Ally e Ryan

Ally e Ryan

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Hiperlexia


Hiperlexia é uma síndrome, muitas vezes caracterizada como elemento do autismo, que envolve a capacidade de leitura precoce e a obsessão por números e letras.

O que é?
 
A hiperlexia pode ser entendida como uma síndrome, que compreende sintomas como uma alta capacidade de leitura e uma espécie de obsessão por letras e números, porém acompanhada de uma espécie de retardo em outras áreas do desenvolvimento. Essa síndrome pode ser entendida a partir de três características principais: capacidade precoce de leitura, dificuldade em lidar com a linguagem oral e uma inadaptação social dos comportamentos.
Por muito tempo as crianças hiperléxicas foram diagnosticadas a partir de referenciais do autismo, uma vez que existem poucos estudos e mecanismos para o diagnóstico.
Como diagnosticar?
 
Algumas características podem encaminhar o diagnóstico de hiperlexia, entre elas, deve-se atentar prioritariamente para a precocidade da interação da criança com letras e números. A partir dos 18 meses, crianças hiperléxicas já começam a demonstrar uma capacidade diferenciada para identificação de letras e números, e aproximadamente a partir dos 3 anos essas crianças são capazes de reconhecer o agrupamento de letras e formar palavras, mesmo que estas não façam sentido no contexto. Assim, é provável que essa criança seja capaz de ler frases inteiras, mesmo não dominando a linguagem oral como as outras crianças de sua idade. Devemos lembrar que nem todas as crianças com hiperlexia apresentam o mesmo desenvolvimento de suas condições. Outra particularidade das crianças hiperléxicas, para a qual se deve atentar no período diagnóstico, é o apego que essas têm à rotina. Uma criança hiperlexica dificilmente aceita mudanças em seus horários e atividades, procura encontrar padrões em todas as situações.
 
A criança hiperléxica
 
A hiperlexia não é consequência de nenhum método de ensino, ou seja, a capacidade de ler da forma como se dá nesses casos não é algo ensinado, não há instruções para que a criança aja de tal forma. Essa criança simplesmente aprende a decodificar as palavras, a partir da identificação das letras e de seus agrupamentos.
 
O fato de uma criança hiperléxica ter dificuldades em seus relacionamentos sociais não significa que estes não devam ser encorajados. Existem inúmeros benefícios ligados à experiência dessas crianças na relação com crianças de desenvolvimento normal, entre eles destaca-se a estimulação oral. Para a criança hiperléxica, a criança normal é alguém que fala muito, mas essa interação permite que aquela reconheça os aspectos funcionais da comunicação oral.
 
Na escola
 
Algumas posições pedagógicas defendem a criação de salas especiais para hiperléxicos, uma vez que a presença de uma criança hiperléxica no grupo de alunos implica algumas alterações na rotina de professores, coordenação e alunos, por exemplo, ajustes no currículo e flexibilização do programa de ensino. Todavia, é importante tanto para crianças normais quanto para a criança hiperléxica que sejam expostas a relação com outras crianças em diferentes condições, para que possam reconhecer diferentes formas de se comunicar. Do outro lado, professores devem estar preparados para usar, de maneira criativa, a habilidade de lidar com as palavras e números, de forma que se torne realmente uma experiência valiosa para todos.
 
Onde encontrar mais informações?
 
Existem poucas publicações sobre hiperlexia no Brasil. Há alguns anos a autora Susan Martins Miller publicou, pela editora Nova Alvorada de Belo Horizonte, o livro “Lendo muito cedo”, que explica com bastante clareza as condições e implicações da hiperlexia na vida de crianças e adultos, além disso, algumas associações de pais de crianças autistas tem trabalhado para divulgar as particularidades da síndrome em seus sites, o que gera um conteúdo bastante rico em detalhes da experiência de viver com alguém hiperléxico.

Juliana Spinelli Ferrari
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em psicologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista
Curso de psicoterapia breve pela FUNDEB - Fundação para o Desenvolvimento de Bauru
Mestranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP - Universidade de São Paulo
 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Livro Transtornos de Conduta - Síndromes Diversas


Minhas considerações sobre o livro Transtornos de Conduta

Síndromes Diversas

Autora: Priscilla Amaral

Olá pessoal. Conclui hoje de ler o livro acima mencionado escrito pela minha amiga Priscilla Amaral. Alguns livros são importantes para aprofundarmos o processo de inclusão, ainda em curso. E o livro em questão atendeu os requisitos necessários para esse fim.

Inicialmente, é fundamental frisar a formatação da obra. A autora aborda casuísticas de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais. Priscilla utilizou da forma empírica para fundamentar suas ideias e o resultado obtido é bastante interessante.

Ao ler os diversos estudos de casos é possível elaborar algumas conclusões:

- Quando o profissional da sala de recursos multifuncionais trabalha articulado com o docente da sala comum, os resultados são amplamente favoráveis aos alunos. Em sendo assim, é fundamental que os docentes articulem suas ações com os profissionais da SRM.

- O livro tem um lado que considero muito positivo: ele desmistifica aquela questão que remete somente aos alunos com deficiência a dificuldade de aprendizagem. Alunos com depressão infantil, oriundos de famílias desestruturadas, subnutrição e outros fatores também devem ser elencados e analisados pela comunidade escolar, quando apresentarem dificuldades de aprendizagem.

- Outro dado relevante que destaco é o processo de anamnese utilizado pela autora para se estabelecer a cada aluno uma conduta específica.  Infelizmente muitos profissionais de educação acreditam que deveria haver um manual para lidar com as deficiências ou dificuldades de aprendizagem dos alunos, o que é um engano. As pessoas são diferentes, portanto, a estratégia e o planejamento adotados para alguns não necessariamente devem ser aplicados para os demais. E investigar a vida social do aluno, suas relações sociais e familiares, sua vida pregressa e outros elementos são fundamentais para o sucesso da proposta de ensino que deve ser adotada, e nesse sentido o trabalho da Priscilla Amaral é um exemplo que deve ser seguido.

- A escola é o ambiente propício para a promoção da paz, da reconciliação e da convivência entre as diferenças; por isso, não podemos deixar que seja alvo da intolerância, do preconceito e da violência. Para que essa finalidade seja totalmente alcançada é necessário que haja um trabalho conjunto entre toda a comunidade escolar, a articulação deve envolver o profissional da SRM, os professores, os pais, a direção e os demais alunos.

O livro apresenta diversas Síndromes e o seu conhecimento ajuda no processo de ensino-aprendizagem. E tem uma informação que apreciei muito: quando a autora refere-se que nem sempre a aprendizagem do aluno deve ser a prioridade da escola. Outros fatores são importantes, como preparar o aluno com deficiência ou com alguma dificuldade de aprendizagem para relações sociais, para suas atividades diárias e para seu próprio futuro. Esta colocação tão bem exposta pela autora vai de encontro ao pensamento de muitos outros educadores, no quais me incluo, que defendem que até há alguns anos a criança com limitação intelectual, moderada ou severa era considerada incapaz de aprender, necessitando apenas de cuidado e proteção. A partir do momento em que o sistema educacional proporciona a oportunidade de crianças e adolescentes em idade escolar frequentarem a escola regular, esta se defronta com a questão do currículo a ser proposto, sem dúvida um desafio aos educadores que atuam junto a esta população. Ao delinearmos um currículo para esta clientela, em que o foco é o desenvolvimento das habilidades mais relevantes da vida diária do aluno, de forma a possibilitar que ele participe tão independentemente quanto possível na sua comunidade. Para isso, devemos levar em conta alguns aspectos como: funcionalidade, adequação a idade cronológica, interações com os pares sem deficiência e desenvolver nos alunos a oportunidade de escolha.

Para os docentes que ainda são resistentes a presença de alunos com necessidades educacionais especiais na sala de ensino regular, indico uma frase da autora:

“Quando comecei a lecionar em Sala de recursos, observei uma enorme diferença já que não são mais salas “fechadas”, assim como as salas de ensino regular, e sim atendimentos que objetivam a melhoria do aluno na sala de ensino regular. Trocando em miúdos, a sala especial segregava e a Sala de recursos auxilia o aluno para que apresente melhor desempenho no ensino regular”.

Gostei muito desta colocação porque a educação é a porta de entrada para a participação plena na sociedade. É particularmente importante para crianças com deficiência, que frequentemente são excluídas. Muitos dos benefícios da escola consolidam-se ao longo do tempo – por exemplo, garantir o sustento na vida adulta –, mas alguns são visíveis quase imediatamente. A participação na vida escolar é importante para crianças com deficiência, uma vez que corrige equívocos que impedem a inclusão. E quando essas crianças são capazes de frequentar a escola, pais, mães e cuidadores conseguem encontrar tempo para outras atividades, como trabalhar e descansar.

Em princípio, todas as crianças têm o mesmo direito à educação. Mas, na prática, esse direito é desproporcionalmente negado a crianças com deficiência. Consequentemente, fica prejudicada sua capacidade de usufruir de todos os direitos de cidadania e de assumir papéis valorizados pela sociedade – principalmente por meio de emprego remunerado.          Enfim, indico o livro para todos, em especial para os docentes, pais de crianças com deficiência e para todos os profissionais que atuam na área. A leitura é dinâmica, leve e muito reflexiva.

Parabéns Priscilla Amaral e muito sucesso para você e seus alunos.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O direito de moradia e inclusão na comunidade

02/06/2013 - Global REPORT
O direito que uma pessoa jovem com deficiência intelectual tem de morar por sua própria conta na comunidade, sendo incluído normalmente na sociedade em que vive, é um assunto de grande importância mas segundo informações de lideranças mundiais, muito bem informadas, o Relatório Global sobre o artigo 19 da Convenção de Direitos das Pessoas com Deficiência mostra que muitos governos não aquilatam a importância dessa atitude.
 
No Brasil há mais de 50 anos vimos lutando, primeiro pela inserção nas políticas públicas de pessoas com deficiência intelectual, e outras deficiências certamente, uma vez que o segmento de cerca de 24 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência permaneceu durante muitos anos esquecido do Poder Público, continuando a ser um segmento excluído e isolado de preocupações governamentais.
Isso é injustificável, daí o esforço de grandes entidades como Inclusion International e outras organizações que trabalham em prol de pessoas com deficiências para que essa situação mude favoravelmente.
 
Vamos pensar em conjunto sobre o que nos dizem os 92 países que ajudaram Inclusion International na elaboração desse Relatório Global:
 
A Convenção de Direitos das Pessoas com Deficiência das Nações Unidas foi implantada em 2006 e foi ratificada por mais de 120 países. Contudo, poucos governos compreendem, inteiramente, as implicações de implementar essa Convenção e especificamente o Artigo 19.
 
A fim de fazer face à histórica e sistemática exclusão de pessoas com deficiência, nossas comunidades, governos e sociedades vão precisar abraçar um paradigma novo (refletido na CDPD). É preciso mudar de encarar a deficiência como um programa ou área na qual pessoas com deficiência são as receptoras ou objetos de políticas - para um processo transformador que ajuda a construir comunidades mais fortes nas quais todo mundo participa e contribui. Isso significa não pensar apenas na pessoa com deficiência mas também em suas famílias e círculos de apoio bem como as comunidades em que moram. É preciso compreender como fortalecer o tecido social de nossas sociedades.
 
Têm sido realizadas pesquisas e trabalhos a respeito da desinstitucionalização (ou seja, fechar instituições de longa permanência) e ainda na compreensão de serviços e apoios de que as pessoas necessitam para morar com sucesso na comunidade. O que está faltando é a voz das pessoas com deficiência intelectual e suas famílias, que têm vivido a experiência de exclusão e isolamento, que compreendem as causas e o impacto que essa exclusão causa e que têm uma visão do que significa de fato morar e ser incluído na comunidade. Queríamos saber:
  • Qual é a situação de pessoas com deficiência intelectual e suas famílias com relação a sua inclusão na comunidade;
  • O que aprendemos acerca da razão pela qual as pessoas são excluídas e ficam isoladas;
  • Que progresso já foi feito;
  • Quais são os desafios novos e emergentes que ameaçam a inclusão;
  • O que nós e nossos parceiros deveríamos fazer para alcançar as mudanças necessárias para tornar o Artigo 19 uma realidade em todo o mundo.

Trecho extraído da página 9 do GLOBAL REPORT ON ARTICLE 19
The right to live and by included in the community.
Traduzido do inglês e digitado em São Paulo em 21 de abril de 2013 por Maria Amélia Vampré Xavier.
 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Cordel da Vida Independente


Hélio de Araújo
anos setenta
Com Ed Roberts na frente
Começou o movimento
De vida independente
Questionando comportamentos
Visando um mundo includente.

Ed Roberts era cadeirante
E lutava por direito
Por ser um perseverante
A luta fez logo efeito
Pessoas com deficiência
Conquistaram mais respeito.

Ele queria para todos
Acesso ao conhecimento
E para pessoa com deficiência
Autonomia e empoderamento
Para ela mesma decidir,
Demonstrar seu pensamento.

Após décadas de estudos,
Pesquisas e mobilização,
Luta, debate e suor,
Veio a fundamentação,
Para assim sustentar
A proposta de inclusão.

Assim não podemos voltar
Para era da segregação
Agora é dois mil e treze
É tempo da união,
Abaixo a intolerância
E a institucionalização.

A escola deve receber
Com muita satisfação
O aluno com deficiência
Sem nenhuma separação,
Pois é doloroso para os pais
Constatarem uma rejeição.

A educação inclusiva
Prevista na Convenção
Deve ser oferecida
Em qualquer situação,
Pois é o que impede
O mal da desunião.

Devemos ser responsáveis
Por nossa sociedade
Que deve ser inclusiva,
Respeitando a diversidade,
Justa e possibilitando:
Acolhimento e equidade.

Quem abordar esse tema
Nos meios de comunicação
Deve se preparar
E ter muita precaução,
Pois a informação errada
Reforça a discriminação.

Todo aluno tem direito
A um bom atendimento:
Com limitação sensorial,
Transtorno do desenvolvimento,
Deficiência intelectual ou física
Ou com outro impedimento.

Não é só direito à escola,
É por acessibilidade,
Trabalho, lazer e saúde,
Turismo de qualidade
E de exercer livremente
A sua maternidade.

Ser diferente não atrapalha,
Nem a escola nem a nação.
A diversidade somente ajuda
Provoca constante reflexão
Se fossemos todos iguais
A vida seria sem emoção.

Hélio de Araújo
é professor, cadeirante, ativista na defesa dos direitos das pessoas com deficiência – Petrolina-PE. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Corrente do livro

Descrição da imagem: capa do livro Lições do velho professor, de Rubem Alves
 
Olá pessoal. Em abril ganhei o livro "Lições do velho professor"' do meu mestre Rubem Alves, de uma amiga muito querida e amada, Deisy Paula. O livro é convite à reflexão de nossa atitudes e ações como educadores que somos.
 
Recentemente li que nos EUA está ficando comum as pessoas circularem os livros, isso estimula a leitura. Funciona assim: a pessoa passa o livro para quem gosta muito, depois que esta pessoa ler, ela passa para outra e assim vai, um dia quem sabe este livro possa voltar para mim. A primeira pessoa que colocou o livro para circular deixa seu endereço, email, blog  e sua página no facebook. Quem estiver com o livro pode ir se posicionando, isso é uma forma de todos irem acompanhando e vamos fazendo novas amizades. Teve uma professora americano que viu o livro circular por seis anos, inclusive o livro passeou até a Nova Zelândia, até voltar para ela.
Ao ler esses fatos pesquisar mais sobre o tema, decidi fazer o mesmo com o livro do mestre Rubem Alvez, afinal, deixá-lo na prateleira empoeirando seria um pecado com outra pessoas.
 
 

A primeira pessoa para quem passei o livro é  Andrea Migliari. Ela é uma pessoa muito amada por mim, uma amiga, prima, enfim, uma pessoa de luz, que mora no Rio de Janeiro. Olha a primeira viagem do livro, de Praia Grande ao Rio de Janeiro! Depois ela passará para alguém e assim ele seguirá seu destino. Cuidem bem do nosso livro e sempre repassem.
Um dia quando ele voltar contarei para todos. É isso!!