Os programas de intervenção precoce desenvolvidos em instituições educacionais ou escolas especiais geralmente sofrem influências do modelo médico e terapêutico do atendimento individualizado da criança, enfatizando muito pouco o trabalho conjunto com a família e a escola.
O programa elaborado numa abordagem pedagógica tem como focos:
• escutar e acolher a criança e seus familiares;
• trabalhar a partir das possibilidades e potencialidades da criança, tendo em vista o desenvolvimento integral;
• atender às necessidades específicas no contexto familiar e escolar;
• apoiar a relação dialógica e interações positivas mãe-criança, criança-criança, mãemãe;
• respeitar as prioridades, os pontos de vista e a cultura das famílias;
• valorizar os elementos psicoafetivos pela interação em brincadeiras e jogos sociais em grupo;
• desenvolver o programa em pequenos grupos, valorizando o brincar, a troca de experiência e a construção coletiva do conhecimento entre crianças e familiares;
• privilegiar atividades lúdicas de interação, comunicação, artes, cultura, lazer e recreação, e
• mobilizar a comunidade para atitudes positivas e apoio comunitário às crianças e familiares.
A criação de rede de apoio envolve relações compartilhadas entre a família e a comunidade (pai, irmãos, avós, tios, primos, amigos e vizinhos). Para a inclusão da criança com deficiência visual na família e na comunidade, muitos países têm adotado o modelo ecológico e transdisciplinar com orientação domiciliar.
A avaliação do contexto escolar e familiar são os referenciais básicos para a identificação das necessidades específicas e educativas especiais para determinação dos apoios específicos que a criança e a família possam necessitar.
Dessa forma, o professor especializado ou de apoio para inclusão tem um papel importante na avaliação e identificação dessas necessidades específicas e educativas especiais.
Por meio de observações sistemáticas do desenvolvimento do aluno e de suas ações funcionais, realizará, quando necessário, os encaminhamentos e intercâmbios com a equipe de complementação e ou suplementação das atividades pedagógicas: oftalmologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo e assistente social existentes na comunidade.
Como essa equipe não está disponível no contexto escolar, deve-se realizar intercâmbio e parceria com serviços de saúde da comunidade, instituições especializadas na área da deficiência visual, centros integrados ou de apoio à educação especial, para que numa ação inter ou transdisciplinar se realizem as avaliações e elaboração do programa de intervenção precoce.
O programa de intervenção precoce pode ser organizado por meio de três formas complementares de atendimento, conforme a necessidade da criança e da família:
• Momento individual: escuta, acolhimento da família, apoio à relação mãe-filho e construção de vínculo. Avaliação do desenvolvimento visual e integral e orientações particulares quanto aos aspectos do desenvolvimento integral, independência e autonomia.
• Momento grupal: desenvolvimento de habilidades e competências, atividades lúdicas na sala, espaço lúdico, espaço de atividade de vida diária (AVD) e orientação e mobilidade (OM).
• Trabalho conjunto com a família: favorece o desenvolvimento de competência na família e na comunidade para lidarem com resolução dos problemas cotidianos.
Trabalhando em conjunto com a família
• Reuniões de interação: escuta e orientações com apoio da área psicossocial sempre que possível.
• Grupo de pais de acordo com interesses e prioridades por eles apontadas para o desenvolvimento de competências e criação de rede de apoio na comunidade.
• Vivências sensoriais e lúdicas, OM e AVD com crianças e familiares.
• Palestras, cursos, seminários com temas eleitos por pais e profissionais.
• Oficinas de arte e brinquedos.
• Criação de associação de pais.
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