Meu nome é Ari Vieira, sou especializado em educação para pessoas com deficiência pela PUCSP. Quero ajudar os docentes a debater o tema inclusão das pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida nas escolas. O blog será também uma importante ferramenta de consulta para quem for implantar a temática da inclusão na mobilidade urbana.
Ally e Ryan
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
2010 - feliz ano para nós
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Esperança
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
2009 – o retorno da saída
O ano que ora se encerrará em breve trouxe-me alguns detalhes marcantes:
O retorno para a CET não foi tão bom como eu esperava. Nada sobre as pessoas, que me apoiaram e me incentivaram, mas percebi que o meu vínculo com a empresa já estava terminado. Voltei talvez por teimosia pessoal, tentando demonstrar confiança e força de vontade para mim mesmo. No entanto, nos poucos meses que estou o cansaço e o esforço são bem maiores que havia planejado.
Conhecer o Branco, o atual gerente, foi uma boa surpresa. Ele demonstrou interesse na temática da inclusão e até me incumbiu junto com o Milton, de elaborar um Programa voltado para as atividades internas objetivando atender pessoas com deficiência. Para que isso se torne uma realidade, ele vai ter que enfrentar resistências internas e ter coragem de assumir o tema. Mesmo de longe vou acompanhar.
Em 2009 me marcou como sendo o ano em que dei minha última aula na CET. Aliás, nos dois dias que sucederam a aula passei muito mal, o que reforça a ideia de ter sido mesmo minha derradeira aula.
Vou entrando numa nova fase da vida e a CET aos poucos vai ficando no cantinho da saudade... gosto dela, mas a separação é iminente.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Susana, parabéns
Vamos aproveitar o momento e fazer uma pausa para reflexão.
Pensem comigo: quantas pessoas temos no nosso circulo de amizade que podemos afirmar com todas as garantia que elas são nossas amigas? Pois bem! Agora, apenas dentro desse seleto grupo, separe a pessoa que tem mais afinidade com você. Quando fazemos isso encontramos a verdadeira essência da vida que é o amor. E o amor é o sentimento que une as pessoas.
Conheci Susana, que atualmente é minha chefe, em 1987. Já se passaram longos 22 anos. A história dela e sua trajetória na CET confundem-se com a minha. Ela viu meus filhos crescerem, os pegou no colo, fez carinho, me ajudou em momentos delicados e sempre manteve um sorriso no rosto. Eu a vi se formar, se casar e se tornar a pessoa que ela é hoje.
Temos muita coisa em comum, mas o que mais nos aproxima é cuidar dos animais abandonados.
Em 2006 fiz uma poesia totalmente dedicada a ela:
Susana
Importa quem somos?
Importa quem és...
Encanto da minha vida
Encanta a todos
Guerreira da esperança
Amiga do coração
És amada
Querida
Em cada latido
A voz da esperança
Tu salva a vida
Minimiza a dor
És a glória da minha alma
És a força da mudança
És a vontade do amanhã
És a infinita bondade
Teu rosto é a vontade
Tua garra, a união
Teu choro, o desespero?
Teu sorriso, a esperança!
Teu sorriso me fascina
Teu sorriso me encanta
Tua ternura me alegra
Teu sorriso me faz sorrir!
Amiga amada
Amada para sempre
Para sempre será amada
Amando a solidão
Tu és a força
O latido da paz
A imensidão do destino
A fé da razão
Hoje é aniversário da minha amiga, e, portanto, hoje minha postagem é dedicada a ela.
Parabéns amiga, parabéns meu amor e não mude nunca, precisamos sempre cuidar dos nossos animalzinhos.
Vejam os vídeos que fiz para ela no links
http://www.youtube.com/watch?v=LG8xwGbAyJ0
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Feliz Natal
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Semana de Talentos - Poesia "Solange"
Amada delirante
contida no desejo
sublime na pessoa
sorriso de menina
Encanto de mulher
infinita no olhar
meiga no carinho
delírios na visão
Estrela da sedução
firme na armação
fruta da animação
maçã da emoção
Bela no carinho
imensa no pensamento
enorme no prazer
coragem no fazer
Olhos de menina
sensível na percepção
incerteza do ouvir
encanta na voz
Mãe para sempre
filhos que a tormenta
paciência na esperança
serenidade na ação
Mulher da minha vida
menina do meu coração
amada do meu amor
alma da minha solidão!
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Aos amigos e inimigos
Em minhas reflexões pude lembrar algumas ações que fiz na CET e que jamais ousaria repeti-las depois de evoluído. Mas foram acontecimentos que fizeram parte do meu ser.
A CET na verdade nunca tratou seus empregados com deficiência, com a mesma deferência que trata um empregado sem deficiência. O que salva essa imagem negativa da empresa, são os apoios recebidos do setor social, da Rose, Maria (infelizmente saiu da empresa) e de outras pessoas dessa área, e dos amigos. Hoje não tolero mais ser colocado a margem da situação, falo, grito, xingo se percebo que meu direito está sendo subtraído. Meus inimigos são aqueles que recebem o meu desprezo.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Táxi amigão, o embuste da educação
No entanto, vivemos a gestão da enganação sob a batuta do prefeito Gilberto Kassab. Para incentivar o uso do táxi citado, a CET foi convocada e o CETET em particular, a participarem da campanha. Alguns educadores mal informados visitam alguns bares da cidade e em outras palavras incentivam o uso da bebida alcoólica, desde que o usuário ou usuária não dirija seu próprio veículo e utilize o “táxi amigão”. Não creio que esse seja o papel da educação, ao contrário da proposta, os educadores poderiam visitar os bares motivando os freqüentadores a não ingerirem bebidas alcoólicas antes de dirigirem, para isso nós somos preparados. E o pior é que algumas educadoras dão uma importância para essa campanha, como se ela fosse a mais importante da empresa.
Tenho orgulho de ter participado das campanhas a favor do cinto de segurança, inclusive no banco traseiro, de ter participado da campanha contra o uso do aparelho celular, da divulgação do CTB, da redução de velocidade, de crianças que devem ser transportadas no banco traseiro e outras que com certeza encheram de orgulho os educadores que participaram.
Conheço muitos taxistas que me disseram que em alguns lugares eles já tinham acordo com o estabelecimento, para fazer esse tipo de transporte. E para piorar a situação alguns “baladeiros” declararam aos jornais que não conseguiram utilizar os táxis, ou seja, o educador do CETET e o agente da fiscalização incentivaram o baladeiro a beber, distribuíram biscoitos, mas como não há táxi disponível, esse fulano pega o carro dele e sai às ruas dirigindo, tudo com o beneplácito do Poder Público municipal. Acorda CETET!!
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Jornal da CET
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Fora de combate
De longe eu acompanhava a transição na CET e modelos antigos foram adotados na empresa com a volta do antigo Roberto Salvador Scaringella. O termo mobilidade urbana foi deixado de lado, voltamos a ouvir “circulação de veículos”, “fluidez” e outros termos arcaicos.
Mas, por outro lado, houve o lado positivo: a gestão decidiu preencher os cargos de supervisão com empregados de carreira e nesse sentido meus dois amigos do coração, Boléia e Susana foram promovidos.
De longe eu acompanhava atento a essas mudanças e procurava me dedicar ao processo de reabilitação para voltar o mais rápido possível.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
José Serra (PSDB) é o novo prefeito de São Paulo
Serra foi exilado aos 22 anos, por 14 anos, vivendo na Bolívia, Chile e depois Estados Unidos. Como presidente da União Estadual dos Estudantes em 1962 e União Nacional dos Estudantes em 1963, era 'persona non grata' no Brasil depois do golpe militar de 1964.
Ele já havia concorrido à prefeitura de São Paulo em duas outras oportunidades, em 1988 e 1996, não tendo ganhado em nenhuma. Em 2002 foi derrotado por Luis Inácio Lula da Silva na campanha presidencial. Serra foi eleito duas vezes como deputado (1986 e 1990) e uma como senador (1994), neste caso com 6,5 milhões de votos.
O tucano também foi ministro do Planejamento, de 1995 a 1996, e da Saúde, de 1998 a 2002, em ambos os casos convidado por Fernando Henrique Cardoso.
Serra nasceu em 19 de março de 1942, no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo, filho único de Francesco Serra, imigrante italiano que tinha uma barraca de frutas no mercado municipal da Cantareira, e de Serafina Chirico.
O jornal francês Le Figaro publicou reportagem com o título "Em São Paulo, Marta Suplicy perdeu a batalha da mídia". No texto, o diário afirma que, apesar de os paulistanos terem uma imagem positiva da gestão de Marta, "seria quase um milagre se o PT vencesse a eleição municipal em São Paulo".
De acordo com o maior jornal francês em tiragem, ao "partir para a batalha" com seu opositor José Serra no setor de saúde, Marta colocou em segundo plano os pontos fortes de sua administração, as áreas de transporte e educação.
Segundo o jornal, a postura de confrontação rendeu à prefeita paulistana a imagem de que é "o protótipo da mulher arrogante".
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Algumas imagens do CETET-GAF
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Sala de aula
Participei de eventos, campanhas educativas, seminários e cursos externos. Eu sabia que aquela licença de 2004 seria o divisor de águas da minha participação como empregado da empresa. A volta seria complicada demais.
Sinto saudades de tudo que fiz na CET, embora as condições de trabalho sempre fossem desfavoráveis.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Balanço geral da gestão
Ao sair da forma em que sai daquela gestão, fiquei imaginando qual seria o balanço geral sobre todo o período em que trabalhamos juntos. Creio que conhecer pessoas como a Tânia, Jussara, Antonio, Isabel, Elaine e tantos outros foi o momento mais feliz que tive na empresa. Eles foram sem dúvida alguma as melhores equipes de trabalho com a qual pude dividir atividades.
Os Programas Sociais com os quais trabalhamos, como Primeiro Emprego e o Começar de Novo, foram de muito conhecimento para mim. Aprendi muito com aquelas pessoas, com os diversos grupos, do jovem à pessoa com mais de 40 anos. Foi um aprendizado para mim; lamentável que alguns funcionários da CET não souberam aproveitar o momento e evoluírem um pouco mais na sua espiritualidade.
Conhecer, conviver e trabalhar com Cida Dolores, Geraldo, Leo e Amanda foi um detalhe a mais na experiência; dividimos coordenação, tudo era resolvido em conjunto, não havia necessidade de um se sobrepor ao outro, enfim, vivemos situações inesquecíveis, mas costumo dizer que na vida tudo tem começo, meio e fim e ali chegamos no nosso final.
Votaria na Marta mais uma vez se fosse para resgatar toda aquela história, as pessoas nefandas e nefastas que fizeram parte daqueles grupos de gestores indicados, devem ser esquecidos e desprezados, não vale a pena ficarmos nos alimentando do ódio e da revolta, quando lembro daquela gestão as imagens que vem à mente são as melhores possíveis.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Licença médica
Estava no melhor momento daquela gestão. Já tinha recuperado meu prestígio no CETET, minha parceria com a Cida Dolores foi altamente positiva, no entanto, ainda que a contragosto acatei as recomendações médicas.
A gestão da Marta Suplicy foi o modelo de administração que mais defendi tanto na CET, como fora dela. No tocante às necessidades das pessoas com deficiências, foi a prefeita que mais defendeu as ideias do segmento. Evidente que se olharmos para o interior da CET e com os gestores e supervisores indicados, a decepção é enorme, mas temos que pensar a cidade como um todo e não apenas para o nosso interior, no caso a empresa.
Meu último dia naquela gestão foi 31 de julho de 2004, saí para um longo afastamento. Algumas pessoas me contaram que na despedida daquele nefando gerente, ele na festa organizada por suas “viúvas”, citou meu nome tecendo elogios, nem isso diminuiu meu desprezo por esse indivíduo.
Estava portanto, fora da gestão que havia defendido.
domingo, 6 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Novo sistema de transporte
Participei junto com a Flávia da elaboração da área de acessibilidade, enquanto a CET vivia no século XIX com relação às pessoas com deficiência, a gestão demonstrava enorme simpatia com o segmento.
Pela primeira vez na história da cidade, havia um debate centrado na questão do transporte ser um direito de todo cidadão, independentemente de sua condição econômica, social ou física.
Pensamos que o sistema fosse uma vitrine de exposição para a gestão, mas a mídia centrou suas críticas apenas nos erros e não divulgava que a prefeita havia liquidado a máfia dos transportes, retirou os clandestinos de circulação com a modernização do sistema e sem usar de qualquer tipo de violência.
Sinto orgulho de ter participado desse momento tão importante para a cidade.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Breve parada no tempo
O Milton que está comigo no projeto estava bem e na sua fala foi bastante esclarecedora.
Convido todos a lerem o texto abaixo da vereadora Mara Gabrilli, publicado hoje na Folha:
Avançamos - e agora?
MARA GABRILLI
Agora, precisamos de você para avançar mais: seja inclusivo. Cobre e promova a acessibilidade. Esse é um ato de cidadania e respeito PAULA, NASCIDA em 1962, teve poliomielite -uma doença praticamente erradicada do Brasil.
MARA CRISTINA GABRILLI , 42, tetraplégica, psicóloga e publicitária, é vereadora da cidade de São Paulo pelo PSDB e fundadora da ONG Projeto Próximo Passo, hoje Instituto Mara Gabrilli. Foi secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo (2005-2007). www.maragabrilli.com.br
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Decepção total
Como temos experiências no tema, em conversa franca e aberta com a Flávia decidimos que sair definitivamente da comissão seria a melhor alternativa. Inclusive a diretora de representação Ana, criou no âmbito da DR uma outra comissão semelhante, mas claro era só “cortina de fumaça’, assim ela exibiria para outros empregados uma face social, o que não era o caso.
Enfim, o tema foi esquecido definitivamente.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Inclusão social – um sonho de verão na CET
Nenhuma medida de efeito imediato foi adotada. A essa altura da gestão, CET e SPTRANS iniciavam uma forma de fusão entre si, portanto, pelo lado da SPTRANS foi indicado um funcionário para fazer parte da Comissão de Acessibilidade. E nesse ponto os problemas começaram. Ora ia uma pessoa, ora outra, não havia compromisso da empresa com o tema.
Diante de um quadro assim, eu e a Flávia tomamos uma decisão unilateral: decidimos sair da comissão e provocamos o esvaziamento dela e logo depois sua extinção. A CET já havia mudado de presidente e o que assumiu decidiu tocar o tema de forma individual. Em alguns momentos ele chamava a mim, em outros convocava a Flávia.
De qualquer forma podemos afirmar que essa foi a pedra inaugural do tema na CET.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Política de Inclusão dos Empregados com Deficiência na CET
Colocando ponderações...
Acordo concluído, política de inclusão lançada
O presidente nos ouviu, decidiu criar uma comissão de acessibilidade com diferentes segmentos da empresa e lançou oficialmente uma política de inclusão social na CET que em termos gerais determinava:
- O reconhecimento por parte da presidência do trabalho da comissão constituída e sua completa independência para elaborar um relatório diagnosticando a situação e propondo sugestões;
- Os gestores deveriam tomar medidas inclusivas em suas respectivas áreas.
Essa foi a primeira semente lançada sobre a inclusão dos empregados com deficiência na CET.
domingo, 29 de novembro de 2009
Reflexão
São Paulo, sexta-feira, 27 de novembro de 2009 - Jornal Folha de São Paulo
CÉSAR BENJAMINESPECIAL
PARA A FOLHA
A PRISÃO na Polícia do Exército da Vila Militar, em setembro de 1971, era especialmente ruim: eu ficava nu em uma cela tão pequena que só conseguia me recostar no chão de ladrilhos usando a diagonal. A cela era nua também, sem nada, a menos de um buraco no chão que os militares chamavam de "boi"; a única água disponível era a da descarga do "boi". Permanecia em pé durante as noites, em inúteis tentativas de espantar o frio. Comia com as mãos. Tinha 17 anos de idade.
Um dia a equipe de plantão abriu a porta de bom humor. Conduziram-me por dois corredores e colocaram-me em uma cela maior onde estavam três criminosos comuns, Caveirinha, Português e Nelson, incentivados ali mesmo a me usar como bem entendessem. Os três, porém, foram gentis e solidários comigo. Ofereceram-me logo um lençol, com o qual me cobri, passando a usá-lo nos dias seguintes como uma toga troncha de senador romano.
Oriundos de São Paulo, Caveirinha e Português disseram-me que "estavam pedidos" pelo delegado Sérgio Fleury, que provavelmente iria matá-los. Nelson, um mulato escuro, passava o tempo cantando Beatles, fingindo que sabia inglês e pedindo nossa opinião sobre suas caprichadas interpretações. Repetia uma ideia, pensando alto: "O Brasil não dá mais. Aqui só tem gente esperta. Quando sair dessa, vou para o Senegal. Vou ser rei do Senegal".
Voltei para a solitária alguns dias depois. Ainda não sabia que começava então um longo período que me levou ao limite. Vegetei em silêncio, sem contato humano, vendo só quatro paredes -"sobrevivendo a mim mesmo como um fósforo frio", para lembrar Fernando Pessoa- durante três anos e meio, em diferentes quartéis, sem saber o que acontecia fora das celas. Até que, num fim de tarde, abriram a porta e colocaram-me em um camburão. Eu estava sendo transferido para fora da Vila Militar.
A caçamba do carro era dividida ao meio por uma chapa de ferro, de modo que duas pessoas podiam ser conduzidas sem que conseguissem se ver. A vedação, porém, não era completa. Por uma fresta de alguns centímetros, no canto inferior à minha direita, apareceram dedos que, pelo tato, percebi serem femininos.
Fiquei muito perturbado (preso vive de coisas pequenas). Há anos eu não via, muito menos tocava, uma mulher. Fui desembarcado em um dos presídios do complexo penitenciário de Bangu, para presos comuns, e colocado na galeria F, "de alta periculosia", como se dizia por lá. Havia 30 a 40 homens, sem superlotação, e três eram travestis, a Monique, a Neguinha e a Eva. Revivi o pesadelo de sofrer uma curra, mas, mais uma vez, nada ocorreu. Era Carnaval, e a direção do presídio, excepcionalmente, permitira a entrada de uma televisão para que os detentos pudessem assistir ao desfile.
Estavam todos ocupados, torcendo por suas escolas. Pude então, nessa noite, ter uma longa conversa com as lideranças do novo lugar: Sapo Lee, Sabichão, Neguinho Dois, Formigão, Ari dos Macacos (ou Ari Navalhada, por causa de uma imensa cicatriz que trazia no rosto) e Chinês. Quando o dia amanheceu éramos quase amigos, o que não impediu que, durante algum tempo, eu fosse submetido à tradicional série de "provas de fogo", situações armadas para testar a firmeza de cada novato.
Quando fui rebatizado, estava aceito. Passei a ser o Devagar. Aos poucos, aprendi a "língua de congo", o dialeto que os presos usam entre si para não serem entendidos pelos estranhos ao grupo.
Com a entrada de um novo diretor, mais liberal, consegui reativar as salas de aula do presídio para turmas de primeiro e de segundo grau. Além de dezenas de presos, de todas as galerias, guardas penitenciários e até o chefe de segurança se inscreveram para tentar um diploma do supletivo. Era o que eu faria, também: clandestino desde os 14 anos, preso desde os 17, já estava com 22 e não tinha o segundo grau. Tornei-me o professor de todas as matérias, mas faria as provas junto com eles.
Passei assim a maior parte dos quase dois anos que fiquei em Bangu. Nos intervalos das aulas, traduzia livros para mim mesmo, para aprender línguas, e escrevia petições para advogados dos presos ou cartas de amor que eles enviavam para namoradas reais, supostas ou apenas desejadas, algumas das quais presas no Talavera Bruce, ali ao lado. Quanto mais melosas, melhor.Como não havia sido levado a julgamento, por causa da menoridade na época da prisão, não cumpria nenhuma pena específica. Por isso era mantido nesse confinamento semiclandestino, segregado dos demais presos políticos. Ignorava quanto tempo ainda permaneceria nessa situação.
Lembro-me com emoção -toda essa trajetória me emociona, a ponto de eu nunca tê-la compartilhado- do dia em que circulou a notícia de que eu seria transferido. Recebi dezenas de catataus, de todas as galerias, trazidos pelos próprios guardas. Catatau, em língua de congo, é uma espécie de bilhete de apresentação em que o signatário afiança a seus conhecidos que o portador é "sujeito-homem" e deve ser ajudado nos outros presídios por onde passar.
Alguns presos propuseram-se a organizar uma rebelião, temendo que a transferência fosse parte de um plano contra a minha vida. A essa altura, já haviam compreendido há muito quem eu era e o que era uma ditadura. Eu os tranquilizei: na Frei Caneca, para onde iria, estavam os meus antigos companheiros de militância, que reencontraria tantos anos depois. Descumprindo o regulamento, os guardas permitiram que eu entrasse em todas as galerias para me despedir afetuosamente de alunos e amigos. O Devagar ia embora.
São Paulo, 1994. Eu estava na casa que servia para a produção dos programas de televisão da campanha de Lula. Com o Plano Real, Fernando Henrique passara à frente, dificultando e confundindo a nossa campanha.
Nesse contexto, deixei trabalho e família no Rio e me instalei na produtora de TV, dormindo em um sofá, para tentar ajudar. Lá pelas tantas, recebi um presente de grego: um grupo de apoiadores trouxe dos Estados Unidos um renomado marqueteiro, cujo nome esqueci. Lula gravava os programas, mais ou menos, duas vezes por semana, de modo que convivi com o americano durante alguns dias sem que ele houvesse ainda visto o candidato.
Dizia-me da importância do primeiro encontro, em que tentaria formatar a psicologia de Lula, saber o que lhe passava na alma, quem era ele, conhecer suas opiniões sobre o Brasil e o momento da campanha, para então propor uma estratégia. Para mim, nada disso fazia sentido, mas eu não queria tratá-lo mal. O primeiro encontro foi no refeitório, durante um almoço.
Na mesa, estávamos eu, o americano ao meu lado, Lula e o publicitário Paulo de Tarso em frente e, nas cabeceiras, Espinoza (segurança de Lula) e outro publicitário brasileiro que trabalhava conosco, cujo nome também esqueci. Lula puxou conversa: "Você esteve preso, não é Cesinha?" "Estive." "Quanto tempo?" "Alguns anos...", desconversei (raramente falo nesse assunto). Lula continuou: "Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta". Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia tentado subjugar outro preso nos 30 dias em que ficara detido. Chamava-o de "menino do MEP", em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do "menino", que frustrara a investida com cotoveladas e socos.
Foi um dos momentos mais kafkianos que vivi. Enquanto ouvia a narrativa do nosso candidato, eu relembrava as vezes em que poderia ter sido, digamos assim, o "menino do MEP" nas mãos de criminosos comuns considerados perigosos, condenados a penas longas, que, não obstante essas condições, sempre me respeitaram.
O marqueteiro americano me cutucava, impaciente, para que eu traduzisse o que Lula falava, dada a importância do primeiro encontro. Eu não sabia o que fazer. Não podia lhe dizer o que estava ouvindo. Depois do almoço, desconversei: Lula só havia dito generalidades sem importância. O americano achou que eu estava boicotando o seu trabalho. Ficou bravo e, felizmente, desapareceu.
Dias depois de ter retornado para a solitária, ainda na PE da Vila Militar, alguém empurrou por baixo da porta um exemplar do jornal "O Dia". A matéria da primeira página, com direito a manchete principal, anunciava que Caveirinha e Português haviam sido localizados no bairro do Rio Comprido por uma equipe do delegado Fleury e mortos depois de intensa perseguição e tiroteio. Consumara-se o assassinato que eles haviam antevisto. Nelson, que amava os Beatles, não conseguiu ser o rei do Senegal: transferido para o presídio de Água Santa, liderou uma greve de fome contra os espancamentos de presos e perseverou nela até morrer de inanição, cerca de 60 dias depois. Seu pai, guarda penitenciário, servia naquela unidade.
Neguinho Dois também morreu na prisão. Sapo Lee foi transferido para a Ilha Grande; perdi sua pista quando o presídio de lá foi desativado. Chinês foi solto e conseguiu ser contratado por uma empreiteira que o enviaria para trabalhar em uma obra na Arábia, mas a empresa mudou os planos e o mandou para o Alasca. Na última vez que falei com ele, há mais de 20 anos, estava animado com a perspectiva do embarque: "Arábia ou Alasca, Devagar, é tudo as mesmas Alemanhas!" Ele quis ir embora para escapar do destino de seu melhor amigo, o Sabichão, que também havia sido solto, novamente preso e dessa vez assassinado. Não sei o que aconteceu com o Formigão e o Ari Navalhada.
A todos, autênticos filhos do Brasil, tão castigados, presto homenagem, estejam onde estiverem, mortos ou vivos, pela maneira como trataram um jovem branco de classe média, na casa dos 20 anos, que lhes esteve ao alcance das mãos. Eu nunca soube quem é o "menino do MEP". Suponho que esteja vivo, pois a organização era formada por gente com o meu perfil. Nossa sobrevida, em geral, é bem maior do que a dos pobres e pretos.
O homem que me disse que o atacou é hoje presidente da República. É conciliador e, dizem, faz um bom governo. Ganhou projeção internacional. Afastei-me dele depois daquela conversa na produtora de televisão, mas desejo-lhe sorte, pelo bem do nosso país. Espero que tenha melhorado com o passar dos anos. Mesmo assim, não pretendo assistir a "O Filho do Brasil", que exala o mau cheiro das mistificações. Li nos jornais que o filme mostra cenas dos 30 dias em que Lula esteve detido e lembrei das passagens que registrei neste texto, que está além da política. Não pretende acusar, rotular ou julgar, mas refletir sobre a complexidade da condição humana, justamente o que um filme assim, a serviço do culto à personalidade, tenta esconder.
CÉSAR BENJAMIN, 55, militou no movimento estudantil secundarista em 1968 e passou para a clandestinidade depois da decretação do Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro desse ano, juntando-se à resistência armada ao regime militar. Foi preso em meados de 1971, com 17 anos, e expulso do país no final de 1976. Retornou em 1978. Ajudou a fundar o PT, do qual se desfiliou em 1995. Em 2006 foi candidato a vice-presidente na chapa liderada pela senadora Heloísa Helena, do PSOL, do qual também se desfiliou. Trabalhou na Fundação Getulio Vargas, na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na Prefeitura do Rio de Janeiro e na Editora Nova Fronteira. É editor da Editora Contraponto e colunista da Folha.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Desabamento de parte do teto do CETET
No dia seguinte logo que cheguei ao CETET percebi que havia sido feito uma maquiagem da área e a parte interditada também tinha sido diminuída. O técnico de segurança, Paulo Tadeu, achou um absurdo aquela situação, interditamos totalmente a área e informamos o gerente. Aliás, o gerente pouco pareceu preocupado. Ele ia a uma reunião na gerência de RH e manteve a pauta. Um gestor responsável iria no mínimo ao prédio, determinaria sua desocupação até que a empresa desse garantias através de um laudo, da segurança dos empregados. Mas responsabilidade e solidariedade não eram valores inerentes ao nosso gerente de antanho.
Após negociações com a gerente de RH, ela decidiu pela interdição do prédio, no entanto, a decisão de desocupação caberia ao gerente do CETET. No meio da tarde ele apareceu com aquela cara de despreocupado, manteve os empregados trabalhando. Um engenheiro de uma empresa especializada foi no final da tarde, achou estranho o prédio ainda estar ocupado, sem as medidas de emergência que deveriam serem adotadas no caso. Foi determinado que a parte restante do teto deverá receber vigas de sustentação e somente após a colocação o prédio poderá voltar a funcionar normalmente.
O caso apenas mostrou o despreparo e a irresponsabilidade do nosso gerente, que a esta altura já tinha sua popularidade ruído tanto quanto o teto.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
CIPA
Minha campanha foi pautada pelo tema ACESSIBILIDADE na empresa. O resultado da eleição foi auspicioso: fiquei em primeiro lugar na apuração final e inclusive no meu querido Chico Landi, tive 14 votos dos 15 possíveis. Mais uma vez demonstrava para aquele gerente, que a minha história estava para sempre preservada na CET, ao contrário da dele.
Em contato com GRH introduzi no curso para cipeiros, o tema proposto da campanha. Fiquei como vice-presidente daquela comissão, depois fiquei por 5 meses como presidente interino, sendo que, após fazer um bom trabalho fui indicado para ser o presidente da próxima comissão.
Na CIPA realizei inúmeros trabalhos. Quando assumi o CETET era um foco da dengue. Fiz contato com os agentes da Saúde municipal, fizemos uma parceria, e após intensivos treinamentos com os funcionários de limpeza erradicamos o foco da dengue.
A questão da acessibilidade foi pauta de inúmeras reuniões com os gestores e a semente da inclusão foi plantada.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Borges – o novo superintendente
A situação dele era bastante delicada, indicado por outro grupo de políticos não tinha afinidades com o presidente da empresa. No entanto, ele decidiu ouvir todos os envolvidos no caso em questão. A princípio achou um absurdo o desenrolar dos acontecimentos e procurou um meio de nos fazer voltar ao DET-3. Evidente que o grupo que lá permaneceu e a supervisora acharam isso um acinte. O impasse foi criado e outro momento de tensão veio a tona. Para não promover novas ações de provocações foi nos oferecido o setor de Pesquisa, isso porque os Programas Sociais foram suspensos e não haveria novas atividades. O pessoal fecharam em bloco para serem transferidos para a Pesquisa, quanto a mim decidi voltar ao DET-3, pelas razões que exponho agora:
1) O DET-3 não tinha dono e eu era o mais antigo, portanto, minha história deveria ser respeitada, não apenas pela gerência, mas também pelo grupo e pela supervisora;
2) O gerente ficaria exposto, afinal, se ele me transferiu, meu retorno agora acontecia sem o aval dele;
3) Meu retorno provaria nossa tese: a supervisora não tinha condições de gerir o grupo, uma vez que passados 4 meses já havia uma nova divisão na área.
Em sendo assim, bancado pelo superintendente lá estava eu de volta, na toca das raposas.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Cida Dolores
Ir trabalhar num programa da gestão, poderia até ser um castigo na concepção do gerente, embora ele fosse indicado pela mesma Gestão, entretanto, para nós, o “Grupo dos Farrapos’ foi uma oportunidade de mostrar ao CETET nosso real valor e entregar os fatos para que a história pudesse fazer seu julgamento real e isento sobre tudo que ocorreu.
Lá me aproximei da coordenadora geral do Programa, Cida Dolores. Ela no começo demonstrava ser reticente a nossa presença, era fechada e parecia sempre estar de mau humor. No entanto, conforme o tempo foi passando e a nossa relação amadurecendo, observei nela a pessoa mais competente, mais compromissada com a gestão da Marta. Iniciamos um excelente trabalho.
Minha amizade com ela superou os limites da CET. Finalmente, após um intenso período de decepções consegui ver no meu novo posto de trabalho uma rara chance de reverter uma situação desconfortável imposta pela gerência.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Programas Sociais
- Se a área ficaria melhor sem nossa presença, por que outra pessoa precisava ser convidada para assumir o planejamento?
Numa conversa com o gerente, ele nos disse que nossos nomes foram lançados para a lama e precisaríamos resgatar nossa posição no CETET. Patética colocação, afinal, em nenhum momento minha história na empresa foi manchada, ao contrário da dele, que tinha que explicar assédios sexuais e morais desferidos contra algumas funcionárias.
De qualquer forma, após um período de longas férias fomos transferidos para os Programas Sociais da CET, programa da gestão, lá aprofundei o relacionamento com a Cida Dolores, que mudou minha situação.
domingo, 22 de novembro de 2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
A resposta do gerente
Meu sentimento naquele momento foi de pura decepção, não pelo resultado, mas pelo comportamento de alguém que se intitulava democrático. O outro lado comemorou como se tivessem tido algum ganho com a situação, o tempo mostrou que todos do nosso grupo se deram bem para as áreas em que fomos deslocados, mostramos através do tempo e das nossas ações que conforme o próprio gerente admitia, éramos a parte pensante da área. Não houve vitória naquele momento, houve sim uma profunda ação de incompetência, omissão e vontade de destruir um grupo de pessoas.
Voltamos para nossa sala e como já era final do dia, fomos embora certos que um dia a história e análise dos fatos demonstraria o quanto estávamos certos ao fazer aquilo.
Se alguém me perguntar se faria tudo aquilo outra vez, responderia que sim. Aprendi muito com todo aquele fato, me tornei uma pessoa melhor, conheci outros caminhos na CET, entrei no grupo de estudos do novo sistema de transportes que a prefeita pretendia e conseguiu implantar na cidade à época.
O pessoal que lá permaneceu, parou no tempo, inclusive no cargo em que se encontram, eles têm o menor salário do cargo. Do nosso lado houve uma completa reformulação: uma pessoa conseguiu o cargo de gestor II; outra, gestor I; dois outros atingiram o melhor salário onde estão e outro está numa área onde se sente bem. Quanto a mim, obtive sucesso ainda dentro do CETET, conforme vou descrever depois, passei a ajudar a Comissão de Mobilidade Urbana na Câmara Municipal de São Paulo; coordenei parte dos Programa Sociais no CETET, representei a CET em Brasília, ao lado do então ministro das Cidades, Olívio Dutra, no lançamento do Programa Brasil Acessível, fui presidente de duas gestões da CIPA e lancei a ideia da inclusão no CETET e depois lançada na CET como um todo. Diante de tudo isso, uma pergunta procura resposta:
Acertou o gerente em manter a pessoa no cargo em detrimento do interesse público?
Ele foi embora antes do final da gestão, levando consigo a arrogância, o desinteresse e a omissão com a educação de trânsito.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Reunião com gerente
A conversa foi agendada e no dia e hora determinado lá estávamos nós. No começo da conversa o gerente mostrou-se surpreso com a situação colocada; aliás, uma surpresa patética, afinal, praticamente todo CETET comentava a divisão que havia no DET-3.
O tema central da reunião era que os princípios pelos quais a supervisora foi colocada na área não foram atingidos. Ela não administrava a área, não tinha projetos novos e não eliminava a cizânia do grupo, comprometendo assim a qualidade do trabalho oferecido.
O gerente nos ouviu, nada comentou, apenas argumentou alguns pontos e ficou de nos dar uma posição.
Voltamos para nosso grupo, foi colocada a conversa e para evitar constrangimento da supervisora, decidimos colocar a ela nossa posição. O gerente achou que isso foi uma tentativa de “golpe”. Ridícula e expressamente ditatorial a posição dele. Isso não é tentativa de golpe, isso é transparência, isso é caráter, vontade de mudar!
De qualquer forma, a situação estava colocada, as divisões de grupo tornaram-se uma fratura exposta no CETET. A supervisora vendia a imagem de vitima da nossa posição, articulou com a outra parte do grupo, que se escondia na covardia e na omissão. O gerente chamou reservadamente cada um dos empregados da outra sala, e demonstrando seu lado diabólico e fascista, não chamou individualmente o pessoal do nosso lado, ou seja, estabeleceu um desequilíbrio das relações.
A atitude dele contrariava completamente a imagem que a gestão passava para a cidade, nesse período a insatisfação era geral na CET, as pessoas passaram do amor ao ódio com a Marta.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
A divisão foi estabelecida
Juntamos algumas pessoas e fomos consultar outras do outro grupo. Alguns deles fugiram de nós, com medo, por omissão e por covardia, pessoas que num futuro chegaram a me dizer que deveriam ter aderido ao movimento.
Nosso grupo que representava as ideias, o pensamento da área, estava fechado e determinado. Conversamos entre nós e decidimos que se não houver mudanças por parte da supervisora iríamos nos colocar diante do gerente.
Não boicotamos o trabalho, jamais deixamos de atender qualquer solicitação, fomos profissionais na magnitude do termo, porém, a supervisora fingia que não estava acontecendo nada. Não misturava pessoa de um grupo com outro, procurava apenas defender seu cargo, se segurando na mesquinhez e epifania da situação.
Não suportando mais a situação, fizemos uma nova reunião interna e ficou decidido que a situação seria exposta ao gerente.
Por que decidimos ir ao gerente? A resposta é a soma das alternativas abaixo:
A gestão era democrática.
O gerente se intitulava como negociador.
Os gestores pregavam o diálogo.
Tudo mentira. A gestão era mentirosa, gestores mentirosos e no meio da mentira nos
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
O início do conflito
O gerente omisso fechava os olhos e simulava que tudo estava sob controle. A superintendência encontrava-se vaga, ou seja, olhando agora para trás observo o embuste que era todo aquele quadro.
A área estava ressentida com o superintendente que havia saído, quando nos deixou expostos na festa de natal, a ponto de durante a confraternização procurar cada funcionário separadamente e se desculpar.
A decepção com a gestão Marta na CET era imensa, afinal, ela jamais cumpriu com o corpo de empregados, promessas feitas na campanha. As promessas eram de melhoria na gestão de pessoal, mais investimentos na empresa e também no setor de educação iria ser dado ênfase, tudo não passou de um blefe.
Paralelo a isso, me encontrava trabalhando na Comissão de Acessibilidade da Prefeitura, aí sim, a Marta deu um show.
No CETET estávamos próximos da implosão.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Meu filho Rafael na CET em 2002 e nos EUA 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Meus amigos e minhas amigas
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Gerente do CETET – ditador a paisana
1) O que deve estar presente numa gestão petista?
2) Como deve proceder um gestor indicado pela gestão?
3) Como deve administrar uma crise um gestor democrático?
Na minha singela opinião, as respostas para estas perguntas, devem ser pela ordem: diálogo; ouvir e dialogar; e, ouvir os dois lados e pautar a decisão em bom senso.
O nosso gerente aparentava ter essas características, demonstrava isso em conversas reservadas, quando na verdade era um monstro de lobo disfarçado na pele de cordeiro.
Na verdade ele trabalhava sob interesses próprios, quando a pessoa podia lhe render alguns benefícios, ele a tratava bem, quando não, havia o desprezo.
Não pensem que sinto raiva da pessoa em questão, longe de mim, não sinto raiva de pessoas assim, não evoluídas espiritualmente, ao contrário, sinto desprezo, piedade e indiferença, afinal, como sempre falo, essas pessoas vem e vão embora, nós sempre ficamos.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Abismo
Houve a vacância na superintendência, que passou a ser respondida interinamente pela gerência. O DET-3 estava literalmente dividido em duas salas, o curso de motociclistas precisava decolar e estava concentrado nas mãos das meninas, Silvana, Solange Reis e Leal e do Veloso; o curso de táxi respirava por aparelhos; a SABESP preenchia o curso de DD e havia palestras nas empresas. A minha posição era de diálogo entre os dois grupos, procurava a neutralidade entre as duas posições, mas a supervisão não ajudava a dissipar esse desconforto.
Como simpatizante e eleitor daquela gestão, senti uma profunda decepção com a forma como os gestores caminhavam diante dos acontecimentos. Na minha visão, creio que todos que eram nefandos foram parar na CET e ainda se instalaram no CETET. Ainda continuei apoiando a administração da Marta pelo que era feito em outras esferas da prefeitura, mas se fosse para avaliar pelo que ocorria no interior da CET, não votaria mais no PT para nenhum cargo.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
O retorno
Encontrei uma área dividida. Dois grupos distintos em duas salas diferentes. Evidente que o papel da supervisão seria o de aproximar ambos os grupos, mesclando trabalhos, misturando conhecimentos, ou seja, criando uma nova relação profissional entre os empregados, mas nada disso foi feito e criou-se um abismo na área.
O superintendente demonstrava insatisfação com o Det-3 (deixou de ser Treinamento), no entanto, nada fez que justificasse uma atitude contrária. Sempre que interferiu na chefia da área, fez diferente dos outros departamentos, trazendo gente externa. E também, sempre demonstrou desprezo pelas atividades da área, ora esperava ser ovacionado quando deixou a superintendência para concorrer a Câmara dos Vereadores?
Na festa de confraternização daquele 2001, o superintendente ainda fez um discurso provocativo ao DET-3, dizendo que “jamais conseguiu unir o grupo”; ele expôs todo o departamento sem nenhuma necessidade. Como resposta recebeu um boicote geral a sua festa de aniversário, que ocorreu 5 dias após a festa de natal. Na ocasião eu estava respondendo pela supervisão, já que a titular estava em férias, e em apoio à iniciativa da área também não compareci na festa de aniversário.
sábado, 7 de novembro de 2009
Antônio Gonçalves Dias
Canção do Tamoio
I
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
II
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
V
E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
VI
Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.
VII
E a mão nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!
VIII
Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.
IX
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.
X
As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
11 de maio de 2001 – afastamento por acidente de trabalho
O resultado foi apresentado ao gerente, Jeter, que ao que tudo indicava tinha outros planos. A efetivação da Maria Helena seria a mudança menos traumática, afinal, em outras áreas as chefias anteriores foram substituídas por pessoas de dentro da própria equipe, por que então com o Treinamento teria que ser diferente? Mesmo com essa consideração a gerência e superintendência ignoraram isso e colocaram uma pessoa estranha na chefia.
No meio da crise, exatamente no dia 11 de maio de 2001, ao sair do CETET com meu filho Rafael, que era estagiário de Pesquisa, não sabemos como ocorreu, a cadeira virou e eu bati violentamente a cabeça no chão, provocando um TC com rompimento dos nervos de olfato e paladar. Fui atendido no P S São Camilo e isso provocou meu afastamento. Se isso não fosse suficiente, ainda fui submetido a duas cirurgias de emergência, deixando-me fora de combate por 5 meses.
Durante meu período de afastamento nossa área foi agraciada com a indicação de uma pessoa externa, que não era exatamente o perfil de chefia que a equipe precisava, entretanto, quando o gerente demonstra insensatez, incompetência e intolerância, a equipe sofre os efeitos.