Só 17,5% das escolas são adequadas para deficientes
Índice de acessibilidade arquitetônica na rede pública é de 14,6%, contra 29,7% no sistema privado, segundo o MEC
Secretaria de Educação Especial do ministério diz que investimento na área passou de R$ 700 mil em 2003 para R$ 78 milhões neste ano
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apenas 17,5% das escolas brasileiras têm banheiros e dependências acessíveis -contando salas, corredores e auditórios- adequados a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Os dados são do Ministério da Educação.
Por decreto federal, desde 2007 todas as escolas deveriam ser adequadas a pessoas com deficiência. Dados do censo escolar de 2009 -fornecidos pelas próprias escolas- mostram que o índice de acessibilidade na rede pública é de 14,6%; na particular, é de 29,7%.
A falta de instalações adequadas é motivo de lembranças traumáticas. Em 2008, no primeiro ano do ensino médio, Sula Albuquerque Silva entrou em uma escola de Brasília sem banheiro adaptado a cadeiras de rodas. Aos 18 anos, teve que usar fraldas geriátricas até que o problema fosse contornado.
Para Shirley Silva, professora da Faculdade de Educação da USP, o baixo índice de acessibilidade nas escolas está ligado ao fato de ser recente o crescimento das matrículas de pessoas com deficiência -no ensino fundamental, elas mais do que dobraram em dez anos.
O baixo índice de acessibilidade não poupa nem o Estado mais rico do país. Em São Paulo, ocorre uma situação inusitada: a proporção de escolas acessíveis é maior na rede pública (21%) do que na privada (16%).
Em Osasco, a pesquisadora Denise Crispim procurou 12 colégios particulares que oferecessem educação infantil e ensino fundamental para matricular sua filha Sofia, cadeirante de quatro anos. Em todos, diretores alegaram que o espaço não era adequado para a garota.
"Percebi que eles usavam a questão arquitetônica como desculpa para justificar que, na verdade, não sabiam lidar com a deficiência", diz.
Segundo Martinha Clarete Dutra dos Santos, da Secretaria de Educação Especial do MEC, o investimento em acessibilidade passou de R$ 700 mil em 2003 para R$ 78 milhões neste ano, o que deverá aumentar o percentual de escolas públicas adaptadas para 25%. Ela diz, no entanto, que a responsabilidade principal é dos Estados e municípios, que têm a maior parte das escolas do país.
"Barreira humana é pior do que escada", diz mãe
Marcelo Justo/Folha Imagem
Gabriel e os pais Patrícia e Gleney, no colégio BandeirantesÍndice de acessibilidade arquitetônica na rede pública é de 14,6%, contra 29,7% no sistema privado, segundo o MEC
Secretaria de Educação Especial do ministério diz que investimento na área passou de R$ 700 mil em 2003 para R$ 78 milhões neste ano
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apenas 17,5% das escolas brasileiras têm banheiros e dependências acessíveis -contando salas, corredores e auditórios- adequados a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Os dados são do Ministério da Educação.
Por decreto federal, desde 2007 todas as escolas deveriam ser adequadas a pessoas com deficiência. Dados do censo escolar de 2009 -fornecidos pelas próprias escolas- mostram que o índice de acessibilidade na rede pública é de 14,6%; na particular, é de 29,7%.
A falta de instalações adequadas é motivo de lembranças traumáticas. Em 2008, no primeiro ano do ensino médio, Sula Albuquerque Silva entrou em uma escola de Brasília sem banheiro adaptado a cadeiras de rodas. Aos 18 anos, teve que usar fraldas geriátricas até que o problema fosse contornado.
Para Shirley Silva, professora da Faculdade de Educação da USP, o baixo índice de acessibilidade nas escolas está ligado ao fato de ser recente o crescimento das matrículas de pessoas com deficiência -no ensino fundamental, elas mais do que dobraram em dez anos.
O baixo índice de acessibilidade não poupa nem o Estado mais rico do país. Em São Paulo, ocorre uma situação inusitada: a proporção de escolas acessíveis é maior na rede pública (21%) do que na privada (16%).
Em Osasco, a pesquisadora Denise Crispim procurou 12 colégios particulares que oferecessem educação infantil e ensino fundamental para matricular sua filha Sofia, cadeirante de quatro anos. Em todos, diretores alegaram que o espaço não era adequado para a garota.
"Percebi que eles usavam a questão arquitetônica como desculpa para justificar que, na verdade, não sabiam lidar com a deficiência", diz.
Segundo Martinha Clarete Dutra dos Santos, da Secretaria de Educação Especial do MEC, o investimento em acessibilidade passou de R$ 700 mil em 2003 para R$ 78 milhões neste ano, o que deverá aumentar o percentual de escolas públicas adaptadas para 25%. Ela diz, no entanto, que a responsabilidade principal é dos Estados e municípios, que têm a maior parte das escolas do país.
"Barreira humana é pior do que escada", diz mãe
Marcelo Justo/Folha Imagem
FABIANA REWALD
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram oito anos de busca até que Patrícia Goloni Lolo, 41, ouvisse de uma dirigente de escola que seu filho seria aceito sem restrições.
Antes disso, ao menos cinco colégios, com mensalidades de até R$ 2.000, usaram as mais diferentes desculpas para dificultar a matrícula de Gabriel, 8, cadeirante. "As barreiras humanas são muito piores do que qualquer escada", diz a mãe.
Hoje, Gabriel está no 3º ano do colégio Maria Imaculada (zona sul de SP).
Mesmo sem estar totalmente adaptado para deficientes, o colégio se dispôs a trabalhar com Patrícia para oferecer boas condições de estudo a Gabriel. "A escola aceitou esse desafio. Nunca vi meu filho tão feliz e tranquilo quanto hoje."
Professora do Bandeirantes, assim como o marido, ela desenvolve no colégio onde trabalha o projeto Vidas (Vivência e Inclusão da Pessoa com Deficiência Através de Atividades e Sensibilização), criado há dois meses, que oferece atividades esportivas para crianças e adolescentes com deficiência física.
Patrícia diz que dará a Gabriel a chance de escolher se quer continuar onde está ou se mudará para o Bandeirantes no 6º ano -quando se inicia o ensino no colégio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário