Minhas
considerações sobre o livro Transtornos de Conduta
Síndromes
Diversas
Autora:
Priscilla Amaral
Olá pessoal. Conclui hoje de ler o livro acima mencionado
escrito pela minha amiga Priscilla Amaral. Alguns livros são importantes para
aprofundarmos o processo de inclusão, ainda em curso. E o livro em questão
atendeu os requisitos necessários para esse fim.
Inicialmente, é fundamental frisar a formatação da obra. A
autora aborda casuísticas de crianças, jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais. Priscilla utilizou da forma empírica para fundamentar
suas ideias e o resultado obtido é bastante interessante.
Ao ler os diversos estudos de casos é possível elaborar
algumas conclusões:
- Quando o profissional da sala de recursos multifuncionais
trabalha articulado com o docente da sala comum, os resultados são amplamente
favoráveis aos alunos. Em sendo assim, é fundamental que os docentes articulem
suas ações com os profissionais da SRM.
- O livro tem um lado que considero muito positivo: ele
desmistifica aquela questão que remete somente aos alunos com deficiência a
dificuldade de aprendizagem. Alunos com depressão infantil, oriundos de
famílias desestruturadas, subnutrição e outros fatores também devem ser
elencados e analisados pela comunidade escolar, quando apresentarem
dificuldades de aprendizagem.
- Outro dado relevante que destaco é o processo de anamnese utilizado
pela autora para se estabelecer a cada aluno uma conduta específica. Infelizmente muitos profissionais de educação
acreditam que deveria haver um manual para lidar com as deficiências ou
dificuldades de aprendizagem dos alunos, o que é um engano. As pessoas são
diferentes, portanto, a estratégia e o planejamento adotados para alguns não
necessariamente devem ser aplicados para os demais. E investigar a vida social
do aluno, suas relações sociais e familiares, sua vida pregressa e outros
elementos são fundamentais para o sucesso da proposta de ensino que deve ser
adotada, e nesse sentido o trabalho da Priscilla Amaral é um exemplo que deve
ser seguido.
- A escola é o ambiente propício para a
promoção da paz, da reconciliação e da convivência entre as diferenças; por
isso, não podemos deixar que seja alvo da intolerância, do preconceito e da
violência. Para que essa finalidade seja totalmente alcançada é necessário que
haja um trabalho conjunto entre toda a comunidade escolar, a articulação deve
envolver o profissional da SRM, os professores, os pais, a direção e os demais
alunos.
O livro
apresenta diversas Síndromes e o seu conhecimento ajuda no processo de
ensino-aprendizagem. E tem uma informação que apreciei muito: quando a autora
refere-se que nem sempre a aprendizagem do aluno deve ser a prioridade da
escola. Outros fatores são importantes, como preparar o aluno com deficiência
ou com alguma dificuldade de aprendizagem para relações sociais, para suas
atividades diárias e para seu próprio futuro. Esta colocação tão bem exposta
pela autora vai de encontro ao pensamento de muitos outros educadores, no quais
me incluo, que defendem que até há alguns anos a criança com limitação intelectual, moderada ou severa
era considerada incapaz de aprender, necessitando apenas de cuidado e proteção.
A partir do momento em que o sistema educacional proporciona a oportunidade de
crianças e adolescentes em idade escolar frequentarem a escola regular, esta se
defronta com a questão do currículo a ser proposto, sem dúvida um desafio aos
educadores que atuam junto a esta população. Ao delinearmos um currículo para
esta clientela, em que o foco é o desenvolvimento das habilidades mais
relevantes da vida diária do aluno, de forma a possibilitar que ele participe
tão independentemente quanto possível na sua comunidade. Para isso, devemos
levar em conta alguns aspectos como: funcionalidade, adequação a idade
cronológica, interações com os pares sem deficiência e desenvolver nos alunos a
oportunidade de escolha.
Para os docentes que
ainda são resistentes a presença de alunos com necessidades educacionais
especiais na sala de ensino regular, indico uma frase da autora:
“Quando comecei a
lecionar em Sala de recursos, observei uma enorme diferença já que não são mais
salas “fechadas”, assim como as salas de ensino regular, e sim atendimentos que
objetivam a melhoria do aluno na sala de ensino regular. Trocando em miúdos, a
sala especial segregava e a Sala de recursos auxilia o aluno para que apresente
melhor desempenho no ensino regular”.
Gostei muito
desta colocação porque a educação é a porta de entrada para a participação plena na sociedade.
É particularmente importante para crianças com deficiência, que frequentemente são
excluídas. Muitos dos benefícios da escola consolidam-se ao longo do tempo –
por exemplo, garantir o sustento na vida adulta –, mas alguns são visíveis
quase imediatamente. A participação na vida escolar é importante para crianças
com deficiência, uma vez que corrige equívocos que impedem a inclusão. E quando
essas crianças são capazes de frequentar a escola, pais, mães e cuidadores conseguem
encontrar tempo para outras atividades, como trabalhar e descansar.
Em princípio, todas as
crianças têm o mesmo direito à educação. Mas, na prática, esse direito é
desproporcionalmente negado a crianças com deficiência. Consequentemente, fica
prejudicada sua capacidade de usufruir de todos os direitos de cidadania e de assumir
papéis valorizados pela sociedade – principalmente por meio de emprego
remunerado. Enfim, indico o
livro para todos, em especial para os docentes, pais de crianças com
deficiência e para todos os profissionais que atuam na área. A leitura é
dinâmica, leve e muito reflexiva.
Parabéns Priscilla Amaral
e muito sucesso para você e seus alunos.
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