JAIRO MARQUES
De volta às aulas
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Muitos colégios, sobretudo os particulares, ainda rejeitam a matrícula de crianças com deficiência
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A ESCOLA DOS SEUS MOLEQUES está ensinando mandarim? E aquela nova técnica ninja de resolver equações matemáticas mega complexas com duas rabiscadas apenas? Tem um iPad com tela 3D para cada aluno? Está botando a criançada para criar trecos tecnológicos aos moldes "faceboqueiros"?
De volta às aulas
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Muitos colégios, sobretudo os particulares, ainda rejeitam a matrícula de crianças com deficiência
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A ESCOLA DOS SEUS MOLEQUES está ensinando mandarim? E aquela nova técnica ninja de resolver equações matemáticas mega complexas com duas rabiscadas apenas? Tem um iPad com tela 3D para cada aluno? Está botando a criançada para criar trecos tecnológicos aos moldes "faceboqueiros"?
Ótimo. Formação técnica não há de faltar. Mas como está o ensino no que diz respeito ao caráter humano?
Estão incentivando seus filhos a conviver em um ambiente que respeita e favorece a diversidade entre as pessoas?
Incrível, mas muitos colégios tidos como de vanguarda, "modernoides", sobretudo os particulares, ainda rejeitam a matrícula de crianças com deficiência física ou sensorial. O resultado disso pode ser catastrófico para o futuro dos pequenos "cadeirantinhos", "ceguinhos", "surdinhos" e "mal-acabadinhos" em geral e comprometedor para a formação das crianças "normais", que são ceifadas de aprender valores humanos importantes como tolerância, atenção ao próximo, exploração dos múltiplos sentidos.
A justificativa para a negação de um aluno "fora de padrão" costuma ser a falta de acessibilidade ou de preparo do corpo docente. Os professores do século 21, então, precisam sacar de "cybergames", mas conhecer um pouquinho de libras e braile -fundamentais para milhares de pessoas e universalmente aceitas- é detalhe. Sem falar que a falta de uma rampa pode ser argumento suficiente para enxotar uma criança do alcance da educação.
As adaptações que tive na vida escolar não passaram de uma mesona pesada de madeira -mais larga e alta que as tradicionais carteiras de braço- e uma ajudinha dos funcionários para que eu vencesse alguns degraus. Não nego que tenha dado algumas "sofridinhas" pela ausência da inclusão plena, mas acho que até aprendi o abecedário.
Penso que a imagem e os estigmas que envolvem uma criança com deficiência são mais determinantes para serem gongadas na porta da escola do que suas necessidades reais, que podem ser sanadas com medidas simples ou alguma atenção diferenciada. Nada que irá mudar o rumo da civilização.
Quem vê uma criança com paralisia cerebral, toda tortinha, pode imaginar que ali está um ser vivente sem condições de aprendizado. Na boa, a ideia é errada e nem se tratam de exceções. Estimulada e com acesso a educação, ela poderá ter um futuro brilhante, como qualquer certinho.
É nos tempos de escola -e logicamente em casa- que os valores humanos são estimulados. Uma criança que convive, que compartilha seu espaço com outra que não escuta, por exemplo, vai entender melhor o que é a linguagem do corpo, saber que não há maneira única de chegar a um mesmo objetivo.
Do outro lado, aquele menino que usa muletas, ao ser bem recebido no ambiente escolar, vai ganhar coragem para encarar o mundo e seus sufocos, entenderá que diferenças existem entre todas as pessoas e aumentará suas chances de traçar um futuro mais independente.
Complexo não é ter de martelar soluções para fazer o menininho cego aprender a lidar com números, com cores. Complexo é não dar a ele a chance de aprender, a sua maneira, como se soma, como se pinta. Complexo é gerar, para o futuro, um ônus social pela ausência de formação de um deficiente.
assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br
Complexo não é ter de martelar soluções para fazer o menininho cego aprender a lidar com números, com cores. Complexo é não dar a ele a chance de aprender, a sua maneira, como se soma, como se pinta. Complexo é gerar, para o futuro, um ônus social pela ausência de formação de um deficiente.
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