Três em cada quatro motocicletas que circulam na cidade de São Paulo infringem lei de trânsito, segundo pesquisa da CETMultas aos veículos que param sobre a faixa de pedestres na mudança do semáforo representaram 0,4% do total no 1º semestre
ALENCAR IZIDORODA
REPORTAGEM LOCAL
Com uma muleta em cada braço, Carlos Alberto de Oliveira Bastos, 49, espera sua vez para tentar a travessia na rua Boa Vista, centro de São Paulo. Está a 50 passos do prédio onde trabalha a cúpula da CET, mas se sente num grid de F-1. Desvia de uma moto que invadiu a faixa e, com a luz verde favorável aos pedestres, anda empurrado pelo barulho de outras duas -que aceleram seus motores."Tem que correr mesmo, não dá pra arriscar", diz Bastos, 22 pinos na coluna, com reflexos da paralisia infantil e a experiência de quem, há sete anos, já foi atropelado numa faixa.O desrespeito aos pontos de travessia dos pedestres é um dos principais expoentes da falta de civilidade do trânsito. Entre as motos, é generalizado.Pesquisa da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mostra que só 27% delas obedecem a linha de retenção -pintura do asfalto que delimita a área dos pedestres nos cruzamentos com semáforos. Ou seja, três de cada quatro avançam a faixa, atrapalhando ou ameaçando quem está a pé. Dos carros, 83% respeitam a sinalização na travessia.Esse tipo de levantamento é feito anualmente pela CET nos picos da manhã e da tarde. Em 2008 foram pesquisados 10.075 veículos. O índice de desobediência das motos seguiu igual nos últimos dois anos.O especialista David Duarte Lima, da UnB (Universidade de Brasília), cita dois fatores para explicar esse comportamento."O motociclista quer sempre sair na frente dos carros, arrancar primeiro", diz. Outro motivo é a impunidade, tanto pela dificuldade dos fiscais para identificar as placas como porque muitos radares não flagram esse tipo de veículo.Na última sexta-feira, durante 15 minutos, a reportagem detectou 23 veículos (sendo 12 motos) invadindo a linha de retenção e ameaçando a faixa de pedestres na rua Boa Vista, a menos de cem metros do lugar de trabalho do presidente da CET, Alexandre de Moraes.A companhia de trânsito da gestão Gilberto Kassab (DEM) afirma não ter mais controle de quantas multas são aplicadas em motos -sob a justificativa de que uma portaria federal tirou a obrigatoriedade de anotar se quem cometeu a infração é carro, ônibus, moto, ônibus.Embora as infrações por desrespeito ao pedestre sejam comuns, as punições são minoria.As multas aos veículos que param sobre a faixa de pedestres na mudança do semáforo ou que estacionam na calçada ou sobre a faixa representaram 0,4% e 1,6%, respectivamente.
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