Para entender o que é surdocegueira, faz-se necessária uma explicação sobre a sua grafia.
Conforme Lagati (1995, p. 306), a
Surdocegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. O termo hifenizado indica uma condição que somaria as dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma diferença, uma condição única e o impacto da perda dupla é multiplicativo e não aditivo.
Para McInnes (1999), a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte. O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira em quatro categorias:
Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
Indivíduos que se tornaram surdocegos;
Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.
O mesmo autor (1999) relata que muitos indivíduos com surdocegueira congênita ou que a adquiram precocemente têm deficiências associadas como: físicas e intelectuais. Estas quatro categorias podem ser agrupadas em Surdocegos Congênitos ou Surdocegos Adquiridos.
E dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la em Surdocegos Pré-linguísticos ou Surdocegos Pós-linguísticos.
A APRENDIZAGEM DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA
Relacionamos a seguir o que Mc Innes (1999) refere sobre a aprendizagem de pessoas com surdocegueira: indivíduos com surdocegueira demonstram dificuldade em observar, compreender e imitar o comportamento de membros da família ou de outros que venha entrar em contato, devido à combinação das perdas visuais e auditivas que apresentam.
Por isso, as técnicas "mão-sobre-mão" [Mão sobre mão: a mão do professor é colocada em cima da mão do aluno, de forma a orientar o seu movimento, o professor tem o controle da situação] ou a "mão sob mão" [Mão sob mão: a mão do professor é colocada em baixo da mão do aluno de modo a orientar o seu movimento, mas não a controla, convida a pessoa com deficiência a explorar com segurança] são importantes estratégias de intervenção para o estabelecimento da comunicação com a criança com surdocegueira.
Crianças com três anos, uma que está sentada ao lado do professor, com deficiência Múltipla [deficiência visual e deficiência intelectual] e uma que está sentada no colo da professora com surdocegueira. Elas estão sentadas em um tanque de areia em um parque que fica próximo a comunidade escolar, a menina com surdocegueira que está sentada no colo da professora apresenta defesa tátil.
A defesa tátil é a forma como a criança experimenta e reage de maneira negativa e emocionalmente às sensações do tato, segundo Ayres (1982), para tocar na areia, a professora na posição mão sob mão tenta motivar a aluna para tocar e desfrutar do tanque de areia.
É necessário incentivar e ensinar a pessoa com surdocegueira a de como usar sua visão e audição residuais, assim como outros sentidos remanescentes, provendo-as de informações sensoriais necessárias que suscitem sua curiosidade.
A aprendizagem incidental ocorre com menor freqüência no caso da pessoa com surdocegueira.
As perdas parciais ou totais dos sentidos de distância, ou seja, audição e visão fazem com que a informação do meio lhe venha entrecortada e algumas vezes sem nexo, o que faz com que a pessoa se retraia. A necessidade de uma pessoa para mediar e trazer estas informações de maneira integral e coerente se torna imprescindível.
Sem os sistemas adequados de comunicação, o avanço nos estágios de desenvolvimento da linguagem pode levar mais tempo para ocorrer. Além disso, o progresso é mais lento, mas não é necessariamente uma evidência de que a pessoa com surdocegueira tem um baixo potencial, mas sim lhe faltam os recursos de comunicação para responder significativamente ao meio ambiente.
O ambiente deve ser planejado e organizado adequadamente para inserção da pessoa com surdocegueira, favorecendo a interação com pessoas e objetos. Isso a auxilia a realizar antecipações, obter pistas e escolher com quem quer estar e quais as atividades que deseja fazer.
Durante o processo de comunicação, o professor ou outro interlocutor tem a função de: antecipar o que vai acontecer ou o local em que vai acontecer a atividade; estimular a pessoa para se comunicar e explorar o ambiente; confirmar se ela está interpretando as informações e a todo o momento comunicar o que ocorre no ambiente.
A pessoa com surdocegueira apresenta uma habilidade reduzida para antecipar eventos futuros por pistas do ambiente. Por exemplo, a mãe entrando no quarto não significa de imediato o conforto, a comida ou o carinho.
A redução na quantidade de estimulação recebida do mundo externo pode resultar em hábitos substitutivos e inapropriados de auto-estimulação pela pessoa com surdocegueira.
Como, por exemplo: movimentação contínua, balanceio, mexer os dedos na frente dos olhos, olhar fixo para fontes de luz ou a repetição ritualística de atividades específicas.
Se uma comunicação efetiva não for estabelecida na infância, a pessoa pode ao crescer, tornar-se um jovem ou adulto com comportamentos inadequados para se comunicar. Pode utilizar, assim, às vezes de força física para poder dizer que não quer algo como, por exemplo: empurrar a pessoa ou retirar da mão de uma pessoa algo que deseja.
O processo de aprendizagem de pessoas com surdocegueira é um grande desafios para nós educadores, tais desafios envolvem formação profissional, conhecimentos técnicos e prática pedagógica, porém as técnicas "mão-sobre-mão", tais técnicas são importantes estratégias de intervenção para o estabelecimento da comunicação com a criança com surdocegueira nessa perspectiva a mão do professor é colocada em cima ou em baixo da mão do aluno, de forma a orientar e a explorar com os movimentos segurança. Assim é necessário incentivar e ensinar a pessoa com surdocegueira a explorar sua visão e audição residuais, assim como outros sentidos remanescentes, provendo-as de informações sensoriais necessárias que suscitem sua curiosidade.
ResponderExcluir