Ally e Ryan

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segunda-feira, 7 de junho de 2010

INCLUSÃO SOCIAL - PALESTRA ROMEU SASSAKI





Em julho de 2009, o professor Romeu Sassaki, especialista em inclusão proferiu uma palestra em Bauru, SP, mencionando que os anos pós 2010 como "dramatizantes e decisivos para a inclusão". O portal Terra o entrevistou e alguns trechos relacionei abaixo:

INCLUSÃO; CONSTRUINDO UMA SOCIEDADE PARA TODOS

"Os anos pós-2010 serão dramaticamente decisivos"
Sassaki: 40 anos de experiência em inclusão

O assistente social e consultor de inclusão Romeu Kazumi Sassaki esteve em Bauru no último mês de julho para falar sobre "inclusão: construindo uma sociedade para todos"- palestra homônima ao seu livro, publicado pela WVA Editora. Com mais de 40 anos de atuação na promoção e inclusão social de pessoas com deficiência, Sassaki tem especialização, nos Estados Unidos, em aconselhamento psicológico de reabilitação na área da deficiência e seus artigos têm esclarecido a mídia sobre as terminologias mais adequadas na era da inclusão.
Ele reconhece que, ao longo do tempo, cresceram os desafios inclusivistas, mas ressalta que o processo inclusivo, iniciado em 1991, foi implementado com sucesso. "Os anos pós-2010 serão dramaticamente decisivos para atingirmos todas as metas, iniciais e acrescentadas" , afirma em entrevista ao Em Foco. A seguir, confira o resultado de nosso bate-papo:

Por que, segundo o senhor, o conceito de inclusão social não é o inverso do conceito de exclusão social?

Em sua maioria, as propostas públicas e privadas que alegam defender a inclusão para acabar com a exclusão social trazem no seu bojo, talvez inadvertidamente, a ideia de que basta colocarmos, em programas ou projetos criados para grupos específicos, as pessoas excluídas. Em pouco tempo, estas pessoas serão empurradas novamente para a exclusão social. Por quê? Pelo simples motivo de que tais programas e projetos específicos não são acompanhados de um processo que busque adequar a sociedade como um todo, desenvolvendo acessibilidades de ordem arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal. Por este motivo, as pessoas trazidas da exclusão devem ajustar-se à falta de acessibilidade, ou seja, devem ser capazes de se encaixar na sociedade e, quando não o conseguem, são devolvidas à exclusão.
A Resolução 45/91, da ONU, recomendou a construção de uma sociedade para todos até 2010. Chegaremos em 2010 com a sociedade inclusiva construída ou estamos longe disso?
A ideia da ONU era a de incentivar os seus países-membros a iniciarem um esforço mundial pela adequação da sociedade durante 20 anos (1991-2010). Nenhum ano foi desperdiçado até agora pela maioria dos países. A sociedade mudou bastante nos últimos 16 anos: aumentou notavelmente o nível de consciência sobre a importância social de construirmos sociedades que acolham todas as pessoas, adequando as estruturas sociais, legais, materiais e outras para que estas atendam as necessidades e peculiaridades de qualquer ser humano. Os próximos quatro anos certamente serão insuficientes para concluirmos este monumental processo inclusivo porque, ao longo do tempo, aumentamos a quantidade de desafios inclusivistas. Fizemos muito mais que o proposto na Resolução. O importante é que o processo inclusivo, iniciado em 1991, foi implementado com sucesso, tornando irreversível o caminho percorrido. Os anos pós-2010 serão dramaticamente decisivos para atingirmos todas as metas, iniciais e acrescentadas.

O que a inclusão social defende: a igualdade ou as diferenças?
A inclusão social defende simultaneamente a igualdade e as diferenças, porém com o entendimento de que a igualdade se refere à dignidade e aos direitos e de que as diferenças se referem à singularidade de cada ser humano. Todas as pessoas são iguais em dignidade humana e direitos humanos. Nestes termos, ninguém é melhor que os outros. Assim, por exemplo, pessoas que não têm deficiência não são melhores ou mais importantes que as pessoas com deficiência. Por outro lado, não há duas pessoas iguais. Cada ser humano é único em termos psicológicos, emocionais, físicos, intelectuais, sociais, culturais etc. Esta singularidade implica que a sociedade tradicional, para ser justa, igualitária e inclusiva, deve ser modificada para acolher e contemplar as diferenças individuais.

Por que é importante a mídia tratar as pessoas com deficiência utilizando uma terminologia correta?
Pela razão de que cada termo foi adotado, no tempo e no espaço, pelo seu significado conceitual. Se os conceitos mudaram devido a novos valores e novas visões, então é necessário adotarmos novos termos. Por exemplo, antigamente, quando a visão da sociedade sobre indivíduos que tinham uma deficiência era a de que eles não valiam nada ou não poderiam contribuir para a sociedade, o termo dado a eles foi "inválidos" (ou seja, "sem valor"). Ao longo do tempo, com a mudança de conceitos, os termos adotados foram, por exemplo, "incapacitados" ("sem capacidade"), "excepcionais" ("abaixo da normalidade') , "deficientes" ("portadores de uma deficiência') e outros até chegarmos ao termo hoje aceito, que é "pessoas com deficiência".

As pessoas com deficiência são adequadamente ouvidas nas políticas que tratam da deficiência?
Numa perspectiva histórica, as pessoas com deficiência passaram de "nunca ouvidas" para "às vezes lembradas" (mas não necessariamente ouvidas, isto é, as políticas eram elaboradas para o bem delas, porém à sua revelia), "às vezes ouvidas" (ainda como uma benemerência por parte da sociedade), "às vezes ouvidas" (já como um direito), "cada vez mais ouvidas" (pelo empoderamento que passaram a exercer). Hoje, está se tornando cada vez mais natural a atitude da sociedade - pelo menos de boa parte dela - em ouvir respeitosamente a opinião das próprias pessoas com deficiência quando o assunto é políticas públicas sobre assuntos de deficiência.

Qual a importância da moção assinada pelas associações em Bauru? Há expectativa de avanços a partir dela?
A Moção de Reconhecimento Legal, assinada pela Rede Profis (www.redeprofis.com.br) em nome de todas as associações de pessoas com fissura labiopalatina e suas famílias, reflete o amadurecimento da sociedade brasileira no trato com a questão das seqüelas da fissura labiopalatina. Estas seqüelas configuram vários tipos de deficiência, já reconhecidos oficialmente, pois atingem a comunicação oral (deficiência da audiocomunicaçã o), a aparência física do rosto (deficiência física), o nível de audição (deficiência auditiva) e todas as implicações psicossociais resultantes. A moção reflete também o amplo apoio de profissionais de reabilitação, ativistas de inclusão social, autoridades diversas e outras pessoas. A partir deste documento, esperamos avançar significativamente rumo a maior inclusividade das pessoas com fissura labiopalatina na sociedade brasileira.

Autor: Reenviado por Charles Alencar

Um comentário:

  1. Muito importante o conteúdo da entrevista. A sociedade precisa ter acesso a esses temas nas redes sociais.

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