22. Mito: Se a criança começou a gaguejar, é só esperar que passa.
Realidade: Boa parte das crianças que começa a gaguejar melhora espontaneamente pouco tempo após o início dos primeiros sintomas de gagueira. Entretanto, os pais não têm como saber de antemão quais as chances de ocorrer melhora espontânea com seu filho. Por isso, é fundamental realizar uma avaliação com um fonoaudiólogo especializado em gagueira para saber se é mais alta a chance de a gagueira melhorar espontaneamente ou se é mais alta a chance de a gagueira persistir. Uma intervenção precoce adequada é o melhor caminho para diminuir o impacto negativo da gagueira na vida da criança e dos pais.
23. Mito: Ajuda dizer à pessoa para ficar calma, relaxar, respirar fundo antes de falar ou pensar antes de falar.
Realidade: Este tipo de recomendação faz com que a gagueira pareça algo muito simples de se resolver. Se realmente fosse assim, não haveria tantas pessoas com gagueira persistente e talvez nem seria necessário tratamento para gagueira. Quando a pessoa com gagueira ouve de seu interlocutor algo como fique calmo, relaxe, respire ou pense antes de falar, ela fica ainda mais preocupada com seu distúrbio, o que provavelmente contribuirá para piorar a gagueira. Sendo assim, na intenção de ajudar, o interlocutor acaba atrapalhando ainda mais. Muitas vezes, o mal-estar que o interlocutor sente é maior do que o da própria pessoa que gagueja e é ele quem precisa ficar calmo e relaxar. Reações mais úteis para o interlocutor incluem esperar a pessoa que gagueja terminar sua fala, não completar palavras e procurar falar de modo mais lento e articulado. Enfim, respeitar o tempo e a forma de falar do outro.
24. Mito: Obrigar a criança a ler em voz alta na sala de aula faz com que ela perca a timidez e o medo de falar.
Realidade: Timidez e medo não causam gagueira. Portanto, é infundada a crença de que, se a criança deixar de ser tímida ou deixar de ter medo para falar, a gagueira irá desaparecer. Na verdade, a timidez e o medo de falar podem ser conseqüências da gagueira: a criança pode ter medo de falar não porque acha que pode gaguejar, mas porque sabe que vai gaguejar, porque também sabe que não consegue impedir a ocorrência da gagueira, e, muitas vezes, por acreditar que deveria ser capaz de fazer algo para não gaguejar. Por outro lado, o medo realmente pode agravar a gagueira. Assim, obrigar a criança a ler em voz alta na sala de aula só vai contribuir para piorar o problema. Em termos jurídicos, obrigar o aluno com gagueira a ler em voz alta ou apresentar seminários é fato gravíssimo que justifica a abertura de processo legal em razão do constrangimento gerado pelas situações.
25. Mito: A pessoa gagueja, porque pensa mais rápido do que fala.
Realidade: Todas as pessoas pensam mais rápido do que falam. Por exemplo, ao presenciarmos uma briga, nosso pensamento rapidamente detecta que a situação em questão é uma briga, percebemos quase que instantaneamente o local em que se passa e as pessoas envolvidas. Mas, por outro lado, se tivermos que falar sobre o que presenciamos, necessitaremos de um tempo muito maior para fazer isso. Para todo mundo, o pensamento é como se fosse um relâmpago e a fala, o trovão que o acompanha instantes depois. Portanto, a velocidade do pensamento não pode ser a causa da gagueira, porque todo mundo pensa mais rápido do que fala, mas nem todo mundo gagueja.
Autores: Sandra Merlo e Hugo Silva.
Revisão: Ignês Maia Ribeiro.
FONTE: Instituto Brasileiro de Fluência
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