Erika Longone
Poucos conhecem esse termo, poucas pessoas sabem o que são, mas com certeza todos já viram algum recurso acessível. Tecnologia Assistiva é um termo utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar as habilidades funcionais de pessoas com deficiência, promovendo, dessa forma, a vida independente e a inclusão. O acesso à tecnologia assistiva é previsto em lei, no artigo 61 do Decreto no 5.296/04 regulamenta: “consideram-se ajudas técnicas os produtos, instrumentos e equipamentos ou tecnologias adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistiva”. As tecnologias assistivas podem variar desde uma bengala a um programa de computador extremamente complexo.
Quando pensamos na inclusão da pessoa com deficiência nas escolas de ensino regular o acesso aos recursos de acessibilidade é uma das maneiras de ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência, possibilitando que o indivíduo interaja com o meio favorecendo assim sua aprendizagem. É a possibilidade de uma inclusão não excludente, onde a condição de diferente em suas possibilidades da pessoa com deficiência é respeitada, o recurso assistivo proporcionará a acessibilidade aos espaços, aos materiais didáticos e a todos os equipamentos disponíveis em um ambiente de aprendizagem.
Mas quais das ajudas técnicas e tecnologias assistivas devem ser utilizadas? Essa resposta será dada pelo próprio aluno, a partir de um estudo das necessidades e possibilidades de cada um. Os recursos eleitos para cada um deverá favorecer o processo de aprendizagem, tornando-o apto a realizar as tarefas escolares.
O universo das Tecnologias Assistivas é amplo, dentre eles estão os livros didáticos e paradidáticos impressos em letras ampliadas, em braille, digitais, em LIBRAS, pranchas de comunicação alternativa, livros falados, livros adaptados com separadores de páginas, reglete e punção, soroban, material de desenho adaptado, lupa manual, caderno com pauta ampliada, caneta de ponta grossa, lápis com diferentes espessuras ou com adaptadores que favoreçam a preensão, tecnologias de informação e comunicação (TIC) que possibilitam a otimização na utilização de Sistemas Alternativos e Aumentativos de Comunicação, com a informatização de métodos tradicionais de comunicação alternativa, como os sistemas Bliss, PCS ou PIC.
Hoje, existem softwares que permitem que o computador seja comandado através do sopro para indivíduos tetraplégicos. Para as pessoas com deficiência visual, existem programas que podem fazer o computador falar, tais como o DOSVOX, o Virtual Vision, Orca, dentre outros. O MecDaisy distribuído gratuitamente pelo MEC permite que alunos com deficiência visual tenham acesso à literatura. O hardware também pode ser adaptado e elas dependerão das necessidades de cada aluno.
Outro fator a ser considerado são as adaptações físicas, buscando a postura correta para alunos com deficiência física. Neste universo, podemos citar as pulseiras de pesos para reduzir a amplitude de movimentos causados pela flutuação de tônus muscular, estabilizador de punho e abdutor de polegar com ponteira para digitação, hastes fixadas em locais onde o aluno possua controle. Esses são apenas alguns recursos disponíveis, dentre um infinito universo de possibilidades.
E também vem a pergunta, quanto custa? Menos que muitos pensam, muitas dessas tecnologias são gratuitas. Várias adaptações podem ser feitas com sucatas de computadores antigos. Muitas vezes, custa apenas boa vontade, abertura ao diferente, aceitação da diversidade e promoção de uma sociedade inclusiva.
As possibilidades existem, a tecnologia existe, se existir boa vontade da sociedade e do poder público, formação continuada para educadores e colaboradores das instituições de ensino a equação estará resolvida.
Erika Longone é mestre e especialista em Distúrbios da Comunicação Humana pela Universidade Federal de São Paulo, graduada em Fonoaudiologia pela Universidade Federal de São Paulo. Professora do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo. Membro colaborador da Agência Ambiental da Universidade Metodista de São Paulo. Além disso, é Co-fundadora da Sais (Consultoria em Sustentabilidade, Acessibilidade e Inclusão Social)
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