15. Mito: A criança começa a gaguejar por excesso de cobrança dos pais.
Realidade: Os pais de pessoas que gaguejam são alvos de diversos estereótipos sociais. Seriam pais dominadores, superprotetores, com altas expectativas, perfeccionistas, com sentimentos de rejeição e avaliações indesejáveis sobre a personalidade do filho que gagueja. Entretanto, os avanços científicos já demonstraram que os pais não são os responsáveis pela gagueira de seus filhos. Por outro lado, determinadas atitudes podem piorar a gagueira (por exemplo, dizer para a criança parar de gaguejar, pensar antes de falar ou ficar calma). Deste modo, o ambiente familiar também desempenha um papel importante, mas não tanto no surgimento e, sim, na recuperação da gagueira. Por isso, é extremamente importante que os pais adotem atitudes que promovam a fluência.
16. Mito: Pode-se pegar gagueira por imitação ou por ouvir uma outra pessoa que gagueja.
Realidade: Ninguém pode pegar gagueira. Se fosse assim, todas as pessoas que convivessem com alguém que gagueja, gaguejariam também, mas isso realmente não acontece. Além disso, dizer para uma pessoa que gagueja que ela aprendeu a gaguejar por imitação significa rebaixá-la e humilhá-la: com tantas características favoráveis para imitar, por que escolheria a gagueira, que lhe seria prejudicial e traria desvantagens?
17. Mito: Um susto pode causar a gagueira.
Realidade: Se sustos causassem gagueira, então provavelmente todas as pessoas gaguejariam, porque, afinal, quem nunca levou um susto?
18. Mito: Nervosismo, ansiedade, insegurança, timidez e baixa auto-estima causam gagueira.
Realidade: Fatores psicológicos não causam gagueira, embora possam agravá-la. Além disso, também está incorreto assumir que pessoas que gaguejam sejam mais propensas a serem nervosas, medrosas, ansiosas, tímidas ou com baixa auto-estima. Algumas pessoas com gagueira podem apresentar ansiedade, insegurança, timidez e/ou baixa auto-estima para falar, mas essas características tendem a ser conseqüências de vivências comunicativas frustrantes relacionadas à gagueira e não causas da gagueira.
19. Mito: Estresse causa gagueira.
Realidade: O estresse não causa gagueira, mas pode agravá-la e, às vezes, até mesmo melhorar a gagueira. Há relatos na literatura científica, por exemplo, de soldados com gagueira que falam fluentemente em situações de guerra e de pessoas que, em situações de discussão, experimentam uma grande redução da gagueira. As mudanças fisiológicas ocasionadas pelo grau da resposta de congelamento explicam a melhora ou a piora da gagueira sob estresse.
20. Mito: Gagueira por herança genética é melhor do que gagueira por lesão cerebral.
Realidade: Não é melhor e nem pior, apenas diferente. A gagueira hereditária pode ser transmitida de geração para geração. Por outro lado, a gagueira lesional pode envolver danos mais amplos ao cérebro. O mais importante é que ambas respondem favoravelmente ao tratamento especializado.
21. Mito: Se a criança começar a gaguejar, é melhor fazer de conta que nada está acontecendo para que ela não tome consciência do problema.
Realidade: Acreditava-se que chamar a atenção da criança para sua fala seria a causa imediata da gagueira, fazendo com que hesitações comuns se transformassem em gagueira. Atualmente, sabe-se que isso não é verdade. Falar com a criança sobre sua gagueira não fará com que o distúrbio se instale ou piore. Falar abertamente com a criança sobre sua gagueira fará com que ela sinta o apoio dos pais, sentindo-se encorajada para compartilhar suas dificuldades. A conspiração do silêncio em torno da gagueira só contribui para aumentar a distância entre pais e filhos.
Autores: Sandra Merlo e Hugo Silva.
Revisão: Ignês Maia Ribeiro.
FONTE: Instituto Brasileiro de Fluência
Nenhum comentário:
Postar um comentário