Jânio foi um prefeito que marcou muito a CET, portanto, fazer qualquer análise da CET sem mencionar a gestão da prefeitura e sua figura emblemática ficaria incompleta.
Lembro-me que numa entrevista que Jânio concedeu à Rede Manchete (atual Rede TV): questionado sobre o programa de governo que iria adotar na prefeitura, respondeu mais de uma vez: "Eu sou o programa." Ao mesmo tempo, fez muitas promessas e acabou definindo um programa "informal" que incluía o retorno dos velhos bondes, a criação de uma guarda municipal, a implantação do monotrilho e a transferência da companhia do metrô para a prefeitura. Comprometeu-se, ainda, a criar subprefeituras a ele diretamente subordinadas e não mais administrações regionais, e que elas agiriam com total independência, inclusive orçamentária. A ideia era manter uma administração municipal aberta à população como no passado, quando Jânio recebia as pessoas no seu gabinete, retomando as audiências públicas, a exemplo do que fez quando prefeito em 1953, segundo consta no livro “O governo Jânio Quadros”, de Maria Vitória Benevides. Essas audiências públicas não aconteciam como previsto, era necessário conhecimento com algum vereador, como o Brasil Vita, por exemplo.
Sua administração foi marcada por medidas de impacto e por manifestações de protestos. Já nos primeiros meses de sua gestão, Jânio anunciou a decisão de demitir 12 mil servidores municipais. Em reação, foi realizada uma manifestação de protesto que reuniu cerca de mil funcionários públicos em frente ao gabinete do prefeito, no parque Ibirapuera (fonte: Almanaque Folha). O objetivo era conseguir uma audiência com Jânio, visando a revogação dos decretos que definiam a dispensa dos servidores. Evidentemente que a CET seria afetada por essa decisão.
Por algum motivo Jânio em inúmeras oportunidades afirmava que não gostava da forma como CET trabalhava. Naquele tempo a CET atuava na engenharia e educação de trânsito, a fiscalização de rua era feita pelo CPTRAN – Comando de Policiamento de Trânsito. No entanto, a educação agia de forma muito tímida, algumas ações pontuais da área de Educação, sob supervisão da Helena Raymundo, os cursos do Treinamento e algumas campanhas. A Engenharia trabalhava melhor, devido a alocação de recursos e assim procurava organizar o trânsito, que já era bem complicado.
O ano de 1987 foi marcado por outras manifestações: tivemos manifestação do MST na Zona Leste da cidade e o que mais nos interessava, manifestações dos servidores pedindo aumento salarial. Algumas greves começaram a pipocar, principalmente nas áreas de educação e saúde.
A CET ficava inerte nesse meio, a repressão interna dentro da empresa era muito forte, qualquer reivindicação por salário ou condição de trabalho renderia demissão.
Mas, independente de qualquer situação, as demissões em massa chegaram na CET.
Portanto, com um olhar mais crítico nos dias atuais, observo que aquele momento de terror pelo qual passamos, correndo para ver se seu nome estava no Diário Oficial não era um ato isolado da CET, era isto sim, um ato contra toda a Administração Pública e a nossa empresa estava no contexto geral daquela gestão, porém, que ele tinha uma reserva contra a CET, isso havia mesmo.
Meu nome é Ari Vieira, sou especializado em educação para pessoas com deficiência pela PUCSP. Quero ajudar os docentes a debater o tema inclusão das pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida nas escolas. O blog será também uma importante ferramenta de consulta para quem for implantar a temática da inclusão na mobilidade urbana.
Ally e Ryan
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
A CET no contexto da gestão Jânio Quadros
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