas pesquisas e balizarem suas ações em dados reais. Conhecer a cidade e suas especificidades serão fundamentais para o sucesso do departamento.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sustentabilidade na mobilidade urbana

um futuro melhor para nossos filhos e netos...

O crescimento do número de pessoas vivendo nas cidades, a contínua sobrecarga nos recursos naturais, na infraestrutura e nas instalações urbanas, além dos profundos impactos causados no meio ambiente têm, por conseqüência principal, a deterioração da qualidade de vida nas cidades. Todos estes fatores têm conduzido à preocupação com a sustentabilidade urbana, expressa principalmente através dos inúmeros debates, conferências e documentos sobre o tema produzidos principalmente nas últimas décadas do século XX.

A diversidade de documentos relativos ao tema conduz, no entanto, à dificuldade em se estabelecer uma definição única e consensual para a questão da sustentabilidade urbana. Do mesmo modo, os conceitos apresentados mostram-se fortemente influenciados por fatores como localização geográfica, estágio de desenvolvimento econômico, características e interesses específicos das nações ou grupos que os desenvolveram. Apesar dessas variações há, no entanto, pontos em comum entre as diversas definições e entre os temas considerados nos debates sobre o desenvolvimento sustentável. Entre estes, está o “espaço” onde deve ocorrer o desenvolvimento para que ele seja sustentável. Este espaço pode ser entendido como a interseção entre as dimensões econômica, social e ambiental.

O conceito de mobilidade urbana sustentável busca incorporar aos preceitos de sustentabilidade econômica, social e ambiental a capacidade de se atender as necessidades da sociedade de se deslocar livremente a fim de realizar as atividades desejadas, visando, em última análise, a melhoria da qualidade de vida urbana desta e das futuras gerações.

- No nível econômico, os custos associados à construção, operação e manutenção das infraestruturas e serviços de suporte ao desenvolvimento urbano não devem superar as limitações existentes ou comprometer demandas de investimento em setores prioritários;

- No nível social, as cidades devem ser socialmente diversas, adaptáveis a diferentes estilos de comportamento e, adicionalmente, oferecer aos habitantes oportunidades eqüitativas de acesso às atividades e serviços essenciais;

- Em termos ambientais, cidades sustentáveis devem ser projetadas de forma a minimizar a poluição do ar, do solo, da água, reduzir desperdícios e o consumo de recursos, além de proteger os sistemas naturais de suporte à vida (PBD, 1995 apud SILVA et al.,2002).

Pode-se afirmar assim, que a construção de comunidades sustentáveis implica em profundas mudanças nos transportes e no desenvolvimento de um novo paradigma que considere os conceitos associados ao aumento da mobilidade urbana. As iniciativas desenvolvidas no sentido de se discutir este novo paradigma têm recebido, no entanto, diferentes denominações ao redor do mundo, refletindo preocupações e interesses específicos das comunidades interessadas em desenvolvê-lo. Entre as diferentes denominações encontradas estão: transporte sustentável, mobilidade sustentável, transporte humano, mobilidade cidadã, entre outros.

Nesse sentido, a mobilidade das pessoas deve ser abordada no novo departamento do CETET , o Departamento de Ruas. Portanto, todas as formas de deslocamentos e acessos urbanos necessitam serem estudadas, para que se façam novos planejamentos e que ocorram intervenções educacionais urbanas, visando a diminuição de riscos para as pessoas.