JAIRO MARQUES
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Todos os dias, pelo menos três denúncias de violência contra
pessoas com deficiência são registradas no Estado de São Paulo pelos serviços
federal e estadual de notificação. O número disparou desde 2011, quando as
anotações começaram.
São casos de maus-tratos,
abandono, violência psicológica, violência física, abuso e exploração sexual,
além de apropriação de recursos financeiros das pessoas com
deficiência.
Em 2011, quando o serviço federal Disque 100 começou a recolher
esse tipo de denúncia, 208 relatos foram registrados pelos atendentes.
O número, que se refere apenas
ao Estado de São Paulo, saltou para 558 em 2012. Se somado aos registros do
181, o Disque Denúncia estadual, em funcionamento desde 2012, o total de
ocorrências é de 1.209.
Diante dos dados, uma ação integrada de prevenção e combate à
violência contra pessoas com deficiência foi lançada no começo do mês.
Seis secretarias de Estado
(Saúde, Direitos das Pessoa com Deficiência, Segurança Pública, Justiça e
Cidadania, Educação e Assistência Social), além da Defensoria Pública e do
Ministério Público, trabalharão em conjunto.
AÇÕES
Serão 23 ações que envolvem:
aperfeiçoar o sistema de notificação e aumentar os canais de denúncia; informar
e treinar servidores públicos sobre o que é deficiência, como identificá-la e
qual encaminhamento deve ser feito quando ocorre, além de prevenção e
atendimento.
Também estão previstas
campanhas de conscientização pública, oferta de apoio psicológico e
encaminhamento de vítimas, familiares e até de agressores a cursos profissionalizantes
ou programas de geração de renda.
INVISIBILIDADE
"Ainda é muito grande a
invisibilidade dessa situação de violência para a sociedade. É preciso mostrar
que ela existe para poder combatê-la, a exemplo do que foi feito para a
proteção da mulher, da criança", afirma Linamara Rizzo Batisttella,
secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
O levantamento revelou que, em
72% dos casos, o agressor é um membro da família da vítima. Já em 14% das
ocorrências, ele é um agente público. Em 11% das denúncias, a violência foi
cometida por uma pessoa sem relação com o deficiente.
DIFÍCIL DE DENUNCIAR
"Os dados mexem com a
humanidade de qualquer um e, infelizmente, ainda são subnotificados. Um surdo
que queira fazer uma denúncia vai ter muita dificuldade, assim como alguém com
deficiência intelectual. Isso terá de ser mudado, e rapidamente", diz a
secretária Linamara Rizzo Battistella.
Psicóloga diz sofrer violência dentro e fora
de casa; aneurisma afetou os movimento de todo o lado esquerdo de seu corpo
Psicóloga com paralisia diz sofrer violência dentro
e fora de sua casa
JAIRO MARQUES
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Desde o aneurisma que afetou os movimentos de todo o lado esquerdo
de seu corpo, a psicóloga Fátima (nome fictício), 56, afirma que vem sofrendo
diversos tipos de violência, tanto fora como dentro de sua própria casa.
"À medida que fui saindo
para o espaço público, fui ficando mais exposta à agressão tanto provocada
pelas barreiras físicas como pelas barreiras de atitude das pessoas", diz
a psicóloga.
Fátima convive com a deficiência física que resultou do aneurisma
há nove anos.
A última situação enfrentada
por ela foi em uma estação de metrô. O elevador do prédio estava quebrado e
Fátima pediu apoio da equipe da estação para subir a escada rolante, o que ela
não conseguiria fazer sozinha.
"Pedi uma cadeira de
rodas, porque não conseguiria andar até um ponto de táxi só com o apoio da
minha bengala. Fui ignorada, mas insisti, até entrar em conflito com a
segurança."
O caso acabou parando na
delegacia e está sendo apurado pelo Metrô.
A psicóloga afirma ter sido
agredida, não compreendida e desrespeitada.
Fátima convive com a deficiência física que resultou do aneurisma
há nove anos.
A última situação enfrentada
por ela foi em uma estação de metrô. O elevador do prédio estava quebrado e
Fátima pediu apoio da equipe da estação para subir a escada rolante, o que ela
não conseguiria fazer sozinha.
"Pedi uma cadeira de
rodas, porque não conseguiria andar até um ponto de táxi só com o apoio da
minha bengala. Fui ignorada, mas insisti, até entrar em conflito com a
segurança."
O caso acabou parando na
delegacia e está sendo apurado pelo Metrô.
A psicóloga afirma ter sido
agredida, não compreendida e desrespeitada.
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