Tendo em vista ser a construção do pensamento lógico matemático inerente à própria vivência da criança por meio de jogos e brincadeiras, a formação do conceito de número
não ocorre por meio da repetição mecânica dos numerais. Tal construção vai ocorrendo progressivamente por meio dos estágios cognitivos vivenciada no dia-a-dia.
Conforme Vygotsky (apud Kupfer, 1993) a aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, entre outros, a partir do seu contato com a realidade, o meio ambiente e as outras pessoas.
Também é Vygotsky que propõe a zona de desenvolvimento proximal como uma das estratégias que o professor pode lançar mão para facilitar o processo ensino-aprendizagem. Assim, a troca de experiências entre as crianças num clima de ajuda mútua favorece a aquisição de conhecimentos.
Existem inúmeros jogos que podem ser utilizados ainda na fase da educação infantil. Em se tratando de crianças cegas e de baixa visão, é objetivo desse estudo oferecer uma seleção de jogos que envolvem conceitos matemáticos e constituem a base do pré-soroban.
Apreender o conceito de número, que em essência não é passível de ensinamento, significa esgotar as relações existentes entre quantificadores.
Existe ampla literatura que discute esse tema, além de oferecer sugestões de jogos e atividades a serem desenvolvidas com crianças ainda na primeira infância, a exemplo da obra de Constance Kamii “A criança e o número” (1987).
O conhecimento lógico-matemático consiste na coordenação de relações e nesse processo de formação e aquisição do conceito de número, a criança passa por etapas de construção mental, como podemos ver no exemplo a seguir.
Ao coordenar as relações de igual, diferente e mais, a criança se torna apta a deduzir que há mais contas no mundo que contas vermelhas e que há mais animais do que vacas. Da mesma forma é coordenando
a relação entre “dois” e “dois” que ela deduz que 2+2 = 4 e que 2 x 2 = 4. (Kamii, 1990.p.15).
Os elementos primordiais envolvidos na formação do conceito de número são:
□ Classificação, Seriação/Ordenação;
□ Seqüência Lógica;
□ Contagem (em diferentes bases);
□ Inclusão de Classe;
□ Intersecção de Classe;
□ Conservação.
CLASSIFICAÇÃO E SERIAÇÃO/ORDENAÇÃO
Entende-se por classificação a capacidade de reconhecer classes de objetos por suas características comuns e de usá-las ao estabelecer relações lógicas (DROVET, 1990);
e por seriação ou ordenação a habilidade de sistematizar objetos seguindo certa ordem: dispor os elementos segundo sua grandeza crescente ou decrescente (GOULART, 1990).
Estes são conceitos primordiais por estarem presentes tanto na noção de número, quanto de medida e de geometria.
As atividades devem primar pelo desenvolvimento das noções de: inclusão, igualdade, desigualdade, reunião, negação, intersecção, pertinência, seqüências lógicas e conjuntos (agrupamentos), formados em torno do mesmo critério.
A formação de tais conceitos deve partir de atividades que facilitem a observação de semelhanças e diferenças, vivenciando experiências que envolvam regras de organizar/seriar objetos por comparação de conceitos relativos à grandeza, textura, espessura, densidade e que permitam identificação de seqüências, ordem, criando critérios próprios ou com critérios pré-estabelecidos.
CORRESPONDÊNCIA TERMO A TERMO
A habilidade de corresponder um objeto a outro para um princípio de contagem ainda elementar é a idéia de “contar sem saber contar” sugerida por IFRAH (1989), anterior à contagem propriamente dita, quando esta já estará recheada de significado, ou seja, quando da compreensão do conceito fundamental de número.
Crianças ao serem solicitadas a arrumarem uma fileira com número igual de objetos de uma outra fileira proposta pelo adulto, normalmente não contam previamente o número de objetos, apenas olham o modelo enquanto arrumam sua própria fileira. A criança cega será estimulada a perceber por meio do tato a disposição dos objetos.
Esta fase é fundamental para a posterior construção da contagem com autonomia.
CONTAGEM
Inicialmente, a criança não escolhe usar a aptidão de contar como uma ferramenta confiável para “demarcar” um total de objetos, pois ainda não estabeleceu propriamente o conceito de contagem.
Este conceito implica na habilidade de “contar” objetos, ou seja, de corresponder palavras e objetos; ou objetos e objetos numa abstração reflexiva, conforme Piaget.
A contagem na base decimal requer uma aptidão ainda superior. Significa compreender a lógica do agrupamento e troca, ou seja, a lógica do valor posicional das pedras e dos símbolos, abordada no início desta obra, quando da origem dos contadores mecânicos (ábacos e sorobans).
Fonte de pesquisa: Estudos do Ministério da Educação
Nenhum comentário:
Postar um comentário