O avanço nas pesquisas linguísticas acerca da língua de sinais trouxe como consequência seu reconhecimento científico e social. Com relação ao seu status de língua natural, surge uma nova figura: o intérprete, o mediador na comunicação entre surdos e ouvintes, nas diferentes situações de interação social.
Esse profissional tem como função traduzir e interpretar a língua de sinais para a língua portuguesa e vice-versa em qualquer modalidade em que se apresentar (oral ou escrita).
Entretanto, a passagem de uma língua a outra (língua de sinais/língua portuguesa), implica uma série de variáveis que englobam diferenças estruturais, nos planos cultural, ideológico e linguístico das línguas em questão.
O fato de a modalidade da língua portuguesa ser auditiva-oral e a língua de sinais ser de modalidade visual-espacial determina especificidades no modo de organização do sistema linguístico, determinando modos diversos de significação e leitura da realidade.
Deste modo, não basta ao intérprete de língua de sinais conhecer apenas a estrutura gramatical da língua de sinais, mas penetrar nos valores culturais da comunidade surda, seus costumes e idiossincrasias, a fim de que não esteja apenas garantida a ‘decodificação’ de aspectos estruturais das línguas em questão, mas, sobretudo seu aspecto discursivo, a constituição de sentidos instituída na relação entre os falantes.
A escola comum é um dos espaços de atuação desse profissional, geralmente, como elo na interação verbal constituída entre os alunos surdos e os demais atores da comunidade escolar. No entanto o intérprete não pode substituir a figura do professor em relação à função central na mediação do processo de aprendizagem, não apenas em relação ao aspecto acadêmico, mas, sobretudo, em relação ao vínculo afetivo preconizada na interação entre professor/aluno. Sua atuação será a de mais um elemento na cadeia de interação verbal, constituída em sala de aula e nas outras esferas sociais.
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