Primeiramente, temos que enfrentar alguns dos mitos que foram sendo criados em nossa história político-educacional:
o surdo é agressivo e atrapalha o andamento da aula;
o deficiente intelectual não aprende e atrapalha o andamento da aula;
o deficiente intelectual é chato, pegajoso, não respeita limites;
o cego é meio “por fora” e “molão”, de forma que nem aproveita muito das aulas;
a criança que tem paralisia cerebral é perigosa, agressiva, não dá para conviver com outras crianças;
a criança que tem paralisia cerebral é retardada, nunca vai aproveitar nada do ensino em uma classe regular;
as crianças com deficiência têm inúmeros problemas de comportamento;
as crianças com deficiência têm problemas e necessitam de cuidados que só os educadores especiais são capazes de dar;
as crianças com deficiência são dependentes e incapazes de fazer qualquer coisa sozinhas.
Ora, vamos pensar um pouco... se você não escutasse, não se comunicasse verbalmente e ninguém conhecesse os gestos com os quais você estivesse acostumado a se comunicar em casa, em sua família, ou em sua classe especial, como você se sentiria? Seria muito ruim, não é verdade?
Além disso, se cada vez que você estivesse tentando se comunicar, as pessoas olhassem para você com medo, com horror, ou mesmo fugissem de você (porque você está emitindo sons sem sentido, altos, que você mesmo não escuta), como seria?
Bem, as cenas acima descritas não seriam reais para todos os surdos, porque:
• há surdos que aprenderam a leitura labial;
• há os que estão oralizados (falam);
• há os que se utilizam da língua brasileira de sinais para se comunicar;
• há os que emitem sons estridentes;
• há os mais tímidos, que se fecham em seu silêncio;
• há os que são mais agitados, bem como os mais tranqüilos;
• há os que já foram alfabetizados e os ainda não alfabetizados.
O que poderiam ter em comum, no que se refere às necessidades educacionais que apresentam?
• Bem, todos se beneficiariam da aprendizagem da língua brasileira de sinais, bem como da disponibilidade dessa via de comunicação em sua escolaridade.
Essa seria uma necessidade educacional especial, já que determinada pela presença de uma deficiência, no caso, a auditiva.
• No mais, cada surdo, como qualquer outro aluno, terá suas necessidades educacionais específicas, que devem ser identificadas pelo professor como tarefa inerente ao processo de ensinar, essencial para a elaboração de seu Plano de Ensino!
Da mesma forma, o aluno com deficiência intelectual... Não é verdade que ele não aprende! Enquanto for ensinado, aprenderá. ESSENCIAL é PLANEJAR... Há que se elaborar um plano de ensino que permita TAMBÉM ao aluno com deficiência intelectual alcançar os objetivos a que a educação brasileira se propõe alcançar!
É verdade que alguns encontrarão muita dificuldade em lidar com abstrações. É verdade, também, que outros apresentarão limitações significativas no armazenamento de informações já apreendidas (memória). É verdade, ainda, que muitos necessitarão de um acompanhamento mais individualizado que outras crianças. Mas também é verdade que muitos têm uma memória fabulosa! Que outros têm uma habilidade marcante para determinadas atividades ou tarefas. Além disso, tudo o que se expôs acima seria realmente característica exclusiva do aluno com deficiência? Bem o sabemos que não...
Veja, os surdos não são todos iguais! Nem têm as mesmas necessidades
educacionais! Da mesma forma, os cegos, os que têm visão subnormal, as pessoas com deficiência intelectual, os que têm altas habilidades, as pessoas com deficiência física, etc.
Há necessidades que são mais comuns em pessoas que têm algum tipo de deficiência, mas que não são restritas a essas pessoas!
E ser educador é, como você bem o sabe e vivencia, buscar conhecer cada vez mais cada um de seus alunos, procurando as alternativas pedagógicas que melhor possam atender às suas peculiaridades e necessidades no processo de mediação da construção do conhecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário