Ally e Ryan

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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tudo azul

Editorial


Matéria publicada em 03/04/11 no jornal Diário do Alto Tietê


Artigo


Tudo azul

Lincoln Tavares


Azul é, desde sempre, a minha cor predileta. E foi exatamente o azul a cor escolhida para representar os eventos e iniciativas alusivas a 2 de abril, Dia Internacional de Conscientização do Autismo, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 18 de dezembro de 2007. O primeiro evento foi realizado exatamente em 2 de abril de 2008, com participação do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, um dos maiores incentivadores da proposta de criação do dia.


Em linhas gerais, trata-se de uma síndrome que provoca uma disfunção no desenvolvimento, afetando a capacidade de comunicação, socialização e comportamento do indivíduo. Geralmente, esse transtorno se manifesta antes dos três anos de idade. Pesquisas indicam que há cerca de um caso de autismo para cada 165 nascimentos. Segundo estimativas da própria ONU, existem cerca de 70 milhões de casos de pessoas com essa síndrome em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Só para se ter uma ideia, o autismo é mais comum em crianças do que a Aids, o câncer e o diabetes juntos!


Acho muito oportuno ser um dia de conscientização, pois a data serve para que nós leigos tenhamos a oportunidade de estudar um pouco mais sobre o assunto. Esse é um ótimo caminho! Conscientizar, discutir e orientar as pessoas para que possam interagir com toda a diversidade humana, manifestando sempre o respeito pela dignidade da vida. Segundo o educador Romeu Sassaki, "o estereótipo do autista como alguém ´fechado em seu mundo´, base para os insultos, é falho, para não dizer falso. Autistas têm dificuldades de linguagem, interação e assimilação de convenções, mas podem, se amados e estimulados, ter vida social no ´nosso mundo´."


Ele fala também sobre o perigo de se estigmatizar a pessoa com autismo. "Ao ajudar a estigmatizar a palavra ´autista´, pondo-a no mesmo rol de outras expressões pejorativas, esses seres públicos reduzem a chance dos autistas de também serem públicos. Chatice politicamente correta? Só pensa assim quem não conhece o assunto." Perfeito, professor! São muitos os exemplos negativos disseminados - infelizmente - por pessoas "formadoras de opinião", como juízes, escritores, políticos, intelectuais, jornalistas, que adoram utilizar a palavra "autista" quando querem dar um tom negativo e pejorativo há algo, ou alguém.


Lamentável.


Bom, embora esse artigo seja publicado sempre aos domingos, vale destacar que por todo o Brasil - e pelo mundo -, vários prédios, monumentos e próprios públicos e privados foram iluminados em azul ontem para celebrar o Dia Internacional de Conscientização do Autismo. Entre eles, a Ponte Estaiada, o Monumento às Bandeiras, o Viaduto do Chá, a Assembleia Legislativa, o Cristo Redentor, a Torre de Televisão e o Congresso Nacional em Brasília, o Teatro Amazonas, o Empire States, nos Estados Unidos, entre muitos outros. Tudo Azul!


Lincoln Tavares, jornalista, coordena o Censo de Pessoas com Deficiência da Prefeitura de São Paulo.

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