Descrição da imagem: figura retangular mostrando a minha imagem numa palestra, tendo um notebbok a frente e um microfone do lado esquerdo da foto, estou de camisa vermelha.
Outro dia me
perguntaram como a pessoa se sente quando tem alguma deficiência. Não posso
responder pelos outros, posso apenas falar por mim, então vamos lá:
A sensação
quando soube que ia ficar com uma deficiência, isso aos 17 anos de idade não
foi nada bom. Passamos inicialmente a ver o mundo de uma forma diferente e
achamos que tudo na vida se voltou contra nós. Tenho amiotrofia, tipo III, e
por ser uma doença progressiva fui parando de andar aos poucos, isso não ajudou
muito, afinal, quando vamos perdendo a luta para algo oculto e forte a sensação
é de derrota mesmo.
Depois conforme
vamos vivendo, vamos aprendendo a lidar com a situação. Casei-me, tenho dois
filhos e dois netos e isso de certa forma nos impulsiona sempre para frente e
percebemos que no jogo da vida colecionamos vitórias e derrotas como qualquer
outra pessoa.
Agora, pior
que a própria deficiência é o preconceito que ela gera, isso sim é dolorido e
nos deixa marcas para sempre. Lembro-me que já fui impedido de entrar no Clube
Tietê, em São Paulo, por ser cadeirante. Isso em 1978, eles não permitiam que
visitantes com deficiência entrassem no recinto do clube. Isso hoje é
impensável, mas numa época em que o preconceito aberto era aceito pela
sociedade, podia ser considerado normal. E mais, enfrentei preconceitos na
escola e no trabalho e gradativamente vamos superando cada degrau, porém, isso
vai deixando um rastro de tristeza para trás e não esqueço desses
acontecimentos.
Assim, pior
que qualquer doença é o preconceito. Naturalmente que se pudesse fazer uma
escolha não iria querer ter uma deficiência, entretanto, por algum motivo (que
não sei qual) eu tenho, e diariamente vou travando uma luta para continuar
vivendo.
É isso.
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